4 de setembro de 2012

Indústria
Sinais para um segundo semestre melhor


  

 
Com mais um sinal positivo em julho, a indústria nacional vai confirmando as expectativas de que o segundo semestre deste ano será melhor. De fato, após o aumento de 0,2% em junho, a produção industrial cresceu 0,3% em julho, de acordo com dados divulgados hoje pelo IBGE – ambas as taxas calculadas com relação ao mês imediatamente anterior, com ajuste sazonal.

É verdade que são resultados muito modestos e que não será fácil para a indústria obter, neste ano, um desempenho como o do ano passado (0,4%), o qual foi bastante fraco. É provável que a indústria nem mesmo obtenha, se continuar crescendo às taxas de junho e julho, um resultado positivo em 2012, já que, no acumulado dos sete primeiros meses do ano, a produção industrial amarga uma fortíssima queda de 3,7%.

Mas, para identificar o que está ocorrendo com a indústria, ou ainda, para identificar uma possível nova tendência para a indústria, cabe observar esses dados “na margem”, já que, em outras comparações, os resultados são muito negativos. Assim, vale destacar o segundo aumento consecutivo da produção de bens de capital (1,3% em junho e 1,0% em julho – taxas com relação ao mês imediatamente anterior, com ajuste sazonal) e o dado positivo da produção de bens intermediários em julho (0,5%), após quatro taxa negativas.

No primeiro caso, pode ser um sinal de que os investimentos podem estar reagindo e, no segundo caso, de que as compras internas dentro da indústria estão se aquecendo. Cabe também destacar que uma parcela maior de segmentos da indústria (doze de vinte e sete) apresentou resultados positivos em julho.

Como dito acima, em outras comparações, os dados da produção industrial são muito ruins e deixam claro o momento extremamente desfavorável pelo qual a indústria passa. Com relação a julho do ano passado, a produção de julho último é 2,9% menor, uma queda bastante expressiva, a qual só pode ser “amenizada” se comparada com a evolução das taxas dos três meses imediatamente anteriores (–3,5%, –4,4% e –5,6%, respectivamente, em abril, maio e junho).

Ainda na comparação com julho de 2011, a produção de bens de capital caiu 9,1% em julho deste ano, assim como recuaram as produções de bens duráveis (–2,7%), de bens semi e não duráveis (–2,3%) e de bens intermediários (–1,7%). No acumulado dos sete primeiros meses do ano, as quedas de produção são muito significativas em bens de capital (–12,0%), em bens duráveis (–8,4%) e em bens intermediários (–2,5%). A produção de bens de consumo semi e não duráveis também caiu no acumulado do ano até julho, mas em menor proporção (–0,5%).

A indústria nacional vem sofrendo com o baixo dinamismo do mercado interno e, devido à falta de competitividade de seus produtos (seja por conta do alto custo de se produzir no País, seja devido a fatores internos às firmas, como baixo investimento, defasagem tecnológica, ineficiências de escala, por exemplo), ela tem encontrado dificuldades para competir com o produto estrangeiro no mercado doméstico.

A falta de competitividade do produto industrial também tem dificultado muito sua exportação. Para além da retração atual dos mercados externos, a falta de competitividade é o fator que mais explica o recuo recentemente observado nas vendas ao exterior de produtos da indústria brasileira. A crise lá fora está explicitando esse problema de competitividade do produto nacional, o que coloca outra preocupação com relação à inserção futura do Brasil nos mercados internacionais, ou ainda, na divisão internacional dos mercados de bens.
 

 
Segundo dados divulgados pelo IBGE, a produção industrial apontou variação positiva de 0,3% em julho frente ao mês de junho, descontados os efeitos sazonais. Frente a igual mês do ano anterior, o setor industrial mostrou queda na produção (–2,9%), décima primeira taxa negativa consecutiva nesse tipo de comparação. No índice acumulado nos sete primeiros meses de 2012, o setor industrial ficou negativo no confronto com igual período de 2011 (–3,7%). Nos últimos doze meses, a taxa recuou 2,5%, mantendo a trajetória descendente iniciada em outubro de 2010 (11,8%) e assinalou a taxa negativa mais intensa desde fevereiro de 2010 (-2,6%).

Entre as categorias de uso, na comparação com o mês imediatamente anterior com ajuste sazonal, a produção de bens de capital cresceu 1,0%, obtendo o segundo resultado positivo consecutivo (1,3% em junho), acumulando expansão de (2,4%) nesse período. Os setores de bens de consumo duráveis (0,8%) e de bens intermediários (0,5%) apontaram também taxas positivas em julho de 2012. Por outro lado, a produção do setor de bens consumo semi e não duráveis apontou resultado negativo (0,6%) em julho.

No confronto com igual mês do ano passado, bens de capital (–9,1%) registrou a queda mais elevada em julho de 2012, enquanto bens de consumo duráveis (–2,7%), bens de consumo semi e não duráveis (–2,3%) e bens intermediários (–1,7%) mostraram recuos menos intensos nesse tipo de comparação. Para o setor produtor de bens de capital, a queda na produção verificada em julho de 2012 foi sustentada pelo comportamento negativo dos subsetores de bens de capital para equipamentos de transporte (–10,6%), ainda bastante pressionado pela menor fabricação de caminhões, caminhão-trator para reboques e semi-reboques e chassis com motor para caminhões e ônibus. Vale citar ainda as taxas negativas verificadas em bens de capital para uso misto (–2,8%), para construção (–16,8%), fins industriais (–4,1%) e para energia elétrica (–5,4%); o único resultado positivo foi observador no subsetor de bens de capital agrícola, com variação de 0,7% em julho de 2012.

No acumulado dos sete primeiros meses do ano, os destaques mais negativos ficaram para bens de capital (–12,0%) e bens de consumo duráveis (–8,4%). O setor produtor de bens intermediários apontou queda de 2,5% e o segmento de bens de consumo semi e não duráveis obteve variação de –0,5%.

 

 
Setorialmente, doze dos vinte e sete ramos pesquisados apontaram avanço na produção. Os principais impactos positivos sobre o total da indústria vieram de veículos automotores (4,9%), de alimentos (2,1%) e de máquinas e equipamentos (3,0%). Outras contribuições positivas vieram dos setores de: equipamentos de instrumentação médico-hospitalar, ópticos e outros (16,8%), outros produtos químicos (1,8%), borracha e plástico (3,2%) e minerais não metálicos (2,7%). Por outro lado, entre as atividades cuja produção recuou em julho, os destaques foram: produtos de metal (–6,7%), outros equipamentos de transporte (–7,4%), farmacêutica (–4,8%), material eletrônico, aparelhos e equipamentos de comunicações (–4,1%) e máquinas para escritório e equipamentos de informática (–4,8%).

Na comparação com igual mês do ano anterior, a produção industrial registrou queda de 2,9% em julho de 2012, com taxas negativas em dezessete dos vinte e sete ramos, com destaque para veículos automotores (–12,3%) e edição, impressão e reprodução de gravações (–22,0%). Outras categorias que apontaram queda no mês de julho foram: alimentos (–5,3%), material eletrônico, aparelhos e equipamentos de comunicações (–20,0%), metalurgia básica (–4,9%), fumo (–14,5%), máquinas, aparelhos e materiais elétricos (–6,2%) e máquinas para escritório e equipamentos de informática (–6,7%). Por outro lado, os principais impactos positivos vieram de outros produtos químicos (5,4%), máquinas e equipamentos (4,0%), farmacêutica (7,5%), refino de petróleo e produção de álcool (3,9%) e outros equipamentos de transportes (8,3%).

No índice acumulado nos sete primeiros meses de 2012, frente a igual período do ano anterior, o recuo de 3,7% da produção industrial em geral decorreu da queda das atividades de dezoito dos vinte e sete ramos pesquisados pelo IBGE, sendo as principais registradas nos ramos de: veículos automotores (–17,2%), material eletrônico, aparelhos e equipamentos de comunicações (–17,6%), alimentos (–2,8%), metalurgia básica (–4,8%), máquinas, aparelhos e materiais elétricos (–9,0%), máquinas e equipamentos (–2,7%), máquinas para escritório e equipamentos de informática (–11,1%), edição, impressão e reprodução de gravações (–4,8%), borracha e plástico (–4,6%), fumo (–17,4%) e vestuário e acessórios (–12,0%).

Dentre as atividades que influenciaram a taxa positivamente no ano, destacaram-se: outros produtos químicos (3,8%), refino de petróleo e produção de álcool (3,6%) e outros equipamentos de transporte (7,2%), impulsionados principalmente pela maior fabricação de herbicidas para uso na agricultura e tintas e vernizes para construção, no primeiro ramo, gasolina automotiva, óleo diesel e outros óleos combustíveis, no segundo, e aviões no ultimo.

 

 

 

 

 

 

 

 

 

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