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O desempenho desfavorável da indústria neste início
de ano não é somente dado pela sua falta de competitividade.
As debilidades e as incertezas que rondam as principais economias
do mundo também contam. Além disso, e neste momento
talvez exercendo o maior impacto negativo, a desaceleração
da economia brasileira é outro fator que está inibindo
uma possível retomada das atividades produtivas da indústria.
A recuperação tão esperada do setor provavelmente
ficará para o segundo semestre, o que compromete o crescimento
da produção industrial neste ano, cuja taxa é,
considerando os indicadores disponíveis, estimada em torno
de 1,7%.
De acordo
com o IBGE, a produção industrial caiu 0,5% em março
com relação a fevereiro, na série com ajuste
sazonal. Esse resultado confirma um início de ano bastante
fraco da indústria brasileira: no primeiro trimestre frente
a igual período de 2011, a produção industrial
recuou 3,0%. Com exceção de 2009 – ano mais
grave da crise internacional – essa é a maior queda
para um primeiro trimestre desde 1999. Vale dizer também
que tal comportamento é o oposto do observado em 2010 e
2011, quando a produção iniciou o ano com mais vigor
(e depois, com se sabe, foi desacelerando).
Na comparação
trimestre contra trimestre imediatamente anterior com ajuste sazonal,
o que dá uma ideia da evolução na margem
da produção industrial, os resultados gerais também
não são animadores. A atividade produtiva da indústria
vem recuando desde o segundo trimestre do ano passado e manteve-se
negativa nos três primeiros meses deste ano: –0,4%,
–0,8%, –1,6% e –0,5%, respectivamente, do segundo
trimestre de 2011 até o presente.
O desempenho
da indústria no primeiro trimestre de 2012 reflete o que
vem ocorrendo nos seus grandes setores. Frente a igual período
de 2011, os níveis de produção recuaram fortemente
nos setores de bens de consumo duráveis (–11,6%),
de bens de capital (–11,4%) denotando que há uma
desaceleração intensa (senão já uma
queda livre) dos ciclos de investimento e de bens duráveis,
os quais em grande medida modulavam o crescimento industrial do
país. Já em bens intermediários a retração
foi de 1,3%. O único setor em que ocorreu aumento da produção
no primeiro trimestre foi o de bens de consumo semi e não
duráveis, cujo crescimento, modesto, chegou a 0,9%.
Em bens duráveis,
o recuo de 11,6% no primeiro trimestre deveu-se, sobretudo, ao
desempenho negativo de automóveis (–18,6%) e celulares
(–19,8%), enquanto a queda de 11,4% de bens de capital refletiu
a retração da produção de bens de
capital para transporte (–16,3%), para energia (–22,4%),
para construção (–12,6%), e para uso misto
(–8,6%). Notar que a produção de bens de capital
para a indústria e para a agricultura tiveram índices
positivos no primeiro trimestre, com aumentos de 1,2% e 10,8%,
nessa ordem. No setor de bens intermediários, sobressaiu
a queda de 10,4% de têxteis utilizados como insumos. Por
fim, quem segurou o setor de bens de consumo semi e não
duráveis neste primeiro trimestre (0,9%, como dito acima)
foi, em grande medida, o segmento de álcool e gasolina
(carburantes), cuja produção cresceu 11,1% com relação
ao primeiro trimestre de 2011.
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Segundo dados divulgados pelo IBGE, a produção industrial
de março registrou variação negativa de 0,5% frente
a fevereiro na série livre de influências sazonais, após
ter apresentado avanço de 1,3% no mês anterior. Na comparação
com março de 2011 a indústria assinalou queda de 2,1%. A
indústria acumulou decréscimo de 3,0% no primeiro trimestre
do ano em comparação ao mesmo período de 2011. O
indicador acumulado dos últimos doze meses frente a igual período
imediatamente anterior apresentou variação negativa (–1,1%),
mantendo a trajetória de menor ritmo iniciada em outubro de 2010
(11,8%).
Entre as categorias
de uso, na comparação com o mês imediatamente anterior,
os setores produtores de bens intermediários (–0,9%) e de
bens de consumo semi e não duráveis (–0,8%) apontaram
as taxas negativas do mês de março. Por outro lado, os segmentos
de bens de capital (3,8%) e de bens de consumo duráveis (3,4%)
mostraram avanço na produção nesse mês.
Os índices
por categorias de uso na comparação com igual mês
do ano anterior confirmam o predomínio de taxas negativas: bens
de capital (–5,7%) e bens de consumo duráveis (–4,7%)
registrando ritmo de queda superior ao do total da indústria (–2,1%).
O setor produtor de bens intermediários (–2,0%) também
assinalou queda. A produção de bens de consumo semi e não
duráveis (0,6%) foi a única que mostrou crescimento em março
de 2012.
No acumulado do ano,
registrou-se menor dinamismo para bens de consumo duráveis (–11,6%)
e bens de capital (–11,4%), pressionados especialmente pela menor
produção de automóveis, no primeiro grupamento, e
de bens de capital para transportes (caminhões) no segundo. O setor
produtor de bens intermediários (–1,3%) apontou recuo menos
acentuado que o da média da indústria (–3,0%), enquanto
o segmento de bens de consumo semi e não duráveis, com expansão
de 0,9%, assinalou o único resultado positivo.
O recuo de 0,5% da
indústria entre fevereiro e março alcançou dezoito
dos vinte e sete ramos pesquisados, com destaque para as perdas registradas
por edição, impressão e reprodução
de gravações (–7,1%), refino de petróleo e
produção de álcool (–3,6%), outros produtos
químicos (–2,3%), equipamentos de instrumentação
médico-hospitalar, ópticos e outros (–10,1%), material
eletrônico, aparelhos e equipamentos de comunicações
(–6,9%), produtos de metal (–3,4%), indústrias extrativas
(–1,8%) e farmacêutica (–2,1%). Entre as atividades
que avançaram a produção nesse mês, a principal
influência sobre o total da indústria ficou com veículos
automotores (11,5%).
Na comparação
com igual mês do ano anterior, a produção industrial
mostrou queda de 2,1%. Vale citar que março de 2012 (22 dias) teve
um dia útil a mais que igual mês do ano anterior (21). Entre
os ramos, o segmento de veículos automotores, que recuou 7,5%,
exerceu a maior influência negativa. Outras contribuições
negativas relevantes sobre o total nacional vieram de material eletrônico,
aparelhos e equipamentos de comunicações (–18,4%),
metalurgia básica (–6,5%), produtos de metal (–9,8%),
máquinas, aparelhos e materiais elétricos (–10,8%),
edição, impressão e reprodução de gravações
(–7,2%), têxtil (–8,0%) e máquinas e equipamentos
(–1,9%). Por outro lado, ainda na comparação com março
de 2011, entre os onze setores que registraram taxas positivas, os principais
impactos ficaram com os setores de outros equipamentos de transporte (11,3%),
bebidas (6,8%) e outros produtos químicos (2,9%).
No índice acumulado
para os três primeiros meses de 2012, frente a igual período
do ano anterior, o recuo foi de 3,0%, devido à queda da produção
em quinze dos vinte e sete ramos investigados. A fabricação
de veículos automotores registrou a maior pressão negativa
no índice com queda de 20,4%, seguido por máquinas, aparelhos
e materiais elétricos (–12,1%), material eletrônico,
aparelhos e equipamentos de comunicações (–13,1%),
máquinas para escritório e equipamentos de informática
(–12,7%), metalurgia básica (–3,7%), borracha e plástico
(–5,1%), têxtil (–7,5%) e vestuário e acessórios
(–14,1%). Entre as variações positivas, podemos destacar
outros produtos químicos (5,7%), refino de petróleo e produção
de álcool (4,3%), equipamentos de instrumentação
médico-hospitalar, ópticos outros (14,7%), outros equipamentos
de transporte (5,5%) e alimentos (1,4%).
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