12 de setembro de 2012

Emprego Industrial
Sinais tímidos


   

 
Após quatro meses de quedas consecutivas, o emprego industrial e o número de horas pagas na indústria apresentaram variações positivas em julho: aumentos de, respectivamente, 0,2% e 0,3% – ambas as taxas calculadas com relação a julho a partir da série ajuste sazonal. São números tímidos, que dificilmente levarão o emprego industrial a obter resultados mais robustos neste ano, já que, nos sete primeiros meses do ano, o índice do número de ocupados na indústria acumula queda de 1,3% em relação a igual período do ano passado.

De qualquer forma, ao se buscar alguma nova tendência nos dados divulgados hoje pelo IBGE, essa análise “na margem” (variação no mês frente ao mês imediatamente anterior) é válida, e ela nos diz que o emprego industrial pode ter começado uma nova retomada de crescimento, passando a acompanhar o movimento também positivo da produção física da indústria, o qual já tinha sido observado em junho (0,2%) e se repetiu em julho (0,3%). Ou seja, a expectativa é de um segundo semestre também melhor para o emprego industrial.

No entanto, a cautela deve prevalecer nas análises feitas com os números da indústria. A evolução do emprego nos próximos meses não está definida e é provável que o número de ocupados apresente um comportamento oscilatório, de recuos e avanços, mas numa trajetória ascendente. Ademais, do ponto de vista setorial, as indicações são de que o resultado positivo de julho para o emprego na indústria foi muito influenciado pelo desempenho favorável em alimentos e bebidas. Outros ramos tiveram performance “menos ruim” (têxtil, papel e gráfica, borracha e plástico, metalurgia e máquinas e equipamentos), mas em segmentos relevantes para o emprego como vestuário, calçados e produtos de madeira nenhuma melhora parece ter ocorrido, o mesmo valendo para setores incentivados pela política econômica (como meios de transporte).

De qualquer forma, espera-se que a indústria se valha no segundo semestre do quadro mais favorável da economia brasileira como um todo e que as medidas do governo voltadas para o setor industrial possam surtir efeitos mais visíveis nos últimos meses do ano.

O momento adverso pelo qual passa a indústria fica claro em outras comparações. Ao se comparar julho deste ano com igual mês do ano passado, por exemplo, houve queda do emprego industrial em doze das catorze regiões pesquisadas pelo IBGE. Portanto, um comportamento negativo generalizado. Destacaram-se, nessa comparação, os recuos do pessoal ocupado na indústria em São Paulo (–3,1%), na Região Nordeste (–2,0%), no Rio Grande do Sul (–2,3%), na Região Norte e Centro–Oeste (–1,2%), em Santa Catarina (–1,2%) e em Pernambuco (–2,8%).
 

 
Na passagem de junho para julho, com dados dessazonalizados, o emprego industrial apresentou variação positiva de 0,2%, após quatro meses de quedas consecutivas. No confronto com o mesmo mês de 2011 verifica–se recuo de 1,6%, décimo resultado negativo consecutivo nesse tipo de confronto. No acumulado entre janeiro e julho, em relação ao mesmo período do ano anterior, também se verificou decréscimo (–1,3%). Nos últimos 12 meses, o emprego apresentou variação acumulada de –0,7%.

Regionalmente, na comparação mensal (mês/mesmo mês do ano anterior), houve queda em 12 regiões contempladas pela pesquisa, com destaque especial para o estado de São Paulo (–3,1%), pressionado pelas taxas negativas dos setores de produtos de metal (–12,4%), máquinas e aparelhos eletroeletrônicos e de comunicações (–10,6%), metalurgia básica (–17,3%), meios de transporte (–4,6%), vestuário (–9,1%), têxtil (–7,0%) e calçados e couro (–12,4%).Também foram destaques negativos: Região Nordeste (–2,0%), Rio Grande do Sul (–2,3%), Região Norte e Centro–Oeste (–1,2%), Santa Catarina (–1,2%), e Pernambuco (–2,8%). Por outro lado, Paraná (1,5%) e Minas Gerais (1,0%) apontaram as contribuições positivas sobre o emprego industrial do país.

No índice acumulado nos sete primeiros meses de 2012, o emprego industrial registrou queda em nove dos quatorze locais com São Paulo (–3,2%) sendo o principal impacto negativo, seguido pela Região Nordeste (–2,0%), Santa Catarina (–1,5%), Ceará (–3,0%), Bahia (–2,7%) e Rio Grande do Sul (–0,8%). Por outro lado, Paraná (3,0%) e Minas Gerais (1,2%) exerceram as maiores pressões positivas.

 

 
Setorialmente, o emprego industrial de julho confrontado com mesmo mês de 2011, 14 dos 18 setores pesquisados assinalaram recuo no emprego. Os principais impactos sobre a média nacional foram: vestuário (–8,7%), calçados e couro (–6,0%), têxtil (–5,4%), papel e gráfica (–3,9%), meios de transporte (–2,4%), madeira (–8,3%), outros produtos da indústria de transformação (–3,5%), metalurgia básica (–4,0%), máquinas e aparelhos eletroeletrônicos e de comunicações (–2,2%) e produtos de metal (–1,9%). Por outro lado, o principal impacto positivo sobre a média da indústria foi observado no setor de alimentos e bebidas (3,8%).

No acumulado do ano até julho, treze dos dezoito setores investigados pelo IBGE assinalaram diminuição do contingente de trabalhadores industriais: vestuário (–7,7%), calçados e couro (–6,4%), produtos de metal (–4,7%), têxtil (–5,3%), madeira (–9,0%), papel e gráfica (–4,0%) e borracha e plástico (–3,3%), enquanto os setores de alimentos e bebidas (3,8%), máquinas e equipamentos (2,0%) e indústrias extrativas (4,2%) responderam pelas principais influências positivas.

Folha de Pagamento Real. Em julho, a folha de pagamento real do setor industrial apresentou queda de 1,0% frente ao mês anterior, na série livre de efeitos sazonais. Na comparação com o mesmo mês do ano passado, a folha de pagamento real apresentou aumento de 2,5%, apoiada pelos resultados positivos em doze localidades pesquisadas e dez setores. No ano, a variação acumulada foi positiva de 3,7%, graças ao resultado regional de Minas Gerais (7,9%) e Paraná (9,9%).

Número de Horas Pagas. O número de horas pagas, indicador de futuras contratações de mão–de–obra na indústria, assinalou pequeno acréscimo de 0,2% na passagem de junho de 2012 para julho, já descontados os efeitos sazonais. Esta variação positiva ocorreu após quatro quedas consecutivas. Contra julho de 2011, o número de horas pagas decresceu 2,5%. No acumulado de 2012 até julho, a queda das horas pagas na indústria chegou a 2,0%.

 

 

 

 

 

 

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