20 de agosto de 2012

Economia e Política Econômica
A recuperação da economia
e algumas questões estruturais


  

 
O crescimento econômico no segundo semestre de 2012 deverá ser maior, embora o fantasma da situação internacional ainda se faça presente. A perspectiva mais favorável vem de ações promovidas pela política econômica desde o ano passado e que agora começam a surtir efeito, a exemplo da redução dos juros básicos, mais baixas taxas do crédito, medidas de política industrial, como a desoneração da folha e dos investimentos, câmbio mais favorável e menores impostos para bens duráveis.

Adicionalmente, o governo procurou reanimar o investimento privado através do lançamento na semana passada de um grande programa de concessões em rodovias e ferrovias e acena com a retomada dos investimentos do PAC e da Petrobras que declinaram muito na primeira metade do ano. É provável ainda que ao longo do segundo semestre seja revertido o encolhimento promovido pelos bancos privados no crédito às famílias diante do receio de aumento excessivo da inadimplência, que não se confirmou. Por si só a volta do dinamismo do crédito será capaz de acrescentar expressivo vigor às medidas de incentivo adotadas pela política econômica.

O setor industrial deve acompanhar esse processo após ter acumulado queda de 3,8% no primeiro semestre, em grande medida causado por um fator grave, porém localizado: o colapso da produção de autoveículos. A regularização dos estoques e da produção desse segmento já está em curso após o corte do IPI na compra de automóveis e medidas de incentivo para aquisição de ônibus e caminhões, o que além de remover um fator negativo do desempenho industrial, poderá abrir caminho para a volta do crescimento no setor com impacto sobre o resto da indústria e da economia.

No entanto, persistem dúvidas sobre a magnitude da reativação industrial, pois apesar de melhoras no câmbio, reduções de custos promovidas pelo governo e a própria modernização que as empresas vêm procurando fazer em seu parque fabril, a concorrência do produto do exterior ainda retira mercados dos produtos brasileiros. Isto é decorrência do agravamento da situação internacional, que estreitou o crescimento da economia mundial e intensificou a disputa por mercados de produtos industriais. Assim, mesmo que o percurso da indústria seja de recuperação no segundo semestre, 2012 poderá ser um ano de crescimento médio virtualmente nulo para a atividade manufatureira, repetindo o ano passado.

Além do decisivo tema do reerguimento da competitividade industrial, outras questões estruturais precisam ser retomadas, como a projeção externa da economia e o investimento em inovação. Salvo na área de commodities, o Brasil vem se afastando muito dos mercados internacionais e, além disso, a presença da empresa nacional no exterior continua baixa.

O Brasil precisa estruturar uma adequada política de comércio exterior e de exportação de manufaturados, além de identificar mecanismos de incentivo à internacionalização das suas empresas. Com isso estimulará o investimento e a produtividade em sua própria economia. Para alguns analistas, abrir e subsidiar a importação por si só basta para promover esses avanços, mas o motor das exportações e da internacionalização é que nos parece eficaz e que desenvolve a integração com cadeias de produção internacionais, através das importações. É a exportação o veículo para aumentar as importações e não contrário.

O ponto do investimento em inovação diz respeito à necessidade de que os esforços promovidos nos últimos anos nessa área pelo governo, juntamente com a iniciativa privada, não sejam paralisados pelos efeitos do atual contexto internacional de crise e pelo baixo crescimento doméstico. O fortalecimento a longo prazo da economia e a volta de um bom padrão de competitividade da indústria depende crucialmente do progresso tecnológica e da inovação. Setores da iniciativa privada, juntamente com segmentos do governo, vêm estudando ações cabíveis para preservar os investimentos na área.

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