O mês de junho dá sinais de que as de medidas que
o governo vem tomando para estimular a economia começam
a surtir efeito. Na indústria, a produção
voltou a crescer (0,2% com relação a maio, com ajuste
sazonal), após três meses seguidos de desempenhos
negativos. Com exceção do setor de bens intermediários,
cuja produção recuou 0,9%, todos os demais grandes
setores da indústria lograram resultados positivos em junho.
No setor de bens de capital, a produção cresceu
1,4% e, nos setores de bens semi e não duráveis
e de bens de duráveis, a variações foram
mais favoráveis ainda: 1,8% e 4,8%, respectivamente. Isso
não significa que a indústria entrou numa trajetória
de recuperação que a levará para um crescimento
mais robusto nos próximos meses. Pelo que tudo indica,
ainda é cedo para dizer isso.
O fato é
que os dados do segundo trimestre e do primeiro trimestre de 2012
ainda mostram resultados ruins e declinantes. No segundo trimestre
deste ano com relação ao mesmo período de
2011, a produção caiu 4,5% e, na comparação
com o primeiro trimestre deste ano, observa–se uma desaceleração
da produção (–1,1%). Como resultado, no primeiro
semestre de 2012 contra igual período do ano passado, a
produção industrial como um todo recuou 3,8%, projetando
uma taxa anualizada de –2,3%.
O primeiro
semestre foi desfavorável para todos os grandes setores
industriais: no setor de bens de capital, a produção
encolheu 12,5%; no de bens duráveis, –9,4%; no de
bens intermediários, –2,5%; e no de bens semi e não
duráveis, –0,3%. Em termos mais desagregados, os
segmentos com resultados piores no primeiro semestre do ano foram,
entre outros: veículos automotores (–18,0%, sobretudo
caminhões e automóveis), material elétrico
e equipamentos de comunicação (–17,1%, com
destaque para as quedas em telefones celulares e aparelhos de
comunicação), máquinas para escritório
e equipamentos de informática (–11,8%, sobretudo
monitores para computadores).
Em suma, vale
destacar como promissora de um início de mudança
de quadro a variação positiva, na margem, da produção
industrial ocorrida em junho. Pode–se ainda acrescentar
a essa visão mais otimista os melhores resultados da produção
industrial observados na passagem do primeiro trimestre para o
segundo trimestre deste ano para bens de capital (+3,6%) e bens
duráveis (+0,4%). No entanto, deve prevalecer, como sugerido
acima, a cautela na avaliação das atividades da
indústria nacional, já que, mesmo na margem, os
resultados ainda não convencem de todo: por exemplo, a
produção do setor de bens intermediários
– o de maior peso dentro da indústria e que serve
de “termômetro” para as compras intra–indústria
– continuou negativa em junho (–0,9%, como também
supracitado) e com tendência de retração.
A economia
brasileira vem perdendo dinamismo interno e o agravamento da crise
externa reforçou esse movimento, o qual pode ser visto
de modo mais claro na evolução recente da indústria.
Complementando as medidas que o governo vem adotando nos juros
(redução da Selic e das taxas cobradas no crédito),
no câmbio (sustentação de um nível
mais competitivo) e na política industrial (desoneração
da folha, dentre várias medidas), outras ações
anticíclicas, sobretudo assentadas na retomada do investimento
público e privado, são fundamentais para não
somente tirar a economia desse momento de fraco desempenho, mas
para colocá–la numa nova trajetória de crescimento
sustentado.
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