4 de janeiro de 2013

Indústria
2012: um ano para não ser esquecido


  

 
Esperava-se que, no último trimestre de 2012, a indústria brasileira mostrasse alguma reação e começasse a apresentar melhores resultados, mas não é o que os dados do IBGE dizem. Em novembro, a produção industrial recuou 0,6%, reflexo da retração das atividades produtivas em todos os grandes setores da indústria: –1,1% em bens de capital, –1,0% em bens intermediários e em bens de consumo duráveis e –0,1% em bens de consumo semi e não duráveis. Além disso, a variação expressiva de outubro (+0,9%), que tinha sido muito bem-vinda, foi revista pelo IBGE e reduzida para 0,1% – todas as taxas com relação ao mês imediatamente anterior, com ajuste sazonal.

Portanto, já se pode dizer que o ano de 2012 será um dos piores anos para a indústria brasileira (a produção fechará em queda de aproximadamente 2,5%), lembrando que 2011 foi um ano muito fraco (aumento de 0,4% da produção). Pior: esses resultados decepcionantes do quarto trimestre de 2012 ainda não confirmam a expectativa de retorno de um razoável crescimento da indústria em 2013, o que seria indispensável para que nesse ano o PIB voltasse a crescer em melhores bases do que no ano passado. A indústria nacional vive uma crise de difícil saída, caracterizada pela sua baixa competitividade e reduzida taxa de investimentos.

A dimensão dessa crise aparece nos números do IBGE. No período janeiro-novembro de 2012, a produção do setor de bens de capital caiu 11,6%; a de bens de consumo duráveis, 3,3%; a de bens intermediários, 1,6%; e a de bens de consumo semi e não duráveis, 0,3%. Em termos mais desagregados, a produção industrial recuou em dezessete das vinte e sete atividades pesquisadas pelo IBGE. As maiores contribuições negativas foram observadas em veículos automotores (–13,3%), material eletrônico, aparelhos e equipamentos de comunicações (–13,6%), alimentos (–2,1%), metalurgia básica (–4,2%), edição, impressão e reprodução de gravações (–5,6%), máquinas para escritório e equipamentos de informática (–13,3%), máquinas e equipamentos (–2,9%), máquinas, aparelhos e materiais elétricos (–5,6%) e vestuário e acessórios (–10,5%).

Essa crise é estrutural. Ela precisa ser atacada, desde já, de modo correto. À indústria, cabe direcionar seus esforços, cada vez mais, para a inovação e os ganhos de produtividade. Ao governo, manter um ambiente competitivo, assentado: numa política econômica que não permita valorizações excessivas do real; em ações efetivas para reduzir os custos sistêmicos do País; e em medidas de estímulo e indução dos investimentos privados. 2012 não é um ano para se esquecer. Espera-se que ele seja lembrado como um ano em que se reconheceram as fragilidades da economia nacional e que, a partir daí, o Brasil empenhou-se para revigorar, modernizar e ampliar seu parque produtivo, o qual, certamente, continuará a desempenhar papel relevante e indispensável para o crescimento futuro do País.

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