6 de junho de 2012

Indústria Regional
Trajetória ainda incerta


   

 
Parece correto destacar que o resultado da atividade industrial não foi tão ruim em abril (–0,2%) se comparado com março (–0,5%), na tentativa de identificar aí algum indício de que a indústria poderá apresentar resultados mais favoráveis no segundo trimestre deste ano e de que ela começará um processo de retomada de sua produção. No entanto, não se pode deixar de observar, quando se olha pelo retrovisor, que o quadro da indústria brasileira não é nada alentador.

De fato, a situação é bastante adversa: a retração de 0,2% da atividade industrial em abril com relação a março (com ajuste sazonal) resultou do recuo da produção em doze dos catorze locais pesquisados pelo IBGE em todo o País. Chama a atenção a forte queda da produção industrial no Rio de Janeiro, de –2,9%. A indústria fluminense, de grande importância na indústria brasileira, vinha, na margem, apresentando bons resultados nos dois meses imediatamente anteriores (fevereiro e março), o que colaborou muito para contrabalançar os resultados negativos de São Paulo e de Minas Gerais registrados em março.

Nota–se também que esse comportamento negativo da indústria fluminense é mais acentuado ao se comparar o nível de produção de abril com aquele de igual período do ano passado (–9,4%), como consequência de um movimento generalizado de retração em seus diferentes segmentos industriais – com destaques para a indústria farmacêutica (–35,3%), veículos automotores (–29,7%) e alimentos (–12,0%). Com o dado de abril, a indústria do Rio de Janeiro continuou apontando queda da produção (–7,5%) no indicador acumulado nos quatro primeiros meses de 2012 – a maior retração entre todos os locais pesquisados.

Em São Paulo e em Minas Gerais, outros dois centros industriais importantes do País, a produção também foi negativa em abril frente a março: –0,4% e –0,1%, respectivamente (com ajuste sazonal). Embora bem mais suaves do que a queda da produção no Rio, os recuos das atividades industriais em São Paulo e em Minas no mês de abril ocorreram, como supracitado, depois de resultados negativos em março (–0,2% e –0,7%, nessa ordem). Na comparação com abril de 2011, a produção nas indústrias paulistana e mineira caiu, respectivamente, 3,8% e 0,7%, e, no acumulado dos quatro meses iniciais deste ano, os resultados também são negativos: –5,1% e –1,4%, nessa ordem.

Na passagem o último quadrimestre de 2011 para o primeiro quadrimestre deste ano, o recuo da produção industrial ficou mais intenso: de –1,8% para –2,8% (comparados com o mesmo período do ano anterior). Essa piora refletiu, em grande medida, o que aconteceu nas indústrias paulista e fluminense (respectivamente, de –3,4% para –5,1%; e de –1,8% para –7,5%). Em Minas, o resultado do primeiro quadrimestre, como se viu, foi negativo (–1,4%), mas menos intenso do que o registrado no último quadrimestre do ano passado (–2,5%). O fato é que esses três estados (São Paulo, Rio e Minas) estão dando a tônica do comportamento da indústria também neste ano e, como os dados do IBGE mostram, eles não apresentaram até abril resultados mais claros que indicam uma mudança de trajetória da produção industrial brasileira.
  

 
De acordo com os dados divulgados pela Pesquisa Industrial Mensal Regional do IBGE, na passagem de março para abril, a produção industrial recuou em doze dos catorze locais pesquisados. As perdas mais acentuadas foram registradas em Goiás (–7,6%) e no Paraná (–7,0%). Amazonas (–5,8%), Ceará (–4,7%), Rio de Janeiro (–2,9%) e Rio Grande do Sul (–2,4%), região Nordeste (–0,7%), Pernambuco (–0,6%), São Paulo (–0,4%), Bahia (–0,3%), Espírito Santo (–0,2%) e Minas Gerais (–0,1%) também registraram queda na produção industrial. Por outro lado, Pará (4,3%) e Santa Catarina (0,3%) apresentaram movimento contrário, isto é, apresentaram crescimento da produção industrial nessa mesma passagem.

Na base de comparação mês contra mesmo mês do ano anterior, dez dos catorze locais mostraram queda na produção em abril. As perdas mais intensas podem ser observadas nos estados do Amazonas (–11,8%) e no Rio de Janeiro (–9,4%). Espírito Santo (–4,4%), São Paulo (–3,8%) e Ceará (–3,2%) também apontaram recuo acima da média nacional (–2,9%). As demais taxas negativas foram assinaladas por Santa Catarina (–2,3%), Rio Grande do Sul (–1,7%), Bahia (–1,4%), região Nordeste (–0,8%) e Minas Gerais (–0,7%). Por outro lado, o destaque positivo foi registrado no estado de Goiás (15,1%) assinalando a expansão mais acentuada, refletindo, em grande parte, no incremento da produção de medicamentos em abril de 2012. Os estados de Pernambuco (3,9%), Pará (3,0%) e Paraná (2,4%) também registraram resultados positivos.

A produção industrial acumulada no primeiro quadrimestre de 2012 apresentou queda em oito das quatorze localidades. Seis locais recuaram acima da média nacional (–2,8%): Rio de Janeiro (–7,5%), São Paulo (–5,1%), Santa Catarina (–5,1%), Amazonas (–4,5%), Ceará (–3,7%) e Espírito Santo (–2,9%). As demais taxas negativas ocorreram em Minas Gerais (–1,4%) e no Pará (–0,1%). Nesses locais, o menor dinamismo foi influenciado por fatores relacionados à redução na fabricação de bens de consumo duráveis (automóveis, motos, aparelhos de ar condicionado, celulares e relógios) e de bens de capital (especialmente os caminhões), além da menor produção dos setores extrativos (minérios de ferro), têxtil, vestuário e metalurgia básica. Por outro lado, os estados que obtiveram alta em seu crescimento foram: Goiás (17,9%), Paraná (6,2%), Bahia (5,6%), Pernambuco (5,2%), região Nordeste (3,2%) e o Rio Grande do Sul (1,1%).

A redução no ritmo de crescimento do setor industrial no último quadrimestre de 2011 (–1,8%) para o primeiro de 2012 (–2,8%) em nível nacional refletiu a queda em sete dos 14 locais pesquisados. Com destaque para queda no crescimento nos estados do Amazonas (de 7,8% para –4,5%), Rio de Janeiro (de –1,8% para –7,5%), Paraná (de 11,6% para 6,2%), Espírito Santo (de 2,0% para –2,9%) e Pará (de 3,5% para –0,1%). Os maiores ganhos entre os dois períodos foram observados na Bahia (de –3,5% para 5,6%), Goiás (de 10,0% para 17,9%) e região Nordeste (de –2,4% para 3,2%).

 

 
Pernambuco. Em abril, frente março, com dados já descontados dos efeitos sazonais, a produção industrial pernambucana apresentou recuo de 0,6%. No confronto com abril de 2011, constatou-se avanço de 3,9%, taxa influenciada pelos setores: metalurgia básica (18,2%), máquinas, aparelhos e materiais elétricos (13,2%) e produtos químicos (7,0%). Em sentido oposto, o único setor a apresentar queda foi o de produtos de metal (–19,1%). No acumulado no ano de 2012, a produção industrial obteve alta de 5,2%. Os setores de metalurgia básica (21,0%), minerais não metálicos (12,2%), celulose, papel e produtos de papel (9,8%) e máquinas, aparelhos e materiais elétricos (8,3%) apresentaram alta em sua produção. Por outro lado, o setor de produtos têxteis (–6,8%) apresentou queda em sua produção.

Goiás. Em abril, frente março, com dados já descontados dos efeitos sazonais, a produção industrial goiana apresentou queda de 7,6%. No confronto com abril de 2011, constatou-se avanço de 15,1%, taxa influenciada pelos setores: produtos químicos (84,7%), metalurgia básica (15,1%) e minerais não metálicos (13,4%). Já a única contribuição negativa foi observada pelo setor de alimentos e bebidas (–2,0%). No acumulado no ano de 2012 até abril, a produção industrial aumentou 17,9%, com destaque para o crescimento nos setores de produtos químicos (84,7%) e minerais não metálicos (16,8%).

Amazonas. Em abril, a indústria amazonense apresentou queda de (5,8%), com dados livres de efeitos sazonais. Na comparação mensal (mês/ mesmo mês do ano anterior), o estado registrou queda de 11,8%, taxa impulsionada pelos setores de: máquinas e equipamentos (–29,8%), refino de petróleo e produção de álcool (–25,7%) e outros equipamentos de transporte (–19,4%). Por outro lado, duas únicas contribuições positivas podem ser observadas pelos setores de produtos químicos (46,2%) e alimentos e bebidas (3,9%). No acumulado no ano de 2012 a produção industrial recuou 4,5%, com destaque para a queda de crescimento nos setores de máquinas e equipamentos (–21,4%), edição, impressão e reprodução de gravações (–10,8%) e outros equipamentos de transporte (–9,0%).

 

 

 

 

 

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