1º de novembro de 2012

Indústria
Influências negativas
das avaliações do futuro


  

 
Para além de jogar mais para baixo o já tão comprometido resultado da indústria neste ano de 2012, o dado de setembro da produção industrial (–1,0% frente a agosto, com ajuste sazonal) divulgado hoje pelo IBGE traz uma preocupação de outra natureza: a evolução da indústria nos próximos meses. Até então, a perspectiva era de que a produção se manteria numa trajetória de crescimento, ainda que a taxas modestas.

O fato é que o perfil generalizado de queda da produção industrial no mês de setembro – dezesseis de vinte e sete ramos pesquisados pelo IBGE, com destaques importantes para os ramos de alimentos (–1,9%), bebidas (–2,2%), outros produtos químicos (–3,2%), mobiliário (–5,3%) e veículos (–0,7%, todas essas taxas de variação calculadas com relação a agosto com ajuste sazonal) – “jogou um balde de água fria” nas expectativas de mais curto prazo e mostrou que a indústria nacional não consegue decolar com a mesma facilidade e sustentação de outras épocas.

Em outras palavras, o resultado de setembro lançou dúvidas quanto ao desempenho da indústria nos últimos meses deste ano e início de 2013: ele poderá ser mais modesto e menos regular do que se esperava. O cenário atual de maior vigor da economia nacional e o conjunto de medidas de incentivo diretos à indústria parecem que não estão atuando na magnitude que se esperava, para reverter o curso bastante tímido que a produção industrial vem seguindo já faz um bom tempo. Mas, é preciso advertir que no caso das medidas governamentais direcionadas à indústria, é muito provável que, sem elas, os números da produção industrial ficassem ainda mais a desejar.

Diante disso, é possível que o médio prazo e mesmo o longo prazo começaram a exercer um peso maior no presente, isto é, os empresários industriais não estão vislumbrando melhoras significativas dos seus negócios no futuro, o que os leva a uma maior cautela quanto às decisões de produção e mesmo a uma postergação de novos investimentos.

Se isso estiver ocorrendo – como algumas pesquisas feitas com empresários da indústria parecem apontar –, ao Governo cabe também atuar, paralelamente às ações mais pontuais que vem tomando, cada vez mais no longo prazo, ou ainda, fortalecer as expectativas de longo prazo da economia, sobretudo atuando com maior vigor no aumento dos investimentos em infraestrutura, na diminuição dos custos com energia e na melhoria do ambiente de negócios. Essa é a chave do futuro que, certamente, abrirá outras portas para que a indústria nacional comece, desde já, uma nova trajetória de crescimento sustentável.

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