21 de setembro de 2012

Crédito
Motivos para a recuperação do crédito


   

 
Um estudo que o IEDI está divulgando hoje procura mostrar que nos próximos meses, se a esperada retomada da atividade econômica no segundo semestre se confirmar, o crédito ao consumo pode se acelerar novamente, embora a taxas menores que as registradas no biênio 2010-2011. A despeito do comprometimento da renda das famílias brasileiras com o serviço da dívida já tenha atingido um patamar elevado, alguns fatores indicam que há espaço para essa recuperação.

Primeiro, a manutenção da taxa de desemprego no seu piso histórico e o aumento do rendimento real do trabalho contribuem para a sustentação da massa de rendimentos. Segundo, a redução dos spreads bancários (que deve ter continuidade nos próximos meses num contexto de acirramento da concorrência entre os bancos públicos e privados) se traduzirá em queda da taxa de juros na ponta do crédito e, assim, dos gastos com o serviço da dívida. Em terceiro lugar, essa queda terá um efeito colateral positivo sobre a inadimplência, o que também favorecerá a oferta de crédito pelos bancos privados. Em quarto lugar, mesmo que em menor velocidade, o processo de bancarização terá continuidade, ampliando a base de clientes dos bancos.

Todavia, no âmbito do crédito às famílias uma frente de negócio que deve se consolidar como a de maior dinamismo nos próximos anos é o crédito habitacional. Além dos empréstimos a partir de recursos direcionados, no período pós-crise o crédito habitacional para pessoas físicas com base em recursos livres também acelerou seu ritmo de expansão, que atingiu 29% no acumulado dos primeiros sete primeiros meses de 2012. O avanço da securitização nesse segmento, com base nos Certificados de Recebíveis Imobiliários (CRI), tem contribuído para essa trajetória. Ademais, esse avanço deve ganhar impulso com a queda da taxa de juros básica, que já tem levado os investidores institucionais a buscar alternativas mais rentáveis de aplicação diante da necessidade de cumprimento das suas metas atuariais.

O crédito corporativo com recursos livres também deve se tornar mais dinâmico. Além da recuperação da atividade econômica e da redução do seu custo num contexto de menor espaço para expansão do crédito às famílias, nesse segmento a concorrência entre bancos públicos e privados também se acirrou desde 2009 com a penetração do BB e, sobretudo da CEF, em segmentos até então dominados pelos bancos privados, como o crédito às PMEs. A nova rodada de queda dos spreads pode levar a avanço adicional dessas duas instituições públicas com carteira comercial e desencadeará reações dos seus congêneres privados.
 

 
 

 

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