13 de março de 2012

Indústria Regional
Queda não apenas devido a veículos


   

 
Os números dos três grandes centros do País – São Paulo, Minas e Rio de Janeiro - revelam que a influência do efeito negativo da indústria automobilística sobre o resultado industrial brasileiro no primeiro mês de 2011 foi expressivo em função de paralisações da produção nesse setor. Contudo, esses números mostram ainda que outros setores vêm sendo afetados adversamente, o que também dita um desempenho ruim para a indústria brasileira. Em outras palavras, a indústria foi mal em janeiro desse ano não somente devido a um desempenho especialmente adverso do setor automobilístico, mas também porque outras causas vêm deprimindo o setor de uma forma mais continuada e geral. Espera-se que a produção industrial reaja nos próximos meses, mas o elevado custo de se produzir no País e uma moeda valorizada continuarão a reduzir a competitividade da indústria nacional e será um dos determinantes de seu desempenho em 2012.

A indústria não começou 2012 com bons resultados. Como se sabe, a produção industrial recuou 2,1% no primeiro mês deste ano com relação a dezembro último – com ajuste sazonal – e 3,4% se comparado com janeiro de 2011. Esse desempenho negativo reflete, sobretudo, o que está acontecendo em destacados centros industriais do país, como São Paulo, Rio de Janeiro e Minas Gerais, embora possa ser visto como um movimento mais geral.

Em São Paulo, a produção recuou 1,7% em janeiro deste ano com relação a dezembro na série com ajuste sazonal. Vale lembrar que, em dezembro frente a novembro, a produção industrial paulista já havia assinalado resultado fraco, quando ficou estagnada (0,0%). Em verdade, a trajetória paulista é declinante há um bom tempo. Na comparação com o mesmo mês do ano anterior, a atividade produtiva da indústria paulista vem recuando desde setembro do ano passado: –3,9%, –4,5%, –5,0% e –3,3%, respectivamente, de setembro a dezembro de 2011. Em janeiro deste ano, a queda foi ainda maior, de 6,3%, refletindo a retração da produção em doze dos vinte segmentos industriais pesquisados pelo IBGE em São Paulo, com destaque para a forte retração da produção de veículos automotores (–34,6%).

No Rio de Janeiro, os números na margem são piores. Após cair 3,4% em dezembro com relação a novembro, a produção industrial fluminense retraiu ainda mais no primeiro mês deste ano frente a dezembro: –5,9% (ambas as taxas com ajuste sazonal). Assim como ocorre em São Paulo, a produção no Rio vem encolhendo nos últimos meses na comparação com o mesmo mês do ano anterior: –2,1%, –3,5%, –2,3%, de outubro a dezembro de 2011, e –9,2% em janeiro deste ano. Essa queda elevada em janeiro também reflete, em grande medida, o recuo da produção de veículos automotores no estado fluminense, que foi muito mais acentuada (–68,2%) que a de São Paulo, mas também é reflexo da retração da produção em nove dos treze segmentos industriais pesquisados no Rio pelo IBGE.

A evolução da produção industrial no Estado mineiro não é diferente. Após cair 3,0% em dezembro, a atividade produtiva da indústria mineira recuou 1,3% em janeiro – ambas as taxas calculadas com relação ao mês imediatamente anterior a partir da série com ajuste sazonal. Na comparação com igual mês do ano anterior, a produção da indústria mineira vem apresentando retração a mais tempo: –0,2%, –0,6%, –5,8% e –3,6%, de julho a outubro, seguido de um resultado positivo em novembro (+2,5%), para então voltar a cair em dezembro do ano passado (–2,8%) e permanecer em queda (–2,4%) no primeiro mês deste ano. Os principais impactos negativos em janeiro vieram da indústria extrativa (–16,6%) e da metalurgia (–12,4%) – vale dizer, em janeiro, houve queda da produção em sete dos treze segmentos industriais pesquisados em Minas Gerais pelo IBGE.

Com esse desempenho recente, a taxa anualizada de crescimento da produção industrial nesses três estados virou o sinal em janeiro deste ano, ou seja, ela ficou negativa. Se, no ano passado, o crescimento da produção industrial foi de 0,2%, 0,3% e 0,3%, respectivamente, em São Paulo, no Rio de Janeiro e em Minas Gerais, a taxa de variação em doze meses de janeiro deste ano ficou em –0,5%, –0,6% e –0,2%, nessa mesma ordem para os três estados.

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