7 de dezembro de 2012

Indústria Regional
Crescimento no núcleo industrial


   

 
Infelizmente, não se trata de um crescimento generalizado, mas os dados divulgados hoje pelo IBGE mostram que os três principais núcleos industriais do País voltaram a apresentar desempenhos positivos em outubro, após o “tropeço” de setembro. De fato, embora em somente sete dos catorze locais pesquisados pelo IBGE a produção industrial tenha aumentado na passagem de setembro para outubro, destacam-se os avanços expressivos registrados em Minas Gerais (2,8%), Rio de Janeiro (3,0%) e São Paulo (1,6%) – taxas de variação de outubro com relação a setembro, com ajuste sazonal.

Essa é uma boa notícia, sobretudo após o “desolador” mês de setembro, quando a produção industrial recuou em doze locais na comparação com agosto. Os dados do IBGE também possibilitam identificar os tão esperados sinais de recuperação da indústria nacional de um ponto de vista regional. Ou ainda, após quatro meses de recuperação da produção industrial a nível nacional – iniciada em julho deste ano –, é possível traçar o perfil desta evolução nas diferentes localidades do País e observar onde, realmente, essa recuperação vem ocorrendo e onde ela não se mostra presente. Veremos que a recuperação está longe de ser disseminada pelo País, o que não é positivo, mas abrange os principais centros industriais brasileiros, Minas, Rio e São Paulo, o que é um fator favorável.

  • Amazonas. A indústria amazonense está em “crise aberta”. Das dez variações da produção industrial registradas neste ano até outubro (variações “na margem”, isto é, mês contra mês imediatamente anterior com ajuste sazonal), nove foram negativas. Em outubro, a retração foi de 3,5% e, no acumulado do ano até outubro, a indústria do Amazonas amarga forte queda de 7,5%, com perfil generalizado: nove das onze atividades pesquisadas apontaram queda na produção. Os destaques negativos no ano são: outros equipamentos de transporte (–19,6%), material eletrônico, aparelhos e equipamentos de comunicações (–7,1%), máquinas e equipamentos (–13,7%), refino de petróleo e produção de álcool (–14,2%) e edição, impressão e reprodução de gravações (–7,9%).
     
  • Nordeste. A produção da indústria da região Nordeste vem oscilando muito ao longo do ano. A partir de julho, o desempenho da produção nordestina veio se mostrando bastante fraco e fechou outubro com queda muito forte (0,2%, 0,6%, 0,0% e –5,8%, de julho a outubro, nessa ordem – variações na margem). Portanto, a indústria do Nordeste não se mostra em uma clara recuperação. A despeito disso, sua taxa de crescimento no acumulado do ano até outubro é positiva (1,1%), o que não se configura, vale apontar, como um movimento generalizado, já que somente cinco dos onze setores pesquisados apresentaram expansão na produção. Principais impactos positivos no ano: produtos químicos (7,2%), minerais não metálicos (5,1%), calçados e artigos de couro (3,5%), celulose, papel e produtos de papel (2,2%) e alimentos e bebidas (0,4%).
     
  • Minas Gerais. A situação da produção industrial em Minas vem melhorando já a partir de junho. Com exceção de setembro, as taxas de variação (na margem) da produção da indústria mineira são positivas e, relativamente, expressivas no período junho-outubro: 1,4%, 0,1%, 3,4%, –0,3% e 2,8%, nessa ordem. O quadro da indústria é muito melhor no estado mineiro e parece apontar para uma recuperação mais consistente nos próximos meses; embora, vale assinalar, o resultado de outubro esteja mais influenciado pelo crescimento da indústria extrativa mineral (ferro) e menos pela indústria de transformação. No ano até outubro, o desempenho da produção industrial em Minas é positivo (1,0%), influenciado em grande medida pelo avanço na produção de outros produtos químicos (19,9%), veículos automotores (3,5%) e refino de petróleo e produção de álcool (5,8%).
     
  • Espírito Santo. Oscilando ao longo do ano, a produção industrial capixaba foi recuando a partir de julho (–0,5%, –1,8% e –4,5%, de julho a setembro, nessa ordem) e cresceu 12,3% em outubro, resultado fortemente explicado pelo desempenho da extrativa mineral (ferro). Assim como no Nordeste, não se visualiza um movimento de recuperação no Espírito Santo, mas sabe-se que sua indústria como um todo dependerá muito do desempenho da indústria extrativa e do setor de metalurgia neste final de ano. No acumulado dos dez primeiros meses de 2012, a produção da indústria capixaba recuou 5,8%, devido sobretudo à retração de 41,8% observada no setor de metalurgia básica e de 0,3% no setor extrativo.
     
  • Rio de Janeiro. A indústria fluminense está em recuperação. Após o “tropeço” de setembro (–2,5%), sua produção industrial cresceu, na margem, 3,0% em outubro. Um resultado bom, que, se mantido nos dois últimos meses do ano, poderia reverter/amenizar a queda da produção bastante acentuada registrada no acumulado do ano até outubro: –6,2%.
     
  • São Paulo. Assim como no Rio, a produção industrial paulista dá sinais de recuperação. O crescimento de 1,6% de outubro mais do que repõe a retração de 0,8% registrada em setembro e colaborou para diminuir a queda acumulada ao longo deste ano: que era de –5,3% até setembro e passou para –4,4% em outubro.
     
  • Paraná. Dando sinais de recuperação a partir de julho, a indústria paranaense também recuou em setembro (–3,1%), mas voltou a crescer em outubro (2,2%) e provavelmente reverterá o sinal negativo no acumulado do ano até outubro (–1,3%) – o que dependerá muito do desempenho dos setores de veículos automotores e de outros produtos de químicos (fertilizantes) nos dois meses finais de 2012.
     
  • Santa Catarina e Rio Grande do Sul. A recuperação não chegou nos dois estados mais ao extremo sul do País. No período julho-outubro, as taxas de variação da produção industrial em Santa Catarina e no Rio Grande do Sul foram, respectivamente, –0,1%, 0,3%, –2,2%, –0,3% e 0,0%, 4,2%, –0,6%, –5,4% (sempre na ordem julho a outubro). Nos dez primeiros meses do ano, a produção industrial em Santa Catarina e Rio Grande do Sul são negativas: –2,9% e –3,6%, respectivamente.
      

 
De acordo com os dados divulgados pela Pesquisa Industrial Mensal – Regional do IBGE, na passagem de setembro para outubro a produção industrial cresceu em sete dos catorze locais pesquisados. Os avanços mais acentuados foram registrados nos estados de Goiás (15,5%), eliminando o recuo de 3,7% assinalado no mês anterior, e Espírito Santo (12,3%), que interrompeu três meses consecutivos de queda na produção, período em que acumulou perda de 6,6%. Pará (3,1%), Rio de Janeiro (3,0%), Minas Gerais (2,8%), Paraná (2,2%) e São Paulo (1,6%). Por outro lado, os recuos podem ser observados nos estados de: Pernambuco (–7,9%), Região Nordeste (–5,8%), Rio Grande do Sul (–5,4%), Amazonas (–3,5%), Ceará (–3,1%), Bahia (–1,4%) e Santa Catarina (–0,3%).

Na comparação mês contra mesmo mês do ano anterior, sete dos 14 mostraram expansão na produção em outubro. Os avanços mais intensos podem ser observados nos estados do Goiás (16,7%), Minas Gerais (9,9%), Espírito Santo (4,0%), São Paulo (3,1%) e Pará (2,5%), completando assim o conjunto de locais que assinalaram expansões mais intensas do que a da média nacional, enquanto Santa Catarina (1,2%) e Bahia (1,0%) mostraram avanços mais moderados. Por outro lado, Amazonas (–11,4%), Grande do Sul (–6,3%), Pernambuco (–5,7%), Paraná (–5,4%), Ceará (–5,0%), Região Nordeste (–2,8%) e Rio de Janeiro (–2,2%), apontaram recuos no confronto com igual mês do ano anterior.

A produção industrial acumulada nos dez primeiros meses de 2012 apresentou queda em nove das quatorze localidades. Cinco locais recuaram acima da média nacional (–2,9%): Amazonas (–7,5%), Rio de Janeiro (–6,2%), Espírito Santo (–5,8%), São Paulo (–4,4%) e Rio Grande do Sul (–3,6%). As demais taxas negativas foram: Santa Catarina (–2,9%), Ceará (–2,5%), Paraná (–1,3%) e Pará (–0,6%). Nesses locais, o menor dinamismo foi particularmente influenciado pelos setores relacionados à redução na fabricação de bens de consumo duráveis (motos, aparelhos de ar–condicionado, fornos de micro–ondas, telefones celulares, relógios e automóveis) e de bens de capital (especialmente para equipamentos de transporte e para construção), além da menor produção vinda dos setores extrativos (minérios de ferro), têxtil, vestuário e metalurgia básica. Por outro lado, os avanços podem ser observados nos estados de: Goiás (5,0%), Bahia (2,3%), Pernambuco (1,9%), Região Nordeste (1,1%) e Minas Gerais (1,0%).

 

 
Rio Grande do Sul. Em outubro, frente setembro, com dados já descontados dos efeitos sazonais, a produção industrial gaúcha apresentou recuo de 5,4%. No confronto com outubro de 2011, constatou–se recuo de 6,3%, taxa influenciada principalmente pelos setores: outros produtos químicos (–18,4%), veículos automotores (–16,0%) e alimentos (–5,9%). Em sentido oposto, os setores a apresentar avanço foram: refino de petróleo e produção de álcool (33,1%) e máquinas e equipamentos (19,4%). No acumulado no ano de 2012, a produção industrial obteve queda de 3,6%. Com destaque para o recuo nos setores de: metalurgia básica (–19,0%), veículos automotores (–16,5%) e fumo (–14,4%). Por outro lado os setores de máquinas e equipamentos (15,2%) e refino de petróleo e produção de álcool (8,9%) apresentaram alta em seu crescimento.

Amazonas. Em outubro, a indústria amazonense apresentou recuo de (3,5 %), com dados livres de efeitos sazonais. Na comparação mensal (mês/ mesmo mês do ano anterior), o estado registrou queda de 11,4%, taxa impulsionada pelos setores de: alimentos e bebidas (–26,9%), outros equipamentos de transporte (–35,6%) e refino de petróleo e produção de álcool (–41,0%). Por outro lado, as contribuições negativas podem ser observada pelos setores de máquinas e equipamentos (23,5%) e equipamentos instrumentação médico–hospitalares, o´pticos e outros (17,3%). No acumulado no ano de 2012 a produção industrial recuou (7,5%), com destaque para a queda nos setores de: outros equipamentos de transporte (–19,6%), refino de petróleo e produção de álcool (–14,2%) e máquinas e equipamentos (–13,7%). Já os setores de produtos químicos (13,2%) e alimentos e bebidas (1,8%), foram responsáveis pelas variações negativas.

Goiás. Em outubro, frente setembro, com dados já descontados dos efeitos sazonais, a produção industrial goiana apresentou alta de 15,5%. No confronto com outubro de 2011, constatou–se avanço de 16,7%, taxa influenciada pelos setores: produtos químicos (57,3%), minerais não metálicos (24,0%), indústrias extrativas (12,1%), metalurgia básica (1,7%) e alimentos e bebidas (0,2%). No acumulado no ano de 2012 a produção industrial avançou (5,0%), com destaque para a alta de crescimento no setor de produtos químicos (20,0%), minerais não metálicos (6,9%), metalurgia básica (7,2%) e indústrias extrativas (2,1%). A única contribuição positiva veio do setor de alimentos e bebidas (–2,6%).

 

 

 

 

 

 

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