Uma classificação dos segmentos industriais brasileiros
segundo a intensidade tecnológica (que segue uma metodologia
da OCDE) mostra que a crise da indústria brasileira concentra-se,
sobretudo, nos segmentos de maior intensidade tecnológica.
De fato, no trimestre inicial de 2102 a indústria de transformação
produziu 3,1% a menos do que no primeiro trimestre de 2011. A
queda foi maior em média-alta intensidade, com redução
de 7,3%. O segmento de alta tecnologia teve declínio de
3,0%.
Observe-se
que as faixas de alta e média-alta intensidade concentram
a produção de bens duráveis e de capital,
cujos ciclos, que tanto ajudaram no crescimento da economia brasileira
no período recente, mostram sinais de desaceleração.
Quanto ao
agrupamento de indústrias de média-baixa intensidade,
seu declínio foi de 0,8%, e no que diz respeito à
faixa de baixa intensidade tecnológica, a mesma produziu
0,7% menos no trimestre inicial de 2012.
A adoção
de mais medidas, ampliando o alcance do Plano Brasil Maior e os
esforços no sentido de reduzir a taxa de juros, reflete
a preocupação das autoridades governamentais com
a situação da indústria de transformação.
Os passos que estão sendo seguidos são na direção
de tentar reverter expectativas empresariais, principalmente neste
momento em que os números do mercado de trabalho ainda
são favoráveis. A atuação sobre a
taxa de juros tem duplo caráter: tanto recuperar o crédito
e manter aceso o mercado interno em momento adverso para as economias
avançadas, quanto dirimir a perda de competitividade que
a indústria sofreu por conta da taxa de câmbio, pois
se espera que, com taxa de juros menor, haja algum nível
de depreciação cambial.