Com mais um sinal positivo em julho, a indústria nacional
vai confirmando as expectativas de que o segundo semestre deste
ano será melhor. De fato, após o aumento de 0,2%
em junho, a produção industrial cresceu 0,3% em
julho, de acordo com dados divulgados hoje pelo IBGE – ambas
as taxas calculadas com relação ao mês imediatamente
anterior, com ajuste sazonal.
É verdade
que são resultados muito modestos e que não será
fácil para a indústria obter, neste ano, um desempenho
como o do ano passado (0,4%), o qual foi bastante fraco. É
provável que a indústria nem mesmo obtenha, se continuar
crescendo às taxas de junho e julho, um resultado positivo
em 2012, já que, no acumulado dos sete primeiros meses
do ano, a produção industrial amarga uma fortíssima
queda de 3,7%.
Mas, para
identificar o que está ocorrendo com a indústria,
ou ainda, para identificar uma possível nova tendência
para a indústria, cabe observar esses dados “na margem”,
já que, em outras comparações, os resultados
são muito negativos. Assim, vale destacar o segundo aumento
consecutivo da produção de bens de capital (1,3%
em junho e 1,0% em julho – taxas com relação
ao mês imediatamente anterior, com ajuste sazonal) e o dado
positivo da produção de bens intermediários
em julho (0,5%), após quatro taxa negativas.
No primeiro
caso, pode ser um sinal de que os investimentos podem estar reagindo
e, no segundo caso, de que as compras internas dentro da indústria
estão se aquecendo. Cabe também destacar que uma
parcela maior de segmentos da indústria (doze de vinte
e sete) apresentou resultados positivos em julho.
Como dito
acima, em outras comparações, os dados da produção
industrial são muito ruins e deixam claro o momento extremamente
desfavorável pelo qual a indústria passa. Com relação
a julho do ano passado, a produção de julho último
é 2,9% menor, uma queda bastante expressiva, a qual só
pode ser “amenizada” se comparada com a evolução
das taxas dos três meses imediatamente anteriores (–3,5%,
–4,4% e –5,6%, respectivamente, em abril, maio e junho).
Ainda na comparação
com julho de 2011, a produção de bens de capital
caiu 9,1% em julho deste ano, assim como recuaram as produções
de bens duráveis (–2,7%), de bens semi e não
duráveis (–2,3%) e de bens intermediários
(–1,7%). No acumulado dos sete primeiros meses do ano, as
quedas de produção são muito significativas
em bens de capital (–12,0%), em bens duráveis (–8,4%)
e em bens intermediários (–2,5%). A produção
de bens de consumo semi e não duráveis também
caiu no acumulado do ano até julho, mas em menor proporção
(–0,5%).
A indústria
nacional vem sofrendo com o baixo dinamismo do mercado interno
e, devido à falta de competitividade de seus produtos (seja
por conta do alto custo de se produzir no País, seja devido
a fatores internos às firmas, como baixo investimento,
defasagem tecnológica, ineficiências de escala, por
exemplo), ela tem encontrado dificuldades para competir com o
produto estrangeiro no mercado doméstico.
A falta de
competitividade do produto industrial também tem dificultado
muito sua exportação. Para além da retração
atual dos mercados externos, a falta de competitividade é
o fator que mais explica o recuo recentemente observado nas vendas
ao exterior de produtos da indústria brasileira. A crise
lá fora está explicitando esse problema de competitividade
do produto nacional, o que coloca outra preocupação
com relação à inserção futura
do Brasil nos mercados internacionais, ou ainda, na divisão
internacional dos mercados de bens.
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