Os dados que o IBGE divulgou hoje sobre o PIB deixam claros os
delineamentos da economia brasileira desde meados do ano passado,
nenhum deles, a propósito, favoráveis. Primeiro,
são três trimestres de desempenho pífio do
PIB global, o que se não caracteriza um processo recessivo,
define indubitavelmente o quadro econômico recente como
de estagnação. Segundo, se na formação
desse quadro a crise industrial teve preponderante papel, atualmente
não há macro-setor econômico brasileiro que
não passe por dificuldades refletidas seja em crescimento
negativo ou forte desaceleração. Em uma parcela
que achamos ser importante, o contágio da retração
industrial responde por essa generalização da fase
adversa pela qual passa a economia brasileira.
Terceiro,
se já era claros os sinais de problemas na sustentação
do grande dinamismo outrora vigente no consumo das famílias,
os dados mais atualizados mostram que está no investimento
– que declinou cada vez mais ao longo dos últimos
três trimestres – a matriz da reversão da fase
de crescimento para a de estagnação econômica.
O inevitável encolhimento das inversões industriais
diante do quadro de forte declínio da produção
da indústria que seguidamente perdeu mercado para o produto
importado é fator decisivo para a redução
dos investimentos totais realizados na economia.
Em suma, a
economia está estagnada e isto não é mais
fruto só dos problemas da indústria. E a melhor
orientação de política de combate ao quadro
atual não mais deve ter a ênfase que anteriormente
teve com sucesso no incentivo ao consumo, mas, sim, deve incentivar
o investimento nas linhas que o IEDI já vem sublinhando:
reforço do investimento público em infraestrutura,
mais amplas iniciativas de parcerias com o setor privado nesse
setor e incentivos poderosos e de grande eficácia para
ativar o investimento privado em todos os setores da economia,
inclusive o setor industrial. O instrumento para tanto é
a depreciação acelerada para inversões que
se realizarem nos próximos doze meses.