Para além de jogar mais para baixo o já tão
comprometido resultado da indústria neste ano de 2012,
o dado de setembro da produção industrial (–1,0%
frente a agosto, com ajuste sazonal) divulgado hoje pelo IBGE
traz uma preocupação de outra natureza: a evolução
da indústria nos próximos meses. Até então,
a perspectiva era de que a produção se manteria
numa trajetória de crescimento, ainda que a taxas modestas.
O fato é
que o perfil generalizado de queda da produção industrial
no mês de setembro – dezesseis de vinte e sete ramos
pesquisados pelo IBGE, com destaques importantes para os ramos
de alimentos (–1,9%), bebidas (–2,2%), outros produtos
químicos (–3,2%), mobiliário (–5,3%)
e veículos (–0,7%, todas essas taxas de variação
calculadas com relação a agosto com ajuste sazonal)
– “jogou um balde de água fria” nas expectativas
de mais curto prazo e mostrou que a indústria nacional
não consegue decolar com a mesma facilidade e sustentação
de outras épocas.
Em outras
palavras, o resultado de setembro lançou dúvidas
quanto ao desempenho da indústria nos últimos meses
deste ano e início de 2013: ele poderá ser mais
modesto e menos regular do que se esperava. O cenário atual
de maior vigor da economia nacional e o conjunto de medidas de
incentivo diretos à indústria parecem que não
estão atuando na magnitude que se esperava, para reverter
o curso bastante tímido que a produção industrial
vem seguindo já faz um bom tempo. Mas, é preciso
advertir que no caso das medidas governamentais direcionadas à
indústria, é muito provável que, sem elas,
os números da produção industrial ficassem
ainda mais a desejar.
Diante disso,
é possível que o médio prazo e mesmo o longo
prazo começaram a exercer um peso maior no presente, isto
é, os empresários industriais não estão
vislumbrando melhoras significativas dos seus negócios
no futuro, o que os leva a uma maior cautela quanto às
decisões de produção e mesmo a uma postergação
de novos investimentos.
Se isso estiver
ocorrendo – como algumas pesquisas feitas com empresários
da indústria parecem apontar –, ao Governo cabe também
atuar, paralelamente às ações mais pontuais
que vem tomando, cada vez mais no longo prazo, ou ainda, fortalecer
as expectativas de longo prazo da economia, sobretudo atuando
com maior vigor no aumento dos investimentos em infraestrutura,
na diminuição dos custos com energia e na melhoria
do ambiente de negócios. Essa é a chave do futuro
que, certamente, abrirá outras portas para que a indústria
nacional comece, desde já, uma nova trajetória de
crescimento sustentável.
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