1º de agosto de 2012

Indústria
Sinais favoráveis


  

 
O mês de junho dá sinais de que as de medidas que o governo vem tomando para estimular a economia começam a surtir efeito. Na indústria, a produção voltou a crescer (0,2% com relação a maio, com ajuste sazonal), após três meses seguidos de desempenhos negativos. Com exceção do setor de bens intermediários, cuja produção recuou 0,9%, todos os demais grandes setores da indústria lograram resultados positivos em junho. No setor de bens de capital, a produção cresceu 1,4% e, nos setores de bens semi e não duráveis e de bens de duráveis, a variações foram mais favoráveis ainda: 1,8% e 4,8%, respectivamente. Isso não significa que a indústria entrou numa trajetória de recuperação que a levará para um crescimento mais robusto nos próximos meses. Pelo que tudo indica, ainda é cedo para dizer isso.

O fato é que os dados do segundo trimestre e do primeiro trimestre de 2012 ainda mostram resultados ruins e declinantes. No segundo trimestre deste ano com relação ao mesmo período de 2011, a produção caiu 4,5% e, na comparação com o primeiro trimestre deste ano, observa–se uma desaceleração da produção (–1,1%). Como resultado, no primeiro semestre de 2012 contra igual período do ano passado, a produção industrial como um todo recuou 3,8%, projetando uma taxa anualizada de –2,3%.

O primeiro semestre foi desfavorável para todos os grandes setores industriais: no setor de bens de capital, a produção encolheu 12,5%; no de bens duráveis, –9,4%; no de bens intermediários, –2,5%; e no de bens semi e não duráveis, –0,3%. Em termos mais desagregados, os segmentos com resultados piores no primeiro semestre do ano foram, entre outros: veículos automotores (–18,0%, sobretudo caminhões e automóveis), material elétrico e equipamentos de comunicação (–17,1%, com destaque para as quedas em telefones celulares e aparelhos de comunicação), máquinas para escritório e equipamentos de informática (–11,8%, sobretudo monitores para computadores).

Em suma, vale destacar como promissora de um início de mudança de quadro a variação positiva, na margem, da produção industrial ocorrida em junho. Pode–se ainda acrescentar a essa visão mais otimista os melhores resultados da produção industrial observados na passagem do primeiro trimestre para o segundo trimestre deste ano para bens de capital (+3,6%) e bens duráveis (+0,4%). No entanto, deve prevalecer, como sugerido acima, a cautela na avaliação das atividades da indústria nacional, já que, mesmo na margem, os resultados ainda não convencem de todo: por exemplo, a produção do setor de bens intermediários – o de maior peso dentro da indústria e que serve de “termômetro” para as compras intra–indústria – continuou negativa em junho (–0,9%, como também supracitado) e com tendência de retração.

A economia brasileira vem perdendo dinamismo interno e o agravamento da crise externa reforçou esse movimento, o qual pode ser visto de modo mais claro na evolução recente da indústria. Complementando as medidas que o governo vem adotando nos juros (redução da Selic e das taxas cobradas no crédito), no câmbio (sustentação de um nível mais competitivo) e na política industrial (desoneração da folha, dentre várias medidas), outras ações anticíclicas, sobretudo assentadas na retomada do investimento público e privado, são fundamentais para não somente tirar a economia desse momento de fraco desempenho, mas para colocá–la numa nova trajetória de crescimento sustentado.

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