31 de agosto de 2012

PIB
Uma contida comemoração


   

 
O crescimento de 0,4% do PIB no segundo trimestre deste ano deve ser comemorado, porém de forma reservada. Ele apresenta uma melhora em relação ao primeiro trimestre, (+0,1%). O principal fator da evolução veio da agropecuária cujo valor agregado teve forte aumento (4,9%), que, no entanto, apenas compensou parcialmente o declínio ainda mais forte do primeiro trimestre de 2012 (5,9%), o fator destacado para deprimir o PIB daquele trimestre.

Quanto ao valor agregado da indústria, este voltou a puxar para baixo o desempenho da economia. Houve queda de 2,5% no segundo trimestre – taxas sempre em relação ao trimestre imediatamente anterior com ajuste sazonal – contra um surpreendente aumento de 1,7% no primeiro trimestre. O resultado reflete as quedas dos valores agregados da indústria de transformação (–2,5%), da indústria extrativa (–2,3%) e da construção civil (–0,7%), enquanto o valor agregado de produção e distribuição de eletricidade, gás e água, aumentou 1,6%.

Sobre o desempenho negativo da indústria de transformação cabe acrescentar que, apesar de ter uma participação cada vez menor na economia, vem determinando fortemente o PIB global. Ou seja, dados seus efeitos sobre os demais setores da economia, a transformação sozinha vem influenciando mais do que proporcionalmente o resultado do PIB. É a transformação que não deixa o PIB deslanchar, seja diretamente por causa de seu fraco desempenho, seja indiretamente por diminuir a demanda dos outros setores econômicos.

Quanto à construção civil, a queda de 0,7% é preocupante, já que as atividades desse setor vinham sendo um esteio não somente para os resultados da indústria, mas também para a economia como um todo.

Por sua vez, o setor de serviços confirmou ser o sustentáculo do crescimento da economia brasileira. Com aumento de 0,7% no segundo trimestre (terceira taxa positiva consecutiva), esse setor acumula crescimento de 1,5% no primeiro semestre deste ano contra igual período de 2011. Vale observar que, nessa comparação, o PIB cresceu 0,6%, com a agropecuária e a indústria em geral declinando 3,0% e 1,2%, respectivamente.

Pelo lado da demanda, os investimentos (Formação Bruta de Capital Fixo) caíram 0,7% no segundo trimestre, um resultado evidentemente negativo, mas não tanto quanto o do primeiro trimestre (–1,5%, taxas relativas ao trimestre imediatamente anterior com ajuste sazonal). A expectativa é a de que no segundo semestre, especialmente no quarto trimestre, os investimentos voltem a apresentar um quadro mais favorável e possam fazer frente à queda de 2,9% registrada no primeiro semestre.

O destaque negativo do lado da demanda é o resultado especialmente ruim das exportações brasileiras. O revés de 3,9% no segundo trimestre frente ao trimestre imediatamente anterior (com ajuste sazonal) é o maior desde o primeiro trimestre de 2009 (–10,4%), quanto a economia sofria os efeitos da crise financeira internacional. O fato é que as exportações vêm apresentando menor vigor desde o início deste ano, a despeito do câmbio mais favorável. Isto é decorrência da nova crise econômica que está ocorrendo nas principais economias do mundo e da menor capacidade de concorrência do produto fabricado no Brasil em mercados do exterior.

O ponto acima deve ser sublinhado. O fraco desempenho das exportações ajuda a entender o momento adverso pelo qual passa a indústria brasileira. Se os produtos importados vêm disputando acirradamente o mercado doméstico com os produtos nacionais, ou ainda, se eles vêm reduzindo na prática o mercado interno dos produtores domésticos, agora, diante de mercados externos fracos e da falta de competitividade do produto nacional, a exportação da indústria brasileira também encolheu. Esse duplo movimento vem comprometendo a evolução da indústria, mas as causas, o que está por trás, do fraco desempenho da indústria nacional já são bem conhecidas e podem ser sintetizadas na sua falta de competitividade – decorrente do alto custo de se produzir no País e da baixa produtividade da economia.

Leia aqui o texto completo desta Análise.