8 de novembro de 2012

Indústria Regional
Setembro desolador e “Raio X” da crise


   

 
Por seus aspectos nucleares e pela sua abrangência, a retração da produção industrial registrada em setembro mostra a fragilidade da indústria nacional em reverter, de modo mais consistente, seu desempenho bastante pífio dos últimos anos. De fato, a queda da produção industrial em setembro (–1,0%, na comparação com agosto e com ajuste sazonal) ocorreu, de acordo com pesquisas do IBGE, em segmentos e localidades nucleares da indústria, como, por exemplo, em veículos (–0,7%), alimentos (–1,9%), bebidas (–2,2%), produtos químicos (–3,2%) e máquinas e equipamentos (–4,9%), no primeiro caso, e nas indústrias do Rio de Janeiro (–2,7%), de Minas Gerais (–1,4%), e de São Paulo (–1,2%), no segundo.

Além disso, o recuo da produção industrial em setembro foi observado na maioria dos ramos industriais (em dezesseis de vinte e sete) e na maioria das localidades do País (em doze de catorze), ou seja, ele é generalizado. Por um lado, as medidas governamentais direcionadas para a indústria ainda não geraram os estímulos esperados para colocá–la numa rota de recuperação para um crescimento mais robusto. Isso não quer dizer que elas sejam ineficazes; sem elas, a evolução da indústria brasileira estaria, muito provavelmente, mais comprometida (mais negativa) neste ano. Essas ações do Governo devem, portanto, permanecer.

Por outro lado, o desempenho da indústria nacional também segue o andamento da economia brasileira, o qual ainda não deslancha, bem como reflete a fraca evolução dos mercados internacionais, que pode ser observada nas taxas modestas de crescimento das exportações de produtos manufaturados, e a forte concorrência com os bens importados no mercado doméstico. De qualquer modo, é mantida a expectativa de que a indústria comece a apresentar melhores resultados no final deste ano e início do próximo.

A análise dos dados de setembro também nos permite debruçar sobre a situação da produção industrial no terceiro trimestre deste ano contra o mesmo período de 2011, nos autorizando assim a fazer um “Raio X” da situação de crise da indústria que se revela como ainda bastante grave. Na média geral, a produção industrial é 2,8% menor no terceiro trimestre deste ano com relação ao mesmo trimestre do ano passado. Nessa mesma comparação, podem ser classificados em situação de “crise aberta” as indústrias do Amazonas (–8,3%), Pará (–4,8%), Espírito Santo (–8,7%), Rio de Janeiro (–5,8%), Paraná (–8,6%) e Goiás (–5,5%).

As indústrias de São Paulo (–4,1%), Santa Catarina (–3,6%) e Rio Grande do Sul (–4,3%) estão atravessando uma crise menos intensa ou uma “retração”, enquanto a região Nordeste apresenta uma situação de “estagnação” (0,9%). O único estado com participação importante na indústria que esteve em “crescimento” no terceiro trimestre foi Minas Gerais (+3,1%). A indústria mineira caminhou, portanto, na contramão das demais indústrias do País e se valeu, para isso, sobretudo dos seus segmentos de veículos automotores, outros produtos químicos e de refino de petróleo e produção de álcool.

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