Sinais do Emprego
Julio Gomes de Almeida
– Professor da Unicamp e Ex-Secretário de Política Econômica do Ministério da Fazenda
Brasil Econômico – 25/06/2012

Não tem sido novidade o bom desempenho do emprego no Brasil, um traço que nem mesmo a fraqueza da economia nos últimos três trimestres foi capaz de modificar. A taxa de desemprego urbano é atualmente muito baixa para nossos padrões (5,8%), praticamente a metade do que era há dez anos, e o número de pessoas ocupadas voltou a crescer de modo mais expressivo após ter desacelerado em fins do ano passado. Paralelamente, a menor inflação vem permitindo uma evolução razoável do rendimento médio.

Também concorreu para os melhores resultados do emprego o menor crescimento da População Economicamente Ativa (PEA), vale dizer, a parcela das pessoas em idade de trabalhar que se apresentam no mercado de trabalho. O principal determinante disto talvez não seja o mais baixo crescimento populacional, mas, sim, as melhores condições de vida do brasileiro, o que dá às famílias um grau de liberdade maior no planejamento da inserção de seus membros no mercado de trabalho, o que acaba moderando a expansão da PEA. Emprego em alta, menor aumento da oferta de trabalho e consequente acréscimo real de rendimentos levam ao maior dinamismo do mercado interno consumidor, este o principal motor do investimento e do PIB nos últimos anos. Atualmente, a massa de rendimentos cresce 7,5% nas principais regiões metropolitanas do país, o que faz do Brasil uma das mais atrativas economias do mundo. Não tivesse sido refreada a evolução do crédito às famílias, o vigor do consumo familiar estaria nesse momento contribuindo para neutralizar as expectativas desfavoráveis que vêm deprimindo o investimento e a evolução do PIB brasileiro.

A última pesquisa de emprego do IBGE para as principais regiões metropolitanas do país traz outro resultado relevante. O mês de maio parece indicar uma melhora ímpar da geração de empregos urbanos. Em geral, os meses de maio trazem resultados favoráveis para o emprego, mas em 2012 o avanço foi excepcional. Por exemplo, em 2011, 117 mil pessoas a mais encontraram trabalho nesse mês, mas, no corrente ano foram 275 mil. A indústria contribuiu pouco, já que aí foram criados 21 mil novos postos de trabalho, a construção dispensou 55 mil pessoas e o comércio passou a ocupar apenas 15 mil pessoas a mais.

Quem fez a diferença foi o setor de serviços. Nele, o segmento de intermediação financeira, atividades imobiliárias e serviços prestados às empresas contribuiu com 68 mil novas ocupações e em outros serviços (onde se destacam os serviços pessoais), a criação de mais ocupações chegou a 89 mil. Até no emprego doméstico, que sistematicamente vinha registrando queda, houve aumento, no caso de 40 mil pessoas. Também o emprego público em atividades de administração, defesa, educação e saúde,colaborou destacadamente, com 100 mil pessoas, nesse caso, devido ao calendário eleitoral de 2012. Qualquer conclusão é prematura porque os dados são limitados a seis regiões metropolitanas, mas como em serviços a ocupação cresce com maior presteza quando de uma aceleração da atividade econômica, é possível que estejamos diante de uma reativação da economia, ainda que tênue.


Julio Gomes de Almeida é professor da Unicamp e
Ex-Secretário de Política Econômica do Ministério da Fazenda