Na Carta IEDI de hoje é
feita uma apreciação sobre o resultado da produção
industrial de junho. Em particular são apontadas as limitações
do crescimento registrado. Em sua magnitude, a variação
positiva no mês não foi satisfatória. Com
ajuste sazonal, a produção aumentou somente 0,2%
frente a maio, o que é pouco para dar esperanças
de que o setor já esteja melhorando seu desempenho.
Do ponto de
vista da composição do resultado industrial, no
entanto, há revelações de melhoras significativas.
Três dos quatro grandes setores por categoria de uso voltaram
a crescer após quedas expressivas, casos de bens de capital,
bens de consumo duráveis e bens semiduráveis e não
duráveis. Apenas o segmento de bens intermediários
não teve reação e continuou em declínio,
constituindo-se no principal determinante para o baixo crescimento
do mês.
É difícil
sustentar que as melhoras setoriais indiquem uma continuada volta
ao dinamismo da indústria, que na média do primeiro
semestre acumulou queda de quase 4%. Assim, a recuperação
em semiduráveis e não duráveis esteve muito
apoiada em um único ramo, no caso, farmacêutica,
assim como em bens de capital houve a colaboração
seguramente pontual e extraordinária de um aumento super
vigoroso da produção de outros meios de transportes
que não veículos, vale dizer, aviões.
E em bens
duráveis já se fez sentir o incentivo de redução
de impostos na compra de automóveis e produtos da linha
branca, o fator destacado para uma evolução forte
desse segmento no mês. Ou seja, ao menos em parte, é
possível que as melhoras observadas em junho não
se renovem, a menos que outros fatores entrem em cena.
É
exatamente isso o que o governo espera, pois vem adotando medidas
inegavelmente relevantes para desfazer antigas limitações
do nosso crescimento, mas que até agora não surtiram
efeito. Entre elas se incluem a redução da taxa
básica de juros, o empenho em cortar as excessivas taxas
cobradas no crédito, os esforços para que seja mantido
um câmbio minimamente competitivo para a economia, além
de ações de política industrial voltadas
ao desenvolvimento de uma estrutura mais atualizada e dinâmica
para a indústria.
A perspectiva
é que a volta do crescimento do setor em junho, ainda que
tênue e repleta de determinantes ocasionais, sirva para
desarmar as expectativas mais pessimistas por parte de empresários
e bancos, deixando mais livre o caminho para que as medidas adotadas
pelo governo desde o ano passado enfim se traduzam em incentivo
para o crescimento econômico.
Por isso,
é muito provável que a indústria tenha um
desempenho positivo no segundo semestre, persistindo, no entanto,
a dúvida se será suficiente para compensar o declínio
do primeiro semestre. Não é demais lembrar que as
mudanças que irão permitir ao setor industrial recuperar
sua capacidade de exportar e de concorrer com o produto importado
no mercado interno demandam tempo, o que significa dizer que talvez
o setor não seja capaz de absorver para si e para a economia
doméstica o dinamismo que deve ser originado das medidas
da política econômica. Juntamente com o inseguro
ambiente externo, isso poderá fazer com que a recuperação
industrial seja frágil e colabore para que a retomada do
PIB venha a ser apenas modesta.
Leia
aqui o texto completo desta Análise.