Parece correto destacar que o resultado da atividade industrial
não foi tão ruim em abril (–0,2%) se comparado
com março (–0,5%), na tentativa de identificar aí
algum indício de que a indústria poderá apresentar
resultados mais favoráveis no segundo trimestre deste ano
e de que ela começará um processo de retomada de
sua produção. No entanto, não se pode deixar
de observar, quando se olha pelo retrovisor, que o quadro da indústria
brasileira não é nada alentador.
De fato, a
situação é bastante adversa: a retração
de 0,2% da atividade industrial em abril com relação
a março (com ajuste sazonal) resultou do recuo da produção
em doze dos catorze locais pesquisados pelo IBGE em todo o País.
Chama a atenção a forte queda da produção
industrial no Rio de Janeiro, de –2,9%. A indústria
fluminense, de grande importância na indústria brasileira,
vinha, na margem, apresentando bons resultados nos dois meses
imediatamente anteriores (fevereiro e março), o que colaborou
muito para contrabalançar os resultados negativos de São
Paulo e de Minas Gerais registrados em março.
Nota–se
também que esse comportamento negativo da indústria
fluminense é mais acentuado ao se comparar o nível
de produção de abril com aquele de igual período
do ano passado (–9,4%), como consequência de um movimento
generalizado de retração em seus diferentes segmentos
industriais – com destaques para a indústria farmacêutica
(–35,3%), veículos automotores (–29,7%) e alimentos
(–12,0%). Com o dado de abril, a indústria do Rio
de Janeiro continuou apontando queda da produção
(–7,5%) no indicador acumulado nos quatro primeiros meses
de 2012 – a maior retração entre todos os
locais pesquisados.
Em São
Paulo e em Minas Gerais, outros dois centros industriais importantes
do País, a produção também foi negativa
em abril frente a março: –0,4% e –0,1%, respectivamente
(com ajuste sazonal). Embora bem mais suaves do que a queda da
produção no Rio, os recuos das atividades industriais
em São Paulo e em Minas no mês de abril ocorreram,
como supracitado, depois de resultados negativos em março
(–0,2% e –0,7%, nessa ordem). Na comparação
com abril de 2011, a produção nas indústrias
paulistana e mineira caiu, respectivamente, 3,8% e 0,7%, e, no
acumulado dos quatro meses iniciais deste ano, os resultados também
são negativos: –5,1% e –1,4%, nessa ordem.
Na passagem
o último quadrimestre de 2011 para o primeiro quadrimestre
deste ano, o recuo da produção industrial ficou
mais intenso: de –1,8% para –2,8% (comparados com
o mesmo período do ano anterior). Essa piora refletiu,
em grande medida, o que aconteceu nas indústrias paulista
e fluminense (respectivamente, de –3,4% para –5,1%;
e de –1,8% para –7,5%). Em Minas, o resultado do primeiro
quadrimestre, como se viu, foi negativo (–1,4%), mas menos
intenso do que o registrado no último quadrimestre do ano
passado (–2,5%). O fato é que esses três estados
(São Paulo, Rio e Minas) estão dando a tônica
do comportamento da indústria também neste ano e,
como os dados do IBGE mostram, eles não apresentaram até
abril resultados mais claros que indicam uma mudança de
trajetória da produção industrial brasileira.
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