A Carta IEDI de hoje aborda
a indústria em setembro, segundo a pesquisa industrial
divulgada na última quinta-feira pelo IBGE. A pesquisa
mostra que menos em função da magnitude do declínio
registrado em setembro (-1% com relação ao mês
anterior) e muito mais em razão do leque de segmentos que
experimentaram queda de produção – foram dezesseis
de um total de vinte e sete ramos –, que a trajetória
do setor preocupa. Em particular, declinaram significativamente
certos ramos que formam o núcleo da indústria brasileira
e respondem por mais de 1/3 de sua produção: veículos
(-0,7%), alimentos e bebidas (-2%), produtos químicos (-3,2%)
e máquinas e equipamentos (-4,9%).
Isso evidencia
que o revés de setembro nem foi episódico nem pontual,
mas, sim, teve abrangência e refletiu o que há de
mais central em nossa indústria. Sugere ainda uma grande
preocupação: possivelmente o setor tem uma fragilidade
que o torna menos apto a decolar com a mesma facilidade e sustentação
que desfrutou em outras épocas. Tal fragilidade tem origem
interna, resultado de custos sistêmicos altos, valorização
da moeda e produtividade deficiente. Mas, a causa fundamental
que levou à crise da indústria brasileira veio de
fora. A crise mundial está longe de estar resolvida, o
que aprofundou a disputa entre as economias líderes por
mercados de bens industriais ao redor do mundo.
Com enormes
problemas que só recentemente começaram a ser tratados
pela política econômica, a indústria brasileira
progressivamente vai perdendo mercados de exportação
e cede parcelas de sua fatia no próprio mercado interno.
Segundo o Banco Central (Relatório de Inflação
de junho de 2012), 100% do crescimento do mercado brasileiro de
bens industriais foi atendido por importação. Nossa
avaliação é que o mesmo quadro se apresenta
no corrente ano com o agravante de que as vendas externas da indústria
que até então cresciam, passaram a declinar.
Em suma, o
resultado industrial de setembro traz um alerta: os problemas
da economia e da indústria estão intactos a despeito
das medidas adotadas pelo governo que, no entanto, precisam de
tempo para frutificar. E lança uma dúvida sobre
a atual recuperação: ela poderá ser mais
modesta e menos regular do que se esperava.
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