O tema diz respeito tanto às exportações
quanto às importações e complementa os indícios
de que a economia brasileira está fraca. As exportações
não vão bem, refletindo a situação
mundial de agravamento da retração da economia europeia
e a desaceleração na China. Quanto às importações,
estas desaceleram sua evolução, um reflexo de que
internamente a economia funciona mal. Fraca demanda externa e
debilidade dos componentes domésticos de demanda é
o que indicam, em suma, os resultados do comércio exterior
brasileiro nesses meses iniciais de 2012.
As vendas
para o exterior por dia útil com ajuste sazonal caíram
6,8% em abril relativamente a março e no acumulado dos
quatro primeiros meses de 2012 tiveram aumento de apenas 2% frente
ao mesmo período do ano passado. Se tivermos presente que
no último quadrimestre de 2011 evoluíam a uma taxa
como 19,4% sobre igual período do ano anterior, teremos
a dimensão da mudança das condições
externas entre o ano passado e o corrente ano. Acompanhando os
preços já não tão favoráveis
das commodities, a mudança ocorreu principalmente em produtos
básicos, onde o crescimento passa de 27,2% para 2% entre
o último quadrimestre de 2011 e o primeiro de 2012, e em
produtos semimanufaturados, onde uma expansão de 18,2%
deu lugar a um declínio de 3,3%. Nas vendas de manufaturados
o impacto da situação internacional se alia à
baixa competitividade do produto nacional, de forma que um crescimento
de 10,6% nos meses finais do ano passado se transforma em aumento
de 3,5% no início deste ano. Definitivamente, mantido o
presente quadro da economia mundial, não parece que devemos
contar este ano com um reforço do crescimento doméstico
originado das exportações, pelo contrário.
Do lado das
importações, o mês de abril com relação
a março com dados corrigidos pela sazonalidade registrou
uma variação positiva na compra de bens intermediários
(+4,4%), o que sugere melhora na produção industrial.
Mas mesmo que o contexto fique um pouco mais favorável
na margem, a fraqueza da atividade doméstica é sugerida
pelo encolhimento da importação de insumos em abril
último com relação a abril de 2011, que chegou
a 6,6%. Quedas também ocorreram para bens de capital (-0,6%),
e, sobretudo, para bens de consumo (-11,1%) sob a liderança
de automóveis. O primeiro resultado denota a baixa disposição
de investir dos empresários e o segundo constitui um indício
a mais de que o ciclo de consumo de duráveis que tanto
ajudou em impulsionar o crescimento nos últimos anos e
que foi decisivo em proteger a economia brasileira do contágio
da crise internacional, sofre hoje uma descontinuidade.
Os dados de
importação dão outra indicação
preocupante: a intensidade com que se deu o recuo da evolução
das importações pode ser indicativa da rapidez da
mudança do ciclo econômico brasileiro. Assim, se
as compras totais de produtos estrangeiros nos quatro meses finais
do ano passado cresciam 19,5% contra o mesmo período do
ano anterior, nos quatro meses iniciais do corrente ano o crescimento
recua para 4,9%. Em bens de capital, esses percentuais foram de
13,1% e 4,2%, em bens intermediários, de 10,3% e 1,3%,
e em bens de consumo, de 17% e 6,1%.