Diferentemente do ocorrido nos últimos anos, a produção
industrial começou 2012 em queda. O recuou foi de 2,1%
em janeiro com relação a dezembro, na série
com ajuste sazonal. A magnitude dessa retração –
a mais intensa desde dezembro de 2008 – chama a atenção.
É verdade que ela foi acentuada por fatores pontuais, como,
por exemplo, o efeito do recuo da produção de veículos
automotores decorrente de férias coletivas em muitas empresas
do setor no mês de janeiro, como assinala o próprio
IBGE. Mas, ainda assim, o sinal negativo de janeiro é certo,
já que ele reflete o recuo da produção em
grande parte das atividades produtivas da indústria, bem
como é o resultado de uma trajetória de desaceleração
da produção industrial observada desde o segundo
trimestre do ano passado.
Dos quatro
grandes setores, três apresentaram taxas negativas em janeiro.
O setor produtor de bens de capital apontou a maior queda (–16,0%)
em janeiro de 2012, seguido pelos setores de bens intermediários
(–2,9%) e de bens de consumo duráveis (–1,9%).
O setor de bens de consumo semi e não duráveis foi
o único a assinalar expansão (0,7%) no primeiro
mês deste ano com relação a dezembro de 2011.
Já, dos vinte e sete ramos produtivos pesquisados pelo
IBGE, em catorze a produção caiu em janeiro frente
a dezembro. Vale notar que a queda da produção de
bens intermediários (–2,9%) em janeiro é muito
elevada para os padrões do setor – uma queda forte
após registrar um fraquíssimo desempenho em 2011
(+0,3%). Diante disso, e somando a importância e o peso
do setor de bens intermediários no conjunto das atividades
do País, aumentam ainda mais as preocupações
com relação ao desempenho da indústria brasileira
em 2012 e, consequentemente, da economia brasileira.
Na comparação
com janeiro de 2011, os resultados também são negativos:
a produção de bens de capital caiu 13,0%, com o
grupamento de bens de capital para transportes (–26,3%)
exercendo a principal influência negativa sobre o total
do setor. No setor de bens de consumo duráveis e no de
bens intermediários, a produção recuou, respectivamente,
7,6% e 3,6% – retrações, portanto, maiores
do que a da média da indústria, que foi de –3,4%.
Novamente, os semi e não duráveis foram os únicos
a assinalar alta (1,9%). Como consequência de todos esses
resultados, a taxa anualizada da produção industrial
virou o sinal em janeiro de 2012, ficando negativa em 0,2%.
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