Os números dos três grandes centros do País
– São Paulo, Minas e Rio de Janeiro - revelam que
a influência do efeito negativo da indústria automobilística
sobre o resultado industrial brasileiro no primeiro mês
de 2011 foi expressivo em função de paralisações
da produção nesse setor. Contudo, esses números
mostram ainda que outros setores vêm sendo afetados adversamente,
o que também dita um desempenho ruim para a indústria
brasileira. Em outras palavras, a indústria foi mal em
janeiro desse ano não somente devido a um desempenho especialmente
adverso do setor automobilístico, mas também porque
outras causas vêm deprimindo o setor de uma forma mais continuada
e geral. Espera-se que a produção industrial reaja
nos próximos meses, mas o elevado custo de se produzir
no País e uma moeda valorizada continuarão a reduzir
a competitividade da indústria nacional e será um
dos determinantes de seu desempenho em 2012.
A indústria
não começou 2012 com bons resultados. Como se sabe,
a produção industrial recuou 2,1% no primeiro mês
deste ano com relação a dezembro último –
com ajuste sazonal – e 3,4% se comparado com janeiro de
2011. Esse desempenho negativo reflete, sobretudo, o que está
acontecendo em destacados centros industriais do país,
como São Paulo, Rio de Janeiro e Minas Gerais, embora possa
ser visto como um movimento mais geral.
Em São
Paulo, a produção recuou 1,7% em janeiro deste ano
com relação a dezembro na série com ajuste
sazonal. Vale lembrar que, em dezembro frente a novembro, a produção
industrial paulista já havia assinalado resultado fraco,
quando ficou estagnada (0,0%). Em verdade, a trajetória
paulista é declinante há um bom tempo. Na comparação
com o mesmo mês do ano anterior, a atividade produtiva da
indústria paulista vem recuando desde setembro do ano passado:
–3,9%, –4,5%, –5,0% e –3,3%, respectivamente,
de setembro a dezembro de 2011. Em janeiro deste ano, a queda
foi ainda maior, de 6,3%, refletindo a retração
da produção em doze dos vinte segmentos industriais
pesquisados pelo IBGE em São Paulo, com destaque para a
forte retração da produção de veículos
automotores (–34,6%).
No Rio de
Janeiro, os números na margem são piores. Após
cair 3,4% em dezembro com relação a novembro, a
produção industrial fluminense retraiu ainda mais
no primeiro mês deste ano frente a dezembro: –5,9%
(ambas as taxas com ajuste sazonal). Assim como ocorre em São
Paulo, a produção no Rio vem encolhendo nos últimos
meses na comparação com o mesmo mês do ano
anterior: –2,1%, –3,5%, –2,3%, de outubro a
dezembro de 2011, e –9,2% em janeiro deste ano. Essa queda
elevada em janeiro também reflete, em grande medida, o
recuo da produção de veículos automotores
no estado fluminense, que foi muito mais acentuada (–68,2%)
que a de São Paulo, mas também é reflexo
da retração da produção em nove dos
treze segmentos industriais pesquisados no Rio pelo IBGE.
A evolução
da produção industrial no Estado mineiro não
é diferente. Após cair 3,0% em dezembro, a atividade
produtiva da indústria mineira recuou 1,3% em janeiro –
ambas as taxas calculadas com relação ao mês
imediatamente anterior a partir da série com ajuste sazonal.
Na comparação com igual mês do ano anterior,
a produção da indústria mineira vem apresentando
retração a mais tempo: –0,2%, –0,6%,
–5,8% e –3,6%, de julho a outubro, seguido de um resultado
positivo em novembro (+2,5%), para então voltar a cair
em dezembro do ano passado (–2,8%) e permanecer em queda
(–2,4%) no primeiro mês deste ano. Os principais impactos
negativos em janeiro vieram da indústria extrativa (–16,6%)
e da metalurgia (–12,4%) – vale dizer, em janeiro,
houve queda da produção em sete dos treze segmentos
industriais pesquisados em Minas Gerais pelo IBGE.
Com esse desempenho
recente, a taxa anualizada de crescimento da produção
industrial nesses três estados virou o sinal em janeiro
deste ano, ou seja, ela ficou negativa. Se, no ano passado, o
crescimento da produção industrial foi de 0,2%,
0,3% e 0,3%, respectivamente, em São Paulo, no Rio de Janeiro
e em Minas Gerais, a taxa de variação em doze meses
de janeiro deste ano ficou em –0,5%, –0,6% e –0,2%,
nessa mesma ordem para os três estados.
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