21 de janeiro de 2013

Comércio Exterior
O Comércio Exterior de Bens Industriais em 2012


   

 
Utilizando uma metodologia da OCDE, o levantamento do IEDI sobre a balança comercial brasileira de bens tipicamente produzidos pela indústria de transformação mostra que em 2012 houve déficit recorde de US$ 50,6 bilhões. No ano anterior, a balança ficou deficitária em US$ 48,7 bilhões. Em 2012 os bens da indústria de transformação responderam por 59,5% da pauta exportadora, a segunda menor participação da série iniciada em1989. Só o ano de 2011 experimentou participação menor. Aliás, de 2005 a 2011, a parcela dos produtos da indústria de transformação declinou ininterruptamente.

Os demais produtos, basicamente minerais e agropecuários, lograram novamente mais do que contrabalançar o déficit das mercadorias da indústria de transformação. Deste modo, o intercâmbio de bens do País ficou superavitário em US$ 19,4 bilhões em 2012. Em dez anos, foi o menor saldo da balança.

  • O comércio dos de alta intensidade tecnológica teve déficit de US$ 29,3 bilhões em 2012. A grandeza deste déficit só foi superada pela registrada em 2011. Bens de informática e de escritório, assim como equipamentos médicos, óticos e de precisão presenciaram déficits em nível sem igual na série iniciada em 1989. Mas o maior déficit desta faixa continua sendo dos aparelhos de áudio, vídeo e telecomunicações e componentes. Já os bens do ramo aeronáutico persistem como exceção: saldo positivo e melhora frente a 2011.
  • O maior déficit dentre os quatro segmentos coube ao de média-alta: - US$ 54,5 bilhões, déficit sem igual para esta faixa na série. O déficit de produtos automobilísticos, de máquinas e equipamentos e de produtos químicos (exceto farmacêuticos) atingiram níveis sem iguais.
  • Para as mercadorias de média-baixa intensidade tecnológica, estas tiveram, pelo terceiro ano consecutivo, saldo negativo, de US$ 7,8 bilhões. O superávit dos produtos metálicos não tem conseguido mais contrabalançar o déficit em produtos derivados do petróleo refinado, álcool e afins, como costumava ocorrer.
  • A faixa de bens típicos da indústria de baixa intensidade tecnológica logrou o único e significativo superávit em 2012: de US$ 40,9 bilhões. Apesar de tanto, o superávit declinou frente a 2011. Neste grupo, mesmo o expressivo superávit de alimentos industrializados, bebidas e fumo recuou. Acresça-se que prosseguiu a deterioração do saldo dos bens intensivos em trabalho – têxteis, vestuário e calçados.

Se, por um lado, o déficit de bens da indústria de transformação não deve ser tomado per se como algo negativo, deve-se constatar que a reação esperada por conta da depreciação cambial em 2012 não vem ocorrendo, pelo menos por enquanto. Falta, talvez, ao governo coordenar melhor as medidas em prol da exportação. Quanto às medidas de proteção, estas devem ser feitas, mas com o máximo de clareza quanto ao tempo de duração, frisando-se que uma redução nas alíquotas de importação de bens protegidos pode ser usada em prol de uma inflação menor. Há de se reconhecer, contudo, o mérito da redução na taxa de juros e o fato das autoridades públicas estarem inquietas acerca do baixo dinamismo da economia.

Tarefa mais árdua, mas cada vez necessária, ao setor público e aos agentes privados será a de prospecção externa de oportunidades de negócio em linha com os delineamentos sobre o que o Brasil quer ser em meio ao cenário dos anos vindouros. Espaços produtivos ocupados por competidores ávidos – chineses, sendo o exemplo óbvio – e premência de se conciliar crescimento com questões ambientais são algumas das questões a contingenciar as decisões acerca do papel que o País almeja no plano produtivo global. Enquanto isto, faz-se mister destravar os investimentos públicos.

 

 

 

 

 

 

 

 

 

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