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Já sabemos que a evolução da produção
industrial é recessiva nos últimos meses (–1,6%,
–2,2%, –2,7%, –1,2%, –2,8%, –4,0%,
–2,1%, respectivamente, de setembro do ano passado a março
último), e que, no primeiro trimestre do ano, a atividade
produtiva da indústria é 3,0% menor do que a de
igual período de 2011.
Com os dados
do emprego industrial divulgados hoje pelo IBGE, esse quadro da
indústria brasileira ganhou mais uma pincelada cinza. A
evolução do número de ocupados na indústria
voltou a cair em março (–0,4% frente a fevereiro,
com ajuste sazonal) e, na série que compara mês com
o mesmo mês do ano anterior, a trajetória de queda
ficou mais acentuada: –0,3%, –0,5%, –0,4%, –0,4%,
–0,7%, –1,2 %, nessa ordem, de outubro de 2011 a março
deste ano.
O resultado
é que, no primeiro trimestre, o emprego industrial acumula
retração de 0,8% com relação a igual
período do ano passado – um dos piores resultados
de sua série histórica para um primeiro trimestre.
Um dos pontos
agravantes desse cenário da indústria nacional é
o que vem ocorrendo em São Paulo. O número de ocupados
na indústria paulista vinha recuando a taxas expressivas
de maio do ano passado até fevereiro deste ano (–0,6%,
–1,2%, –1,7%, –1,4%, –2,1%, –3,3%,
–3,5%, –3,1%, –3,0%, –2,9%) e, em março
último, o resultado não foi diferente: –3,5%
(todas as taxas calculadas com relação ao mesmo
mês do ano anterior). No primeiro trimestre, o emprego industrial
em São Paulo caiu 3,1% frente ao mesmo trimestre de 2011
– e a produção, vale lembrar, recuou 6,2%
nessa mesma comparação.
Em termos
setoriais, o emprego industrial recuou, no primeiro trimestre,
em dez dos dezoito setores investigados pelo IBGE. A ocupação
caiu em setores mais tradicionais – como vestuário
(–6,5%), têxtil (–5,1%), calçados e couro
(–7,0%) e madeira (–10,2%) –, em setores produtores
de commodities – papel e gráfica (–3,8%), minerais
não-metálicos (–1,1%) e metalurgia básica
(–2,9%) – e em outros como produtos de metal (–5,5%),
borracha e plástico (–4,2%) e fumo (–5,7%).
Não
está claro qual será o comportamento tanto da produção
industrial quanto dos ocupados na indústria neste segundo
trimestre. É mais provável que, no período
abril-junho, ambos não apresentem resultados favoráveis
que possam sinalizar uma inequívoca recuperação.
Tudo indica que uma possível recuperação
só virá no segundo semestre do ano – como
pode ser visto pelo número de horas pagas na indústria
(um indicador antecedente de desempenho do emprego), que recuou
1,2% em março frente a fevereiro, com ajuste sazonal, e
que vem caindo desde setembro de 2011 na série que compara
mês com mesmo mês do ano anterior.
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Em março, o total dos ocupados na indústria geral recuou
0,4% em relação ao mês anterior, a partir de dados
livres dos efeitos sazonais, após apontar variação
positiva de 0,1% em fevereiro. No confronto entre março 2012 e
março 2011, verificou-se queda dos ocupados assalariados em 1,2%,
a sexta variação negativa consecutiva. No acumulado em 2012
até março, a variação foi negativa em 0,8%.
Em doze meses terminados em março, frente aos 12 meses imediatamente
anteriores, a ocupação na indústria total cresceu
apenas 0,2%, e prosseguiu com a trajetória descendente iniciada
em fevereiro de 2011 (3,9%).
Regionalmente, na
comparação com o mesmo mês do ano anterior, houve
decréscimo do pessoal assalariado ocupado na indústria em
nove dos quatorze locais pesquisados. O principal impacto negativo sobre
a média global foi observado em São Paulo (–3,2%),
com destaque para a redução no total do pessoal ocupado
nas indústrias de produtos de metal (–14,3%). Acompanharam
tal tendência a região Nordeste (–2,4%), Santa Catarina
(–1,4%) e Ceará (–3,2%). Por outro lado, o número
de ocupados no Paraná cresceu 3,2%, com destaque setor de alimentos
e bebidas (8,8%). Já, no estado de Minas Gerais, o emprego industrial
aumentou 1,9%.
No primeiro trimestre,
frente o mesmo período de 2011, 8 locais apresentaram queda da
ocupação industrial, com destaque São Paulo (–3,1%),
região Nordeste (–1,4%), Santa Catarina (–1,4%), Ceará
(–3,2%) e Bahia (–2,3%). Por outro lado, Paraná (4,0%)
e Minas Gerais (1,9%) exerceram as maiores pressões positivas.
Em março, 11
dos 18 setores industriais pesquisados pelo IBGE, na comparação
com março de 2011, observaram queda no total de ocupados. Podemos
destacar as pressões negativas vinda de vestuário (–6,8%),
produtos de metal (–6,2%), calçados e couro (–6,5%),
têxtil (–5,7%), madeira (–9,9%), borracha e plástico
(–3,8%) e papel e gráfica (–3,7%). Por outro lado,
os setores de alimentos e bebidas (3,3%), máquinas e equipamentos
(2,7%) e indústrias extrativas (4,5%), exerceram os principais
impactos positivos sobre o total da indústria.
Número de Horas Pagas. O número de horas
pagas na indústria, na passagem de fevereiro para março,
apresentou resultado negativo (–1,2%), após registrar alta
de 1,3% em fevereiro último. No confronto com igual mês do
ano anterior, o número de horas pagas recuou 1,5% em março
(a sétima taxa negativa consecutiva nesse tipo de confronto). No
acumulado no ano, frente o mesmo período de 2011, a queda foi na
ordem de 1,2%. No índice acumulado nos últimos doze meses,
ao assinalar variação de –0,4% em março de
2012, apontou a queda mais intensa desde junho de 2010 (–0,9%) e
permaneceu com a trajetória descendente iniciada em fevereiro de
2011 (4,5%).
Folha de Pagamento
Real. Na passagem entre fevereiro para março de 2012,
a folha de pagamento real registrou queda de 0,7%. O indicador mensal
(mês/mesmo mês do ano anterior) assinalou acréscimo
de 4,2%, 27º resultado positivo consecutivo nesse tipo de comparação.
O índice acumulado no ano apontou avanço de 4,6% frente
a igual período do ano anterior. Já o índice acumulado
nos últimos doze meses cresceu 3,9% em março de 2012, prosseguindo
com a redução no ritmo de crescimento iniciada em maio de
2011 (7,3%).
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