O crescimento de 1,3% da produção industrial em
fevereiro com relação a janeiro, com ajuste sazonal,
decorreu, sobretudo, do desempenho positivo das atividades industriais
no Rio de Janeiro (3,7%), em Minas Gerais (3,0%) e em São
Paulo (1,5%). Esse pode ser um bom sinal, mas ele deve ser interpretado
com muito cuidado, pois o desempenho recente da produção
industrial nesses estados não é nada favorável.
No caso de São Paulo, a alta de 1,5% em fevereiro “devolve”
a queda de 1,0% registrada em janeiro. Já, para o Rio,
isso não ocorreu, pois a retração em janeiro
foi de 6,2% (após um recuo também expressivo em
dezembro de 2011, que foi de 3,4%). No caso de Minas, apesar de
o crescimento de 3,0% mais que compensar a queda de 1,1% registrada
em janeiro, ele não repõe a retração
de 2,6% de dezembro último.
É cedo
para dizer que há uma retomada da produção
industrial no País a partir dos dados de fevereiro. Os
números do IBGE ainda apontam para uma trajetória
de retração das atividades produtivas da indústria
nacional. Ao se tomar as taxas de variação de determinado
mês contra o mesmo mês do ano anterior, por exemplo,
observa-se que a evolução da produção
industrial está piorando no Brasil (–1,6%, –2,2%,
–2,7%, –1,3%, –2,9%, –3,9%, respectivamente
de setembro de 2011 a fevereiro deste ano) e, particularmente
de modo mais sensível, nos seus três principais estados
industriais. Mantendo o mesmo período de setembro de 2011
a fevereiro deste ano, a atividade industrial vem caindo fortemente
em São Paulo (–3,9%, –4,5%, –5,0%, –3,3%,
–5,4%, –6,6%), no Rio de Janeiro (0,2%, –2,0%,
–3,4%, –2,1%, –9,2%, –8,9%) e em Minas
(–5,8%, –3,6%, 2,5%, –2,8%, –2,5%, –1,1%).
Ao se comparar
a variação acumulada no primeiro bimestre deste
ano com a do último trimestre de 2011, também é
possível observar uma piora do desempenho da produção
industrial nesses três estados. Em São Paulo, passou-se
de uma taxa de –4,3% no quarto trimestre de 2011 para –6,0%
no acumulado de janeiro e fevereiro deste ano; no Rio, de –2,5%
para –9,1%; e em Minas, de –1,3% para –1,8%
– todas as taxas calculadas com relação a
igual período do ano anterior.
Vale também
observar nos dados do IBGE que a produção no Nordeste
vem melhorando e de modo contundente. No entanto, aqui também
cabe alguma ponderação, pois se sabe que, no ano
passado, a produção industrial nessa região
apresentou o pior resultado do conjunto da indústria: retração
de 4,7% (lembrando que a produção da indústria
como um todo cresceu 0,3% em 2011). O fato é que, com exceção
do ano de 2009 (o ano mais grave da crise internacional), o primeiro
bimestre deste ano é o pior bimestre da série histórica
da produção industrial no Brasil (iniciada em 2000).
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