As medidas adotadas pelo governo para estimular os setores mais
atingidos pela crise industrial retardaram e amorteceram os efeitos
da retração da indústria sobre o emprego
no setor. Mas, a despeito disso, é cada vez mais evidente
que o emprego no setor não apresenta mais resistência
ao descenso da produção. Assim, mês após
mês, observa-se que o número de ocupados no setor
industrial brasileiro vem caindo. Em maio com relação
a abril, com ajuste sazonal, o emprego na indústria voltou
a recuar (–0,3%). Com relação ao mesmo mês
do ano anterior, a retração registrada em maio foi
de 1,7% – oitava queda consecutiva nessa comparação,
com nítida piora dos resultados. A consequência é
que, no acumulado do ano até maio, o emprego industrial
caiu 1,1%, com sua taxa anualizada ficando negativa em 0,3% no
mês de maio.
É o
estado de São Paulo quem mais influenciou a queda do emprego
total da indústria nos cinco primeiros meses do ano. O
número de empregados no estado paulista caiu 3,2% no acumulado
do ano até maio, seguindo a retração de 5,6%
ocorrida na produção industrial desse estado no
mesmo período. No Rio de Janeiro, cuja produção
recuou 7,1% no acumulado do ano até maio, o emprego resistiu
mais e caiu somente 0,6%.
Além
desses dois estados, em Minas Gerais, outro importante centro
industrial do País, o emprego ficou positivo nos cinco
primeiros meses do ano (1,4%), conseguindo fazer frente ao resultado
negativo de sua produção (–1,4%) registrado
no mesmo período e ajudando a contrabalançar os
resultados adversos do emprego em São Paulo e no Rio. Outras
fortes influências negativas para o emprego industrial no
acumulado do ano até maio vieram da Região Nordeste
(–1,8%), de Santa Catarina (–1,4%), do Ceará
(–3,2%) e da Bahia (–2,6%), o que mostra que o movimento
de recuo no número de ocupados na indústria está
ocorrendo em diferentes regiões do País.
Em termos
setoriais, o emprego recuou em onze dos dezoito segmentos industriais
pesquisados pelo IBGE. Os resultados adversos que mais contribuíram
para a queda do emprego industrial no acumulado do ano até
maio vieram de vestuário (–7,2%), produtos de metal
(–5,3%), calçados e couro (–6,6%), têxtil
(–5,4%), madeira (–9,4%), borracha e plástico
(–3,8%) e papel e gráfica (–4,0%). Por outro
lado, os segmentos de alimentos e bebidas (3,9%), máquinas
e equipamentos (2,4%), indústrias extrativas (4,3%) e máquinas
e aparelhos eletroeletrônicos e de comunicações
(1,7%) exerceram as maiores pressões positivas sobre o
índice do emprego nesse mesmo período.
Pode-se esperar
que as medidas que o governo vem tomando para reerguer a economia
e, em particular, a indústria nacional possam surtir efeitos
mais visíveis a partir do segundo semestre deste ano. Essa
expectativa ainda permanece, embora já se vislumbre, para
2012, resultados fracos tanto para a produção como
para o emprego industriais, os quais podem ficar mesmo muito aquém
daqueles de 2011 – que, vale lembrar, já não
foram nada favoráveis.
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