A Análise do IEDI sobre o resultado do PIB no terceiro
trimestre estará concluída em breve. No entanto,
uma pre-analise já pode assinalar alguns traços
de muito relevo nos dados hoje divulgados pelo IBGE. Primeiramente,
o aumento de 0,6% com relação ao trimestre anterior
(aumentos de 0,2% e 0,1% nos dois trimestres anteriores) acena
com uma melhora, mas frustrou expectativas e é revelador
de que a economia não tem força, pelo menos nessa
etapa inicial em que mostra algum sinal de recuperação
de uma estagnação que a acompanhou por mais de um
ano.
Mais do que
é indicado pela magnitude do crescimento no trimestre em
tela, o baixo dinamismo econômico sobressai na análise
qualitativa. O melhor índice de crescimento não
veio primordialmente nem da aceleração do consumo
(0,9% no terceiro trimestre, contra 0,7% no segundo trimestre)
e muito menos do fortalecimento das inversões, que na verdade
aprofundaram sua queda (-2,0% e -1,6%), mas, sim, de uma queda
muito acentuada das importações de bens e serviços
(-6,5% e -1,5%). As exportações de bens e serviços
tiveram desempenho melhor, mas o aumento no trimestre em foco
foi ainda baixo, 0,2% (-3,5% no trimestre anterior).
Pode ser que
o câmbio mais favorecedor da produção doméstica
já esteja fazendo efeito na competitividade da economia,
mas, a nosso ver, a redução muito forte das importações
reflete muito mais o retrocesso ou baixo dinamismo de setores
especialmente afetados pela conjuntura adversa da economia e que
são muito dependentes de importações. Medidas
de contenção das importações através
de mecanismos de defesa comercial e aumento de impostos sobre
a importação podem ter também contribuído
para o resultado.
A fraqueza
da recuperação da economia brasileira tem como principal
determinante o comportamento do investimento. Os dados do terceiro
trimestre evidenciam dois fatos do maior significado:
a)
A gravidade da crise industrial que causou grande declínio
do investimento da indústria e contagiou o investimento
de outros setores da economia. A indústria melhorou o seu
desempenho no terceiro trimestre (1,1%, contra -1,8% no trimestre
anterior), mas é cedo para que isso tenha reflexo nas decisões
de investir dos empresários.
b)
A incapacidade de reação autônoma do investimento
do setor público e a consequente indução
à recuperação do investimento global.
A orientação
da política econômica deve mudar rapidamente. Todo
apoio e incentivo devem ser dados ao investimento empresarial.
E a remoção de obstáculos ao investimento
público, incluindo os limites de financiamento que a Petrobras
vem sofrendo, deve merecer prioridade absoluta. Uma maior interlocução
com os agentes da sociedade que contribuem ou comandam as execuções
dos investimentos deveriam também merecer atenção
por parte do governo.