10 de abril de 2012

Indústria Regional
A cautela com o sinal positivo de fevereiro


   

 
O crescimento de 1,3% da produção industrial em fevereiro com relação a janeiro, com ajuste sazonal, decorreu, sobretudo, do desempenho positivo das atividades industriais no Rio de Janeiro (3,7%), em Minas Gerais (3,0%) e em São Paulo (1,5%). Esse pode ser um bom sinal, mas ele deve ser interpretado com muito cuidado, pois o desempenho recente da produção industrial nesses estados não é nada favorável. No caso de São Paulo, a alta de 1,5% em fevereiro “devolve” a queda de 1,0% registrada em janeiro. Já, para o Rio, isso não ocorreu, pois a retração em janeiro foi de 6,2% (após um recuo também expressivo em dezembro de 2011, que foi de 3,4%). No caso de Minas, apesar de o crescimento de 3,0% mais que compensar a queda de 1,1% registrada em janeiro, ele não repõe a retração de 2,6% de dezembro último.

É cedo para dizer que há uma retomada da produção industrial no País a partir dos dados de fevereiro. Os números do IBGE ainda apontam para uma trajetória de retração das atividades produtivas da indústria nacional. Ao se tomar as taxas de variação de determinado mês contra o mesmo mês do ano anterior, por exemplo, observa-se que a evolução da produção industrial está piorando no Brasil (–1,6%, –2,2%, –2,7%, –1,3%, –2,9%, –3,9%, respectivamente de setembro de 2011 a fevereiro deste ano) e, particularmente de modo mais sensível, nos seus três principais estados industriais. Mantendo o mesmo período de setembro de 2011 a fevereiro deste ano, a atividade industrial vem caindo fortemente em São Paulo (–3,9%, –4,5%, –5,0%, –3,3%, –5,4%, –6,6%), no Rio de Janeiro (0,2%, –2,0%, –3,4%, –2,1%, –9,2%, –8,9%) e em Minas (–5,8%, –3,6%, 2,5%, –2,8%, –2,5%, –1,1%).

Ao se comparar a variação acumulada no primeiro bimestre deste ano com a do último trimestre de 2011, também é possível observar uma piora do desempenho da produção industrial nesses três estados. Em São Paulo, passou-se de uma taxa de –4,3% no quarto trimestre de 2011 para –6,0% no acumulado de janeiro e fevereiro deste ano; no Rio, de –2,5% para –9,1%; e em Minas, de –1,3% para –1,8% – todas as taxas calculadas com relação a igual período do ano anterior.

Vale também observar nos dados do IBGE que a produção no Nordeste vem melhorando e de modo contundente. No entanto, aqui também cabe alguma ponderação, pois se sabe que, no ano passado, a produção industrial nessa região apresentou o pior resultado do conjunto da indústria: retração de 4,7% (lembrando que a produção da indústria como um todo cresceu 0,3% em 2011). O fato é que, com exceção do ano de 2009 (o ano mais grave da crise internacional), o primeiro bimestre deste ano é o pior bimestre da série histórica da produção industrial no Brasil (iniciada em 2000).
  

 
De acordo com os dados divulgados pela Pesquisa Industrial Mensal Regional do IBGE, na passagem de janeiro para fevereiro a produção industrial avançou em sete dos catorze locais pesquisados. O Pará, com crescimento de 6,2%, apontou o avanço mais acentuado, eliminando parte da queda de 13,3% verificada em janeiro. Acompanharam tal tendência os estados do Rio de Janeiro (3,7%), Minas Gerais (3,0%), Ceará (2,5%) e São Paulo (1,5%). Com média inferior a média nacional (1,3%) os estados do Espírito Santo e região Nordeste obtiveram altas de 1,3% e 0,8%, respectivamente. Já os estados do Paraná (–7,7%), Goiás (–3,9%), Rio Grande do Sul (–3,5%), Bahia (–0,6%), Pernambuco (–0,5%), Amazonas (–0,4%) e Santa Catarina (–0,2%) apresentaram movimento contrário, isto é, apresentaram taxas de variação negativa da produção industrial na passagem de dezembro para janeiro.

Na comparação mês contra mesmo mês do ano anterior, os estados de Rio de Janeiro (–9,0%), Amazonas (–8,3%), São Paulo (–6,6%), Ceará (–6,0%) e Santa Catarina (–4,5%) registraram quedas maiores do que a média nacional (–3,9%). As demais taxas negativas foram assinaladas por Rio Grande do Sul (–2,1%), Espírito Santo (–2,0%) e Minas Gerais (–1,1%). Por outro lado, o destaque positivo foi registrado no estado da Bahia (20,1%), refletindo, em grande parte, a maior produção do setor de produtos químicos (91,4%). Também registraram resultados positivos: região Nordeste (10,6%), Goiás (7,0%), Pernambuco (6,5%), Paraná (0,5%) e Pará (0,1%).

A produção industrial acumulada entre janeiro e fevereiro apresentou queda em oito das quatorze localidades. Cinco locais recuaram acima da média nacional (–3,4%): Rio de Janeiro (–9,1%), Ceará (–6,9%), Santa Catarina (–6,3%), São Paulo (–6,0%) e Pará (–4,5%). Amazonas (–3,3%), Espírito Santo (–2,4%) e Minas Gerais (–1,8%) também completam os estados com taxa de variação negativa no primeiro bimestre do ano. Por outro lado, os estados que obtiveram alta em seu crescimento foram: Goiás (15,6%), Bahia (12,7%), Pernambuco (8,7%), região Nordeste (6,9%), Rio Grande do Sul (2,6%) e Paraná (2,6%).

A redução no ritmo de crescimento do setor industrial no índice acumulado nos últimos doze meses na passagem de janeiro para fevereiro (de –0,1% para –1,0%) refletiu a queda em 7 dos 14 locais pesquisados. Os destaques negativos da taxa anualizada em fevereiro são: Ceará (–11,4%) e em Santa Catarina (–6,4%). As positivas são: Goiás (9,3%), Paraná (5,4%) e Espírito Santo (4,5%).

 

 
Pará. Em fevereiro, frente janeiro, com dados já descontados dos efeitos sazonais, a produção industrial paraense apresentou avanço de 6,2%. No confronto com fevereiro de 2011, constatou-se avanço de 0,1%, taxa influenciada pelos setores: metalurgia básica (9,6%), celulose, papel e produtos de papel (15,9%) e alimentos e bebidas (7,7%). Em sentido oposto, aparecem os setores de: madeira (–42,4%) e indústrias extrativas (–4,9%). No acumulado no ano de 2011, a produção industrial no Pará obteve queda de 4,5%. Os setores de metalurgia básica (6,0%) e alimentos e bebidas (5,0%) destacaram-se positivamente na produção. Por outro lado, os setores de indústria extrativa (–10,2%) e madeira (–34,9%) apresentaram as maiores quedas em termos de produção.

Bahia. Em fevereiro frente janeiro, com dados já descontados dos efeitos sazonais, a produção industrial baiana apresentou recuo de 0,6%. No confronto com fevereiro de 2011, constatou-se avanço de 20,1%, taxa influenciada pelos setores: produtos químicos (91,4%), alimentos e bebidas (12,3%) e celulose, papel e produtos de papel (10,1%). Já a principal contribuição negativa foi observada pelo setor de veículos automotores (–27,2%).

Paraná. Em fevereiro com relação a janeiro, a indústria paranaense apresentou queda de 7,7%, com dados livres de efeitos sazonais. Na comparação mensal (mês/ mesmo mês do ano anterior), o estado registrou alta de 0,5%, taxa impulsionada pelos setores de edição impressão e reprodução de gravações (126,2%) e madeira (21,1%). Por outro lado, as principais contribuições negativas para a taxa mensal vieram dos setores de produtos químicos (–46,5%) e veículos automotores (–18,0%).

 

 

 

 

 

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