10 de maio de 2012

Indústria Regional
Principais centros produtivos em descenso


   

 
O momento adverso pelo qual a indústria brasileira passa fica mais evidente com os resultados da atividade industrial regional divulgados hoje pelo IBGE. Pode-se observar que o desempenho negativo da indústria no primeiro trimestre deste ano (–3,0%) decorreu da retração da produção nos três principais parques industriais do País. Em São Paulo, no Rio de Janeiro e em Minas Gerais a produção industrial recuou, respectivamente, 6,2%, 6,8% e 1,4% no acumulado dos três meses iniciais deste ano com relação a igual período de 2011.

No Estado paulista, em doze dos vinte setores industriais pesquisados a produção foi negativa no primeiro trimestre. Quem mais puxou para baixo a produção foram os setores de Veículos automotores (–24,4%), Máquinas, aparelhos e materiais elétricos (–16,0%), Material eletrônico, aparelhos e equipamentos de comunicações (–30,5%), Outros produtos químicos (–7,2%) e Farmacêutica (–7,7%).

No Rio de Janeiro, o número de setores cuja produção recuou no primeiro trimestre foi, em termos relativos, maior que o de São Paulo: dez dos treze setores pesquisados pelo IBGE. As influências mais negativas para a indústria fluminense vieram das atividades de Veículos automotores (–39,0%), Refino de petróleo e produção de álcool (–8,1%) e Farmacêutica (–14,9%).

Em Minas, os resultados são menos desfavoráveis. A queda de 1,4% da produção industrial mineira no primeiro trimestres do ano decorreu da retração das atividades produtivas em seis dos treze setores pesquisados. Os impactos mais negativos vieram dos setores de Metalurgia básica (–10,0%), Veículos automotores (–4,7%) e Indústrias extrativas (–4,4%).

Vale notar também que, nesses três estados, houve uma piora da produção industrial na passagem do quarto trimestre do ano passado para o primeiro trimestre deste ano. Em São Paulo, de uma queda de 4,4% no último trimestre de 2011 passou-se para a retração supracitada de 6,2% nos primeiros três meses deste ano. No Rio, de –2,5% para –6,8%; e em Minas, de –1,3% para –1,4% – todas as taxas calculadas com relação a igual período do ano anterior.

A indústria brasileira, observada pela evolução desses estados – sobretudo pelo desempenho de São Paulo – está em recessão. A desaceleração da economia brasileira é mais um fator que explica (e, talvez, hoje de modo preponderante) esse quadro do setor. A recuperação da indústria ficará, provavelmente, para o segundo semestre, e um crescimento mais sustentável e vigoroso de suas atividades ocorrerá quando for observado um novo ciclo de investimentos no País, já que aquele ciclo robusto iniciado em 2007 (capitaneado pela produção de bens de capital e duráveis) parece ter ficado para trás.
  

 
De acordo com os dados divulgados pela Pesquisa Industrial Mensal Regional do IBGE, na passagem de fevereiro para março, com ajuste sazonal, a produção industrial avançou em cinco dos catorze locais pesquisados. Os estados da Bahia (–1,3%), Minas Gerais (–0,7%), Santa Catarina (–0,7%), São Paulo (–0,3%) e região Nordeste (–0,5%) apresentaram queda na produção industrial. Já os estados do Paraná (9,8%), Goiás (6,7%), Amazonas (6,5%), Rio Grande do Sul (2,6%), Rio de Janeiro (2,5%), Ceará (1,9%), Pará (0,9%), Pernambuco (0,4%) e Espírito Santo (0,3%) apresentaram movimento contrário, isto é, apresentaram crescimento da produção industrial na passagem de fevereiro para março.

Na base de comparação mês contra mesmo mês do ano anterior, os estados de São Paulo (–6,2%), Santa Catarina (–6,0%), Rio de Janeiro (2,4%), Espírito Santo (–2,4%) registraram quedas superiores à média nacional (–2,1%). As demais taxas negativas foram assinaladas por região Nordeste (–1,4%), Minas Gerais (–0,7%) e Bahia (–0,7%). Por outro lado, o destaque positivo foi registrado no estado de Goiás, cuja produção cresceu 24,7%, refletindo, em grande parte, a maior produção do setor de produtos químicos (70,2%). Também registraram resultados positivos: Paraná (15,0%), Pará (5,5%), Rio Grande do Sul (1,5%), Ceará (1,3%), Amazonas (0,3%) e Pernambuco (0,1%).

A produção industrial acumulada entre janeiro e março apresentou queda em oito das quatorze localidades. Quatro locais recuaram acima da média nacional (-3,0%): Rio de Janeiro (–6,8%), São Paulo (–6,2%), Santa Catarina (–5,9%) e Ceará (–4,3%). As demais taxas negativas foram: Espírito Santo (–2,4%), Amazonas (–2,0%), Minas Gerais (–1,4%) e Pará (–1,2%). Nesses locais, o menor dinamismo foi influenciado por fatores relacionados à redução na fabricação de bens de consumo duráveis (automóveis, motos, aparelhos de ar condicionado e telefones celulares) e de bens de capital (especialmente os caminhões), além da menor produção dos setores extrativos (minérios de ferro), têxtil, vestuário e metalurgia básica. Por outro lado, os estados que obtiveram alta em seu crescimento foram: Goiás (18,8%), Bahia (8,0%), Paraná (7,4%), Pernambuco (5,6%), região Nordeste (4,0%) e Rio Grande do Sul (2,1%).

A redução no ritmo de crescimento do setor industrial no índice acumulado nos últimos doze meses na passagem de fevereiro para março (-1,1%) refletiu em 7 dos 14 locais pesquisados. Com destaque para queda no crescimento nos estados do Ceará (-10,4%) e em Santa Catarina (-6,6%). As principais expansões foram assinaladas em Goiás (11,4%), Paraná (7,7%) e Amazonas (4,1%).

 

 
Paraná. Em março, frente fevereiro, com dados já descontados dos efeitos sazonais, a produção industrial paranaense apresentou avanço de 9,8%. No confronto com março de 2011, constatou-se avanço de 15,0%, taxa influenciada pelos setores: edição, impressão e reprodução de gravações (89,2%), refino de petróleo e produção de álcool (17,7%) e veículos automotores (14,0%). Em sentido oposto, o único setor a apresentar queda foi o de máquinas e equipamentos (–11,7%). No acumulado no ano de 2012, a produção industrial obteve alta de 7,4%. Os setores de edição, impressão e reprodução de gravações (60,9%), madeira (22,8%) e refino de petróleo e produção de álcool (12,3%), apresentaram alta. Por outro lado, o setor de veículos automotores (–11,5%) apresentou queda em sua produção.

Goiás. Em março, frente fevereiro, com dados já descontados dos efeitos sazonais, a produção industrial goiana apresentou avanço de 6,7%. No confronto com março de 2011, constatou-se avanço de 24,7%, taxa influenciada pelos setores: produtos químicos (70,2%), minerais não metálicos (28,3%) e metalurgia básica (23,7%). Já a principal contribuição negativa foi observada pelo setor de indústria extrativa (–4,0%). No acumulado no ano de 2012 até março, a produção industrial atingiu (18,8%), com destaque para o crescimento nos setores de produtos químicos (84,7%) e minerais não metálicos (18,1%).

São Paulo. Em março, a indústria paulista apresentou queda de (0,3%), com dados livres de efeitos sazonais. Na comparação mensal (mês/ mesmo mês do ano anterior), o estado registrou queda de 6,2%, taxa influenciada pelos setores de máquinas, aparelhos e materiais elétricos (–16,0%), produtos de metal (–14,2%) e edição, impressão e reprodução de gravações (–13,7%). Por outro lado, as principais contribuições positivas podem ser observadas pelos setores de material eletrônico, aparelhos e equipamentos de comunicações (31,9%) e outros equipamentos de transporte (16,4%).

 

 

 

 

 

Leia outras edições de Análise IEDI na seção Economia e Indústria do site do IEDI


Leia no site do IEDI: Efeitos da Dupla Assimetria Cambial na Indústria Brasileira – Estudos de Casos - Estudo que mostra as consequências, do ponto de vista dos empresários da indústria brasileira, da dupla assimetria cambial existente na economia brasileira, que possui moeda apreciada ao mesmo tempo em que compete com países concorrentes que praticam uma política cambial agressiva, com taxa de câmbio real sobre-desvalorizada.