O crescimento econômico no segundo semestre de 2012 deverá
ser maior, embora o fantasma da situação internacional
ainda se faça presente. A perspectiva mais favorável
vem de ações promovidas pela política econômica
desde o ano passado e que agora começam a surtir efeito,
a exemplo da redução dos juros básicos, mais
baixas taxas do crédito, medidas de política industrial,
como a desoneração da folha e dos investimentos,
câmbio mais favorável e menores impostos para bens
duráveis.
Adicionalmente,
o governo procurou reanimar o investimento privado através
do lançamento na semana passada de um grande programa de
concessões em rodovias e ferrovias e acena com a retomada
dos investimentos do PAC e da Petrobras que declinaram muito na
primeira metade do ano. É provável ainda que ao
longo do segundo semestre seja revertido o encolhimento promovido
pelos bancos privados no crédito às famílias
diante do receio de aumento excessivo da inadimplência,
que não se confirmou. Por si só a volta do dinamismo
do crédito será capaz de acrescentar expressivo
vigor às medidas de incentivo adotadas pela política
econômica.
O setor industrial
deve acompanhar esse processo após ter acumulado queda
de 3,8% no primeiro semestre, em grande medida causado por um
fator grave, porém localizado: o colapso da produção
de autoveículos. A regularização dos estoques
e da produção desse segmento já está
em curso após o corte do IPI na compra de automóveis
e medidas de incentivo para aquisição de ônibus
e caminhões, o que além de remover um fator negativo
do desempenho industrial, poderá abrir caminho para a volta
do crescimento no setor com impacto sobre o resto da indústria
e da economia.
No entanto,
persistem dúvidas sobre a magnitude da reativação
industrial, pois apesar de melhoras no câmbio, reduções
de custos promovidas pelo governo e a própria modernização
que as empresas vêm procurando fazer em seu parque fabril,
a concorrência do produto do exterior ainda retira mercados
dos produtos brasileiros. Isto é decorrência do agravamento
da situação internacional, que estreitou o crescimento
da economia mundial e intensificou a disputa por mercados de produtos
industriais. Assim, mesmo que o percurso da indústria seja
de recuperação no segundo semestre, 2012 poderá
ser um ano de crescimento médio virtualmente nulo para
a atividade manufatureira, repetindo o ano passado.
Além
do decisivo tema do reerguimento da competitividade industrial,
outras questões estruturais precisam ser retomadas, como
a projeção externa da economia e o investimento
em inovação. Salvo na área de commodities,
o Brasil vem se afastando muito dos mercados internacionais e,
além disso, a presença da empresa nacional no exterior
continua baixa.
O Brasil precisa
estruturar uma adequada política de comércio exterior
e de exportação de manufaturados, além de
identificar mecanismos de incentivo à internacionalização
das suas empresas. Com isso estimulará o investimento e
a produtividade em sua própria economia. Para alguns analistas,
abrir e subsidiar a importação por si só
basta para promover esses avanços, mas o motor das exportações
e da internacionalização é que nos parece
eficaz e que desenvolve a integração com cadeias
de produção internacionais, através das importações.
É a exportação o veículo para aumentar
as importações e não contrário.
O ponto do
investimento em inovação diz respeito à necessidade
de que os esforços promovidos nos últimos anos nessa
área pelo governo, juntamente com a iniciativa privada,
não sejam paralisados pelos efeitos do atual contexto internacional
de crise e pelo baixo crescimento doméstico. O fortalecimento
a longo prazo da economia e a volta de um bom padrão de
competitividade da indústria depende crucialmente do progresso
tecnológica e da inovação. Setores da iniciativa
privada, juntamente com segmentos do governo, vêm estudando
ações cabíveis para preservar os investimentos
na área.
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