5 de novembro de 2012

Indústria
Sinais de fragilidade


  

 
A Carta IEDI de hoje aborda a indústria em setembro, segundo a pesquisa industrial divulgada na última quinta-feira pelo IBGE. A pesquisa mostra que menos em função da magnitude do declínio registrado em setembro (-1% com relação ao mês anterior) e muito mais em razão do leque de segmentos que experimentaram queda de produção – foram dezesseis de um total de vinte e sete ramos –, que a trajetória do setor preocupa. Em particular, declinaram significativamente certos ramos que formam o núcleo da indústria brasileira e respondem por mais de 1/3 de sua produção: veículos (-0,7%), alimentos e bebidas (-2%), produtos químicos (-3,2%) e máquinas e equipamentos (-4,9%).

Isso evidencia que o revés de setembro nem foi episódico nem pontual, mas, sim, teve abrangência e refletiu o que há de mais central em nossa indústria. Sugere ainda uma grande preocupação: possivelmente o setor tem uma fragilidade que o torna menos apto a decolar com a mesma facilidade e sustentação que desfrutou em outras épocas. Tal fragilidade tem origem interna, resultado de custos sistêmicos altos, valorização da moeda e produtividade deficiente. Mas, a causa fundamental que levou à crise da indústria brasileira veio de fora. A crise mundial está longe de estar resolvida, o que aprofundou a disputa entre as economias líderes por mercados de bens industriais ao redor do mundo.

Com enormes problemas que só recentemente começaram a ser tratados pela política econômica, a indústria brasileira progressivamente vai perdendo mercados de exportação e cede parcelas de sua fatia no próprio mercado interno. Segundo o Banco Central (Relatório de Inflação de junho de 2012), 100% do crescimento do mercado brasileiro de bens industriais foi atendido por importação. Nossa avaliação é que o mesmo quadro se apresenta no corrente ano com o agravante de que as vendas externas da indústria que até então cresciam, passaram a declinar.

Em suma, o resultado industrial de setembro traz um alerta: os problemas da economia e da indústria estão intactos a despeito das medidas adotadas pelo governo que, no entanto, precisam de tempo para frutificar. E lança uma dúvida sobre a atual recuperação: ela poderá ser mais modesta e menos regular do que se esperava.

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