Por seus aspectos nucleares e pela sua abrangência, a retração
da produção industrial registrada em setembro mostra
a fragilidade da indústria nacional em reverter, de modo
mais consistente, seu desempenho bastante pífio dos últimos
anos. De fato, a queda da produção industrial em
setembro (–1,0%, na comparação com agosto
e com ajuste sazonal) ocorreu, de acordo com pesquisas do IBGE,
em segmentos e localidades nucleares da indústria, como,
por exemplo, em veículos (–0,7%), alimentos (–1,9%),
bebidas (–2,2%), produtos químicos (–3,2%)
e máquinas e equipamentos (–4,9%), no primeiro caso,
e nas indústrias do Rio de Janeiro (–2,7%), de Minas
Gerais (–1,4%), e de São Paulo (–1,2%), no
segundo.
Além
disso, o recuo da produção industrial em setembro
foi observado na maioria dos ramos industriais (em dezesseis de
vinte e sete) e na maioria das localidades do País (em
doze de catorze), ou seja, ele é generalizado. Por um lado,
as medidas governamentais direcionadas para a indústria
ainda não geraram os estímulos esperados para colocá–la
numa rota de recuperação para um crescimento mais
robusto. Isso não quer dizer que elas sejam ineficazes;
sem elas, a evolução da indústria brasileira
estaria, muito provavelmente, mais comprometida (mais negativa)
neste ano. Essas ações do Governo devem, portanto,
permanecer.
Por outro
lado, o desempenho da indústria nacional também
segue o andamento da economia brasileira, o qual ainda não
deslancha, bem como reflete a fraca evolução dos
mercados internacionais, que pode ser observada nas taxas modestas
de crescimento das exportações de produtos manufaturados,
e a forte concorrência com os bens importados no mercado
doméstico. De qualquer modo, é mantida a expectativa
de que a indústria comece a apresentar melhores resultados
no final deste ano e início do próximo.
A análise
dos dados de setembro também nos permite debruçar
sobre a situação da produção industrial
no terceiro trimestre deste ano contra o mesmo período
de 2011, nos autorizando assim a fazer um “Raio X”
da situação de crise da indústria que se
revela como ainda bastante grave. Na média geral, a produção
industrial é 2,8% menor no terceiro trimestre deste ano
com relação ao mesmo trimestre do ano passado. Nessa
mesma comparação, podem ser classificados em situação
de “crise aberta” as indústrias do Amazonas
(–8,3%), Pará (–4,8%), Espírito Santo
(–8,7%), Rio de Janeiro (–5,8%), Paraná (–8,6%)
e Goiás (–5,5%).
As indústrias
de São Paulo (–4,1%), Santa Catarina (–3,6%)
e Rio Grande do Sul (–4,3%) estão atravessando uma
crise menos intensa ou uma “retração”,
enquanto a região Nordeste apresenta uma situação
de “estagnação” (0,9%). O único
estado com participação importante na indústria
que esteve em “crescimento” no terceiro trimestre
foi Minas Gerais (+3,1%). A indústria mineira caminhou,
portanto, na contramão das demais indústrias do
País e se valeu, para isso, sobretudo dos seus segmentos
de veículos automotores, outros produtos químicos
e de refino de petróleo e produção de álcool.
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