14 de março de 2012

Emprego Industrial
Refletindo cada vez mais o
momento adverso da produção


   

 
Três fatos pontuam o resultado do emprego industrial em janeiro de 2012. Primeiro, os números deixam evidente a equivalência entre o movimento da produção da indústria – que como se sabe, foi muito desfavorável, tendo queda de 2,1% – e o emprego, que caiu 0,3%. Embora haja a equivalência dos movimentos, a ocupação cai menos do que a produção, o que é justificado pela defasagem tradicional do emprego e também porque no contexto de baixa taxa de desemprego, especialmente da mão de obra qualificada, os empresários resistem a se desfazerem de seus quadros por perderem os investimentos em treinamento e qualificação. Em segundo lugar, o número de horas trabalhadas no início desse ano acusou queda de 0,2%, numa indicação de que o emprego, que teve queda em janeiro, deve continuar recuando no próximo mês. Usualmente, antes de reduzir seu efetivo as empresas reduzem as horas trabalhadas de sua mão de obra. A perspectiva de curto prazo, portanto, não é boa para o emprego industrial. Finalmente, no centro industrial do País, em São Paulo, onde a indústria é mais diversificada, a queda no número de pessoas ocupadas vem sendo maior do que na média brasileira. O temor é que o padrão de São Paulo se imponha para o resto do País, ampliando as demissões no setor como um todo.

Assim como ocorreu com a produção, o emprego industrial iniciou o ano de 2012 em baixa. Em janeiro último com relação a dezembro, o número de ocupados na indústria brasileira recuou 0,3% – taxa de variação calculada a partir da série com ajuste sazonal. Com esse resultado, confirma-se o processo de fechamento de postos de trabalho na indústria observado desde setembro do ano passado (na comparação mês com mês imediatamente anterior, com ajuste sazonal). O fato é que o emprego industrial está acompanhando o que vem ocorrendo na produção. Se, nos oito primeiros meses do ano passado, o número de ocupados na indústria ficou estável, a partir de setembro ele deixou de resistir à forte perda de ritmo da produção observada ao longo de 2011 e começou a cair.

Portanto, o emprego industrial também já está sendo afetado pelos fatores mais gerais que estão comprometendo a competitividade da indústria e, consequentemente, empurrando sua produção para baixo, quais sejam, o elevado custo de se produzir no País e a moeda valorizada. Observa-se também, nos dados divulgados hoje pelo IBGE, que o emprego está recuando mais fortemente em um importante centro gerador de postos de trabalho para a indústria, que é São Paulo. No Estado paulista, o emprego recua desde abril do ano passado (na comparação mês com relação a igual mês do ano anterior). De outubro até janeiro, por exemplo, a evolução do número de ocupados em São Paulo foi: –3,5%, –3,7%, –3,3% e –3,0%, nessa ordem. No Rio de Janeiro, outro centro importante para o emprego industrial, o número de ocupados ficou estagnado em dezembro (0,0%) e caiu em janeiro (–0,7%).

Em termos setoriais, no mês de janeiro deste ano com relação a janeiro de 2011, o emprego industrial caiu em nove dos dezoito segmentos da indústria pesquisados pelo IBGE. Os segmentos que mais pressionaram para baixo o emprego foram: calçados e couro (cujo número de ocupados recuou 8,6%), vestuário (–5,3%), produtos de metal (–4,9%), madeira (–11,3%), borracha e plástico (–4,8%) e têxtil (–4,5%). Por outro lado, Alimentos e bebidas (5,1%), meios de transporte (2,8%), máquinas e equipamentos (2,1%), máquinas e aparelhos eletroeletrônicos e de comunicações (2,2%) e indústrias extrativas (4,5%) exerceram os principais impactos positivos sobre o total do emprego da indústria. Vale notar que esse crescimento do emprego nas indústrias extrativas é que está, em boa medida, “segurando” o emprego em Minas Gerais, cuja taxa de variação foi de +2,5% em janeiro último frente ao mesmo mês de 2011.
 

 
Em janeiro, o total dos ocupados na indústria geral recuou 0,3% em relação ao mês anterior, a partir de dados livres dos efeitos sazonais. No confronto entre janeiro 2012 e janeiro 2011, verificou-se queda dos ocupados assalariados em 0,5%, a quarta variação negativa consecutiva. Em 2012, frente aos 12 meses de 2011, a ocupação na indústria total cresceu apenas 0,8%, e prosseguiu com a trajetória descendente iniciada em fevereiro de 2011 3,9%.

Regionalmente, na comparação com o mesmo mês do ano anterior, houve decréscimo do pessoal assalariado ocupado na indústria em oito dos quatorze locais pesquisados. O principal impacto negativo sobre a média global foi observado em São Paulo (–3,0%), seguido por Santa Catarina (–1,5%), Ceará (–2,8%) e região Nordeste (–0,4%). Por outro lado, Paraná (4,6%), Minas Gerais (2,5%), região Norte e Centro-Oeste (1,7%) e Pernambuco (4,2%) registraram as principais contribuições positivas.

No acumulado no ano, frente o mesmo período de 2011, seis locais apresentaram alta da ocupação industrial, com destaque para Paraná (4,6%), Pernambuco (4,1%). Por outro lado os estados de São Paulo (–2,9%) e Ceará (–2,7%), se destacaram negativamente.

Em termos setoriais, nove dos dezoito setores industriais pesquisados pelo IBGE assinalaram queda no número de ocupados em janeiro deste ano com relação a janeiro de 2011. Podemos destacar calçados e couro (–8,6%), vestuário (–5,3%), produtos de metal (–4,9%), madeira (–11,3%), borracha e plástico (–4,8%) e têxtil (–4,5%). Por outro lado, Alimentos e bebidas (5,1%), meios de transporte (2,8%), máquinas e equipamentos (2,1%), máquinas e aparelhos eletroeletrônicos e de comunicações (2,2%) e indústrias extrativas (4,5%) exerceram os principais impactos positivos sobre o total da indústria.

 

 
Número de Horas Pagas. O número de horas pagas na indústria, na passagem de dezembro para janeiro, voltou a apresentar resultado negativo (–0,2%) – comparação feita a partir de dados livres de efeitos sazonais. No confronto com igual mês do ano anterior, o número de horas pagas recuou 1,5% em janeiro. No acumulado dos últimos doze meses encerrados em janeiro, o número de horas pagas cresceu 0,2%, apresentando perda de ritmo nessa comparação.

Folha de Pagamento Real. Na passagem entre dezembro para janeiro de 2012, a folha de pagamento real registrou alta de 5,1%. O indicador mensal (mês/mesmo mês do ano anterior) assinalou acréscimo de 4,4%, vigésimo quinto resultado positivo consecutivo nesse tipo de comparação, com ritmo superior ao observado no último trimestre de 2011 (2,4%). O índice acumulado nos últimos 12 meses até janeiro mostrou ligeira redução na intensidade de crescimento entre dezembro/2011 (4,3%) e janeiro/2012 (4,1%).

 

 

 

 

 

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