10 de outubro de 2012

Emprego Industrial
Oscilando numa provável
trajetória positiva


   

 
O número de ocupados na indústria nacional recuou 0,1% em agosto e, portanto, não manteve o sinal positivo registrado em julho (0,2%) – ambas as taxas calculadas com relação ao mês anterior, com ajuste sazonal, a partir dos dados divulgados hoje pelo IBGE. Vale lembrar que a variação de julho interrompia uma sequência de quatro resultados negativos e favorecia a expectativa de uma trajetória mais positiva do emprego industrial neste segundo semestre que não se confirmou. No entanto um curso favorável do emprego industrial nos próximos meses ainda se mantém como possível, dada a retomada da produção da indústria.

De fato, como, via de regra, o emprego acompanha em certa medida a produção com uma defasagem de alguns meses, os aumentos verificados nesta última no trimestre junho/agosto (0,3% em junho, 0,5% no mês seguinte e 1,5% em agosto), acenam com resultados mais favoráveis para o número de ocupados no final deste ano e começo do próximo. Além disso, cabe observar que a taxa de variação de agosto (–0,1%) é menos negativa do que as registradas no período março-junho: –0,5%, –0,3%, –0,3%, –0,2%. A trajetória para o emprego industrial é, portanto, positiva, ainda que oscilante.

Por outro lado, é verdade que a perspectiva de resultados mais positivos não reverterá o andamento já bastante adverso que o emprego industrial vem acumulando ao longo deste ano. Ou seja, a expectativa é de que, no segundo semestre, taxas positivas de variação do número de ocupados na indústria possam “suavizar”, ou ainda, contrabalançar em alguma medida os registros negativos no primeiro semestre.

Isso, pois, em outras comparações, fica claro o forte recuo do mercado de trabalho voltado para o emprego industrial: (i) na relação agosto contra mesmo mês de 2011, o emprego industrial caiu 2,0%, o décimo primeiro resultado negativo nesta comparação; (ii) nos oito primeiros meses deste ano, frente o mesmo período do ano anterior, houve queda de 1,4%; e (iii) no acumulado dos doze meses até agosto, a retração chegou a 1,0%.

Esse mau momento vivido pelo emprego industrial neste ano pode ser visto tanto nas diferentes localidades do País como nos diferentes setores da atividade industrial. Nos oito primeiros meses de 2012, confrontados com mesmo período de 2011, em onze das catorze localidades pesquisadas pelo IBGE houve retração do número de ocupados na indústria. Os maiores recuos foram verificados em São Paulo (–3,2%), região Nordeste (–2,2%), Santa Catarina (–1,5%), Ceará (–2,8%), Rio Grande do Sul (–1,0%) e Bahia (–2,6%). Na mesma comparação, os setores que mais contribuíram negativamente para o emprego foram: vestuário (–8,3%), calçados e couro (–6,3%), produtos de metal (–4,4%), têxtil (–5,5%), papel e gráfica (–3,9%), madeira (–8,5%) e borracha e plástico (–2,9%).
 

 
Na passagem de julho para agosto na série livre de efeitos sazonais, o pessoal ocupado assalariado na indústria apresentou recuo de 0,1%, após crescer 0,2% em julho. Na relação mês/ mesmo mês de 2011, o emprego industrial assinalou decréscimo de 2,0%, o décimo primeiro resultado negativo nesta comparação. Nos primeiros oito meses do ano, frente mesmo período do ano anterior, houve uma variação acumulada de –1,4%, contra taxa de +1,7% no mesmo período de 2011. A variação acumulada nos últimos 12 meses até agosto foi de –1,0%.

Na comparação mensal (mês/mesmo mês do ano anterior), 12 das 14 regiões contempladas pela pesquisa do IBGE apresentaram decréscimo do pessoal ocupado na indústria. As variações mais significativas ficaram em São Paulo (–3,2%), região Nordeste (–3,4%), Rio Grande do Sul (–2,8%), Pernambuco (–5,7%), Santa Catarina (–1,7%) e regiões Norte e Centro–Oeste (–1,5%). Por outro lado, Paraná (1,5%) e Minas Gerais (0,5%) representaram as contribuições positivas. Nos oito primeiros meses de 2012 quando confrontados com mesmo período de 2011, observa–se menor patamar do emprego industrial em 11 localidades. Os maiores recuos foram verificados em São Paulo (–3,2%), região Nordeste (–2,2%), Santa Catarina (–1,5%), Ceará (–2,8%), Rio Grande do Sul (–1,0%) e Bahia (–2,6%). Por outro lado, Paraná (2,8%) e Minas Gerais (1,0%) exerceram as maiores pressões positivas.

Setorialmente, 14 dos 18 setores pesquisados diminuíram o contingente de trabalhadores na indústria contra igual mês do ano passado. Os destaques negativos de maior significância foram: vestuário (–12,1%), têxtil (–7,0%), calçados e couro (–6,1%), meios de transporte (–3,4%), outros produtos da indústria de transformação (–3,7%), máquinas e aparelhos eletroeletrônicos e de comunicações (–3,1%), papel e gráfica (–3,4%), madeira (–7,2%) e metalurgia básica (–4,5%). Por outro lado, o principal impacto positivo sobre a média da indústria foi observado no setor de alimentos e bebidas (3,6%). Contribuindo para a queda de 1,4% no acumulado do ano, os setores de vestuário (–8,3%), calçados e couro (–6,3%), produtos de metal (–4,4%), têxtil (–5,5%), papel e gráfica (–3,9%), madeira (–8,5%) e borracha e plástico (–2,9%), enquanto os setores de alimentos e bebidas (3,8%), máquinas e equipamentos (1,7%) e indústrias extrativas (4,0%) responderam pelas principais influências positivas.

 

 
Folha de Pagamento Real. A folha de pagamento real da indústria brasileira apresentou, na relação julho/agosto já livre dos efeitos sazonais, uma variação positiva de 2,2%, após queda de 1,1% no mês anterior. Frente agosto de 2011, verificou–se um acréscimo de 1,7%. Nas variações acumuladas, no ano e nos últimos 12 meses, a folha de pagamento real dos trabalhadores da indústria assinalou crescimento de 3,4% e 3,2%, respectivamente.

Número de Horas Pagas. Houve estabilidade no total de horas pagas na indústria na passagem de julho para agosto com dados dessazonalizados. Frente ao igual mês de 2011 verificou–se redução de 2,6%. Já as variações acumuladas no ano e nos últimos 12 meses foram de –2,1% e –1,9%, respectivamente.

 

 

 

 

 

 

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