Esperava-se que, no último trimestre de 2012, a indústria
brasileira mostrasse alguma reação e começasse
a apresentar melhores resultados, mas não é o que
os dados do IBGE dizem. Em novembro, a produção
industrial recuou 0,6%, reflexo da retração das
atividades produtivas em todos os grandes setores da indústria:
–1,1% em bens de capital, –1,0% em bens intermediários
e em bens de consumo duráveis e –0,1% em bens de
consumo semi e não duráveis. Além disso,
a variação expressiva de outubro (+0,9%), que tinha
sido muito bem-vinda, foi revista pelo IBGE e reduzida para 0,1%
– todas as taxas com relação ao mês
imediatamente anterior, com ajuste sazonal.
Portanto,
já se pode dizer que o ano de 2012 será um dos piores
anos para a indústria brasileira (a produção
fechará em queda de aproximadamente 2,5%), lembrando que
2011 foi um ano muito fraco (aumento de 0,4% da produção).
Pior: esses resultados decepcionantes do quarto trimestre de 2012
ainda não confirmam a expectativa de retorno de um razoável
crescimento da indústria em 2013, o que seria indispensável
para que nesse ano o PIB voltasse a crescer em melhores bases
do que no ano passado. A indústria nacional vive uma crise
de difícil saída, caracterizada pela sua baixa competitividade
e reduzida taxa de investimentos.
A dimensão
dessa crise aparece nos números do IBGE. No período
janeiro-novembro de 2012, a produção do setor de
bens de capital caiu 11,6%; a de bens de consumo duráveis,
3,3%; a de bens intermediários, 1,6%; e a de bens de consumo
semi e não duráveis, 0,3%. Em termos mais desagregados,
a produção industrial recuou em dezessete das vinte
e sete atividades pesquisadas pelo IBGE. As maiores contribuições
negativas foram observadas em veículos automotores (–13,3%),
material eletrônico, aparelhos e equipamentos de comunicações
(–13,6%), alimentos (–2,1%), metalurgia básica
(–4,2%), edição, impressão e reprodução
de gravações (–5,6%), máquinas para
escritório e equipamentos de informática (–13,3%),
máquinas e equipamentos (–2,9%), máquinas,
aparelhos e materiais elétricos (–5,6%) e vestuário
e acessórios (–10,5%).
Essa crise
é estrutural. Ela precisa ser atacada, desde já,
de modo correto. À indústria, cabe direcionar seus
esforços, cada vez mais, para a inovação
e os ganhos de produtividade. Ao governo, manter um ambiente competitivo,
assentado: numa política econômica que não
permita valorizações excessivas do real; em ações
efetivas para reduzir os custos sistêmicos do País;
e em medidas de estímulo e indução dos investimentos
privados. 2012 não é um ano para se esquecer. Espera-se
que ele seja lembrado como um ano em que se reconheceram as fragilidades
da economia nacional e que, a partir daí, o Brasil empenhou-se
para revigorar, modernizar e ampliar seu parque produtivo, o qual,
certamente, continuará a desempenhar papel relevante e
indispensável para o crescimento futuro do País.
Leia
aqui o texto completo desta Análise.