2 de outubro de 2012

Indústria
Termômetro indica aquecimento


  

 
Após avançar de modo muito modesto em junho e julho (0,3% e 0,5%, nessa ordem), a produção industrial cresceu 1,5% em agosto (todas as taxas relativas ao mês imediatamente anterior com ajuste sazonal), um resultado robusto que reflete a retomada da economia brasileira – em grande medida decorrente dos estímulos dados pelo Governo e pela redução da taxa básica de juros conduzida pelo Banco Central desde o ano passado – e confirma uma possível nova tendência para a indústria brasileira já neste segundo semestre.

De fato, todos os grandes setores da indústria apresentaram crescimento em agosto frente a julho, com ajuste sazonal. A produção de bens de capital aumentou 0,3%, uma taxa de variação baixa, mas que manteve o sinal positivo após os avanços expressivos registrados em junho e julho (1,1% em ambos os meses), o que continua indicando que os investimentos seguem em trajetória ascendente.

No setor de bens duráveis, ocorreu a maior variação (2,6%), sobretudo pelo desempenho do segmento de veículos automotores (3,3%), o qual, por sua vez, foi muito influenciado pelo aumento na produção de automóveis. Para os próximos meses, o segmento de veículos automotores poderá ganhar impulso renovado decorrente do novo ciclo de crédito que começa a despontar na economia brasileira.

Bens semi e não duráveis reverteu o resultado negativo de julho (–0,3%) e cresceu 1,2% em agosto, graças ao desempenho dos ramos de alimentos e farmacêutica. A produção nesse segmento vem oscilando muito neste ano, com desempenhos ruins em abate de bovinos e suínos, abate de aves, calçados e vestuário.

Um grande destaque positivo para agosto fica para bens intermediários. Em julho, a produção desse setor já havia registrado crescimento (0,8%) e, em agosto, ela cresceu ainda mais forte (2,0%). O setor de bens intermediários indica como estão as compras entre os setores e segmentos dentro da indústria e pode ser tomado, portanto, como um “termômetro” das atividades industriais. A boa notícia é que esse termômetro está dizendo que as atividades da indústria brasileira estão ficando mais aquecidas neste segundo semestre.

A análise acima, na medida em que se detém nas taxas de variação mês contra mês imediatamente anterior divulgadas pelo IBGE, tenta apontar as tendências para a indústria neste final de ano e no início do próximo. Como se viu, a perspectiva é mais otimista. Mas, ao se observar os dados relativos ao mesmo mês do ano passado ou ao acumulado do ano, fica claro que a indústria nacional ainda apresenta grandes dificuldades.

Nos oito primeiro meses deste ano, por exemplo, a produção industrial ainda amarga queda de 3,4% com relação a igual período de 2011. Dificilmente, a produção reverterá um resultado negativo em 2012, o que representará um ano muito adverso para a indústria, ainda mais ao se considerar o baixo crescimento da produção no ano passado, que foi de apenas 0,4%.
 

 
Segundo dados divulgados pelo IBGE, a produção industrial apontou variação de 1,5% em agosto com relação a julho, com ajuste sazonal. Frente a igual mês do ano anterior, o setor industrial mostrou queda na produção (–2,0%), décima segunda taxa negativa consecutiva nesse tipo de comparação. No índice acumulado nos oito primeiros meses de 2012, a produção industrial apresenta queda de 3,4% no confronto com igual período de 2011. Nos últimos 12 meses até agosto, a taxa recuou 2,9%, mantendo a trajetória descendente iniciada em outubro de 2010 (11,8%).

Entre as categorias de uso, na comparação com o mês imediatamente anterior, bens de consumo duráveis (2,6%) obteve o avanço mais acentuado em agosto de 2012. Os setores de bens de intermediários (2,0%) e de bens de consumo semi e não duráveis (1,2%) também assinalaram taxas positivas nesse mês, com o primeiro aumentando a intensidade do crescimento após mostrar avanço de 0,8% em julho último, e o segundo revertendo a variação negativa de 0,3% observada no mês anterior.

No confronto com igual mês do ano passado, bens de capital (–13,0%) registrou a queda mais elevada em agosto de 2012, influenciado pelos resultados negativos na maior parte dos seus subsetores, com destaque para o recuo de 13,1% registrado por bens de capital para equipamentos de transporte, ainda bastante pressionado pela menor fabricação de caminhões, caminhão-trator para reboques e semi-reboques e chassis com motor para caminhões e ônibus. Enquanto bens de capital para uso misto (–9,9%), bens intermediários (–0,5%) e bens de consumo semi e não duráveis (–0,3%) também apontaram taxas negativas, porém bem menor que a media da indústria (–2,0%).

No setor de bens intermediários, o resultado negativo foi pressionado em grande parte pelos recuos na produção dos produtos associados às atividades de veículos automotores (–15,0%), metalurgia básica (–5,5%), alimentos (–3,0%), têxtil (–3,4%), indústrias extrativas (–1,2%) e celulose, papel e produtos de papel (–1,3%), enquanto as influências positivas foram registradas por outros produtos químicos (9,0%), refino de petróleo e produção de álcool (5,5%), borracha e plástico (1,6%), produtos de metal (1,3%) e minerais não metálicos (0,1%).

No acumulado do ano até agosto, o destaque negativo ficou para bens de capital (–12,2%) e bens de consumo duráveis (–7,3%). O setor produtor de bens intermediários apontou queda de 2,1%, enquanto o segmento de bens de consumo semi e não duráveis, obteve variação de –0,4% nessa mesma comparação.

 

 
Setorialmente, vinte dos vinte e sete ramos pesquisados pelo IBGE apontaram avanço na produção na passagem de julho para agosto, com ajuste sazonal. Os principais impactos positivos sobre o total da indústria vieram de veículos automotores (3,3%), de alimentos (2,1%), fumo (35,0%), refino de petróleo e produção de álcool (2,5%), outros produtos químicos (1,9%), farmacêutica (3,1%) e material eletrônico, aparelhos e equipamentos de comunicações (5,9%). Por outro lado, entre os ramos que puxaram a produção para baixo foram, destaca-se o de máquinas e equipamentos (–2,6%).

Na comparação com igual mês do ano anterior, a produção industrial registrou queda em dezesseis dos vinte e sete ramos, com destaque para: veículos automotores (–11,2%), máquinas e equipamentos (–6,6%), edição, impressão e reprodução de gravações (–11,5%), material eletrônico, aparelhos e equipamentos de comunicações (–12,6%), metalurgia básica (–5,5%) e alimentos (–2,1%). Por outro lado, os principais impactos positivos ficaram com outros produtos químicos (8,9%), refino de petróleo e produção de álcool (7,1%), outros equipamentos de transportes (7,2%), farmacêutica (4,6%) e bebidas (4,7%).

No índice acumulado dos oito primeiros meses de 2012, frente a igual período do ano anterior, o recuo de (3,4%) ocorreu em dezoito dos vinte e sete ramos investigados, sendo as principais deles: material eletrônico, aparelhos e equipamentos de comunicações (–16,9%), alimentos (–2,7%), metalurgia básica (–4,6%), máquinas, aparelhos e materiais elétricos (–8,4%), máquinas e equipamentos (–3,1%), edição, impressão e reprodução de gravações (–5,5%), máquinas para escritório e equipamentos de informática (–11,1%), fumo (–16,6%), vestuário e acessórios (–11,5%) e borracha e plástico (–3,7%). Dentre as atividades que influenciaram a taxa positivamente, destacaram-se: outros produtos químicos (4,5%), refino de petróleo e produção de álcool (4,1%) e outros equipamentos de transporte (7,2%).

 

 

 

 

 

 

 

 

 

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