|
|
Utilizando uma metodologia da OCDE, o levantamento do IEDI sobre
a balança comercial brasileira de bens tipicamente produzidos
pela indústria de transformação mostra que
em 2012 houve déficit recorde de US$ 50,6 bilhões.
No ano anterior, a balança ficou deficitária em
US$ 48,7 bilhões. Em 2012 os bens da indústria de
transformação responderam por 59,5% da pauta exportadora,
a segunda menor participação da série iniciada
em1989. Só o ano de 2011 experimentou participação
menor. Aliás, de 2005 a 2011, a parcela dos produtos da
indústria de transformação declinou ininterruptamente.
Os demais
produtos, basicamente minerais e agropecuários, lograram
novamente mais do que contrabalançar o déficit das
mercadorias da indústria de transformação.
Deste modo, o intercâmbio de bens do País ficou superavitário
em US$ 19,4 bilhões em 2012. Em dez anos, foi o menor saldo
da balança.
-
O
comércio dos de alta intensidade tecnológica teve
déficit de US$ 29,3 bilhões em 2012. A grandeza
deste déficit só foi superada pela registrada
em 2011. Bens de informática e de escritório,
assim como equipamentos médicos, óticos e de precisão
presenciaram déficits em nível sem igual na série
iniciada em 1989. Mas o maior déficit desta faixa continua
sendo dos aparelhos de áudio, vídeo e telecomunicações
e componentes. Já os bens do ramo aeronáutico
persistem como exceção: saldo positivo e melhora
frente a 2011.
-
O
maior déficit dentre os quatro segmentos coube ao de
média-alta: - US$ 54,5 bilhões, déficit
sem igual para esta faixa na série. O déficit
de produtos automobilísticos, de máquinas e equipamentos
e de produtos químicos (exceto farmacêuticos) atingiram
níveis sem iguais.
-
Para
as mercadorias de média-baixa intensidade tecnológica,
estas tiveram, pelo terceiro ano consecutivo, saldo negativo,
de US$ 7,8 bilhões. O superávit dos produtos metálicos
não tem conseguido mais contrabalançar o déficit
em produtos derivados do petróleo refinado, álcool
e afins, como costumava ocorrer.
-
A
faixa de bens típicos da indústria de baixa intensidade
tecnológica logrou o único e significativo superávit
em 2012: de US$ 40,9 bilhões. Apesar de tanto, o superávit
declinou frente a 2011. Neste grupo, mesmo o expressivo superávit
de alimentos industrializados, bebidas e fumo recuou. Acresça-se
que prosseguiu a deterioração do saldo dos bens
intensivos em trabalho – têxteis, vestuário
e calçados.
Se, por um
lado, o déficit de bens da indústria de transformação
não deve ser tomado per se como algo negativo, deve-se
constatar que a reação esperada por conta da depreciação
cambial em 2012 não vem ocorrendo, pelo menos por enquanto.
Falta, talvez, ao governo coordenar melhor as medidas em prol
da exportação. Quanto às medidas de proteção,
estas devem ser feitas, mas com o máximo de clareza quanto
ao tempo de duração, frisando-se que uma redução
nas alíquotas de importação de bens protegidos
pode ser usada em prol de uma inflação menor. Há
de se reconhecer, contudo, o mérito da redução
na taxa de juros e o fato das autoridades públicas estarem
inquietas acerca do baixo dinamismo da economia.
Tarefa mais
árdua, mas cada vez necessária, ao setor público
e aos agentes privados será a de prospecção
externa de oportunidades de negócio em linha com os delineamentos
sobre o que o Brasil quer ser em meio ao cenário dos anos
vindouros. Espaços produtivos ocupados por competidores
ávidos – chineses, sendo o exemplo óbvio –
e premência de se conciliar crescimento com questões
ambientais são algumas das questões a contingenciar
as decisões acerca do papel que o País almeja no
plano produtivo global. Enquanto isto, faz-se mister destravar
os investimentos públicos.
|
|
|