26 de novembro de 2012

Indústria
Comércio e indústria


  

 
As vendas do varejo brasileiro cresceram 8,9% em termos reais nos três primeiros trimestres deste ano sobre igual período do ano passado, contra uma evolução de 6,7% no ano como um todo de 2011. Esta é uma indicação de que está em curso uma aceleração do nível de atividade do setor no corrente ano. Os dados são referentes ao "comércio restrito" de bens, não englobando o comércio de automóveis, autopeças e de material de construção. Considerando o "varejo ampliado", que inclui estas atividades, o avanço no ano é inferior, mas, mesmo assim, muito expressivo: 7,8%.

Ainda que o desempenho do último trimestre de 2012 venha a ser mais fraco, o resultado deste ano será excepcional porque se dá em um contexto de aumento de apenas 1,5% do PIB e de um impulso modesto do crédito ao consumidor se comparado aos anos anteriores. O dinamismo do varejo é indicativo de que o baixo crescimento econômico, que já se impõe pelo segundo ano consecutivo, não se dá por deficiência no consumo de bens.

A análise dos segmentos que mais vêm se destacando é reveladora das atuais tendências de consumo da população. A elevação de vendas no acumulado do ano em "equipamentos e materiais para escritório, informática e comunicação" (+13,5%) e em "móveis e eletrodomésticos" (+13,1%) corresponde à diversificação do consumo por parte das dezenas de milhões de novos consumidores que ingressaram no mercado consumidor desde 2005. Inovações de produto nesses setores (celulares e equipamentos de informática, especialmente) e incentivos tributários, como a redução de IPI na compra de móveis e de bens duráveis da chamada linha branca, concorreram para renovar e intensificar as vendas em 2012.

Em outro setor vale também a observação quanto à diversificação para além do orçamento básico da população como indutora de aumento de vendas: "artigos farmacêuticos, médicos, ortopédicos, de perfumaria e cosméticos", cujo acréscimo real de vendas até setembro chegou a 10,9%. Convém assinalar que em todos os ramos acima o quadro de pronunciada expansão vem se repetindo desde o pós-crise de 2008.

A maior contribuição ao crescimento global do varejo em 2012 veio, no entanto, do segmento mais representativo do consumo familiar de base: "hipermercados, supermercados, produtos alimentícios e bebidas", com variação de 8,9%, taxa esta que foi juntamente com a de 2010 a maior já registrada na pesquisa do varejo do IBGE (desde 2001). O que explica tal reforço dos gastos em alimentos e bebidas em 2012 foi, além da manutenção do crescimento do emprego, a elevação do salário mínimo (+7,5% em termos reais).

Há um contraste muito acentuado entre os índices do varejo e os da indústria, muito embora as duas séries pesquisadas pelo IBGE – ou seja, a série de vendas do varejo e a série de produção industrial – não tenham inteira correspondência. Isto demonstra que, como ocorrera em 2011, a indústria brasileira continua em 2012 sendo incapaz de atender o mercado interno consumidor de bens, cedendo mercados ao produto importado a despeito da taxa de câmbio mais favorável. Em parte isto reflete o acumulo de distorções geradas no passado que somente agora a política econômica resolveu atacar de forma decidida. De outra parte, é reflexo do tempo necessário para que várias políticas já adotadas tenham efeito para reduzir o custo industrial e reposicionar a competitividade da indústria.

Em 2011 os dados de variação do varejo e da produção industrial foram de: 6,7% e 6,6%, respectivamente para o varejo restrito e ampliado, e de 0,4% e -0,5%, para a indústria geral e indústria de bens de consumo; em 2012, no acumulado de janeiro a setembro, o varejo evoluiu 8,9% e 7,8% (varejo restrito e ampliado), enquanto a produção industrial caiu -3,4% e -2% (indústria geral e indústria de bens de consumo).

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