21 de maio de 2012

Economia e Política Econômica
Comércio exterior e fraqueza da economia


  

 
O tema diz respeito tanto às exportações quanto às importações e complementa os indícios de que a economia brasileira está fraca. As exportações não vão bem, refletindo a situação mundial de agravamento da retração da economia europeia e a desaceleração na China. Quanto às importações, estas desaceleram sua evolução, um reflexo de que internamente a economia funciona mal. Fraca demanda externa e debilidade dos componentes domésticos de demanda é o que indicam, em suma, os resultados do comércio exterior brasileiro nesses meses iniciais de 2012.

As vendas para o exterior por dia útil com ajuste sazonal caíram 6,8% em abril relativamente a março e no acumulado dos quatro primeiros meses de 2012 tiveram aumento de apenas 2% frente ao mesmo período do ano passado. Se tivermos presente que no último quadrimestre de 2011 evoluíam a uma taxa como 19,4% sobre igual período do ano anterior, teremos a dimensão da mudança das condições externas entre o ano passado e o corrente ano. Acompanhando os preços já não tão favoráveis das commodities, a mudança ocorreu principalmente em produtos básicos, onde o crescimento passa de 27,2% para 2% entre o último quadrimestre de 2011 e o primeiro de 2012, e em produtos semimanufaturados, onde uma expansão de 18,2% deu lugar a um declínio de 3,3%. Nas vendas de manufaturados o impacto da situação internacional se alia à baixa competitividade do produto nacional, de forma que um crescimento de 10,6% nos meses finais do ano passado se transforma em aumento de 3,5% no início deste ano. Definitivamente, mantido o presente quadro da economia mundial, não parece que devemos contar este ano com um reforço do crescimento doméstico originado das exportações, pelo contrário.

Do lado das importações, o mês de abril com relação a março com dados corrigidos pela sazonalidade registrou uma variação positiva na compra de bens intermediários (+4,4%), o que sugere melhora na produção industrial. Mas mesmo que o contexto fique um pouco mais favorável na margem, a fraqueza da atividade doméstica é sugerida pelo encolhimento da importação de insumos em abril último com relação a abril de 2011, que chegou a 6,6%. Quedas também ocorreram para bens de capital (-0,6%), e, sobretudo, para bens de consumo (-11,1%) sob a liderança de automóveis. O primeiro resultado denota a baixa disposição de investir dos empresários e o segundo constitui um indício a mais de que o ciclo de consumo de duráveis que tanto ajudou em impulsionar o crescimento nos últimos anos e que foi decisivo em proteger a economia brasileira do contágio da crise internacional, sofre hoje uma descontinuidade.

Os dados de importação dão outra indicação preocupante: a intensidade com que se deu o recuo da evolução das importações pode ser indicativa da rapidez da mudança do ciclo econômico brasileiro. Assim, se as compras totais de produtos estrangeiros nos quatro meses finais do ano passado cresciam 19,5% contra o mesmo período do ano anterior, nos quatro meses iniciais do corrente ano o crescimento recua para 4,9%. Em bens de capital, esses percentuais foram de 13,1% e 4,2%, em bens intermediários, de 10,3% e 1,3%, e em bens de consumo, de 17% e 6,1%.
 

 

 

 

 

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