5 de outubro de 2012

Indústria
Certezas e dúvidas sobre o
resultado industrial de agosto


  

 
A Carta IEDI hoje trata dos últimos resultados da produção da indústria brasileira. Em agosto o setor saiu da fase de aguda retração do primeiro semestre, quando acumulou queda próxima a 4%. Não foram apenas os estímulos extras promovidos pelo governo, a exemplo do menor IPI para veículos e outros bens duráveis, os determinantes da recuperação. Também colaboraram as medidas mais gerais que já há algum tempo a política econômica vinha promovendo, como a redução da taxa de juros, o melhor posicionamento da taxa de câmbio e as ações de política industrial.

Contudo, o ajuste de estoques que tardou a ser concluído na indústria foi também relevante. Em 2011 e parte deste ano os produtores foram acumulando estoques por causa da concorrência dos importados. Todavia, nos últimos meses esse desajuste foi minimizado. Isso significa dizer que o ciclo de estoques passa a ter efeito positivo sobre a produção, ao invés de negativo, como vinha prevalecendo.

É claro que nos setores de automóveis, móveis e produtos da linha branca a redução de impostos foi fator destacado para a desova de estoques. Porém, o fato de que a produção foi retomada com vigor em outros ramos, como alimentos e setores de bens intermediários, indica que o crescimento da indústria teve causas mais abrangentes. A engrenagem industrial funciona a pleno vapor quando existe um segmento de bens intermediários plenamente constituído - como ainda é o nosso caso -, o que permite que um estímulo de demanda seja multiplicado pela dinâmica endógena da indústria.

Pode ser que o excepcional crescimento de agosto (1,5%) não se repita nos próximos meses, pois algumas dúvidas persistem acerca da intensidade da reativação industrial. Primeiro, a indústria ainda não tem forças para concorrer com os importados, muito mais baratos. O governo vem agindo nessa questão, mas os efeitos só começarão a surgir a partir de 2013. Segundo, muito embora tenham melhorado em setembro, as exportações industriais estão muito fracas, o que pode neutralizar em parte os fatores de impulsão da indústria. Uma terceira dúvida diz respeito ao resultado para o segmento de bens de capital, que não acompanhou o desempenho global, crescendo apenas 0,3%.
 

 

 

 

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