6 de março de 2012

PIB
O desempenho econômico em 2011: crescimento não se desperdiça


   

 
Nem crise externa nem desaceleração do mercado consumidor interno foram os principais determinantes da debilidade do crescimento econômico brasileiro em 2011, muito embora esses fatores tenham de fato entrado em cena e prejudicaram o desempenho da economia. O primeiro fator inibiu especialmente o investimento; o segundo tornou menos intenso o aumento do consumo devido às medidas de aumento de juros e de restrição do crédito adotadas pelo governo. Mas, ainda assim, o potencial de evolução do PIB no ano passado foi bem superior ao crescimento de 2,7% contabilizado pelo IBGE. O ponto central está nas importações hiper beneficiadas pelo câmbio valorizado e pelo acúmulo de custos sobre a produção no Brasil.

Consequentemente, foi grande o impacto sobre a indústria que cresceu somente 1,6%, com crescimento zero da indústria de transformação (+0,1%). Indo mal, a indústria carrega consigo outros segmentos da própria indústria e dos demais setores da economia. Daí o crescimento decepcionante. Países que lograram maior aproximação com relação a padrões de renda per capita típicas de economias desenvolvidas não se deram ao luxo de desperdiçarem oportunidades de crescimento como o dinamismo de seu mercado interno tem propiciado ao Brasil.

Os dados divulgados hoje pelo IBGE mostram que o PIB brasileiro foi perdendo ritmo ao longo de 2011. Assim, foram decrescentes as taxas de variação ao longo dos quatro trimestres de 2011 na comparação dos últimos quatro trimestres com relação aos quatro trimestres imediatamente anteriores: 6,3%, 4,9%, 3,7% e 2,7%. O mesmo é evidenciado na série que compara cada trimestre com o mesmo trimestre do ano anterior: 4,2%, 3,3%, 2,1% e 1,4%.

A expansão do PIB em 2011 resultou do crescimento de 2,5% do Valor Adicionado a preços básicos e do aumento de 4,3% dos Impostos. O aumento do Valor Adicionado, por sua vez, decorreu da expansão da Agropecuária (3,9%), dos Serviços (2,7%) e da Indústria (1,6%). No caso da Indústria, quem mais colaborou para o resultado em 2011 foram a Produção e Distribuição de Eletricidade e Gás, Água, Esgoto e Limpeza Urbana (com aumento de 3,8% de seu valor adicionado), a Construção Civil (3,6%) e a Extrativa Mineral (3,2%), já que a Indústria de Transformação, como se viu, ficou estagnada (0,1%).

Esse fraco desempenho da Indústria de Transformação e seu movimento de forte desaceleração ao longo do ano culminando com a retração registrada no quarto trimestre não deixam dúvidas sobre o momento desfavorável e preocupante pelo qual a indústria nacional passa. No quarto trimestre de 2011, comparado com o imediatamente anterior com ajuste sazonal, o valor adicionado da Indústria em geral caiu 0,5%, refletindo a fortíssima queda de 2,5% da Indústria de Transformação (a Extrativa Mineral cresceu 1,8%; a Construção Civil, 0,7% e a Produção e Distribuição de Eletricidade e Gás, Água, Esgoto e Limpeza Urbana, 0,1%). Ao se comparar com o mesmo trimestre de 2010, a retração do valor adicionado da Indústria de Transformação no quarto trimestre é ainda maior (-3,1%).

O resultado ruim da Transformação em 2011 decorreu do menor vigor da economia brasileira imposto pelas medidas macroprudenciais do Governo iniciadas já no final de 2010, bem como do fraco desempenho das principais economias do mundo, como as da Europa e a dos Estados Unidos, e do menor avanço da economia chinesa. Mas, o principal fator que levou a indústria a ter desempenho tão pífio foi a já assinalada perda de competitividade frente aos bens importados.

Outros dois destaques nos dados do IBGE também não são positivos para o País. Em primeiro lugar, a Taxa de Investimento (FBCF/PIB), apesar do aumento de 4,7%, ficou em 19,3% em 2011, abaixo da taxa registrada em 2010 (19,5%) e muito aquém da taxa estimada que seria necessária para um crescimento mais robusto do País nos próximos anos (em torno de 24%). Relacionada aos investimentos, a taxa de poupança também recuou ligeiramente em 2011 (17,2%) frente a 2010 (17,5%). Em segundo lugar, no lado externo, o avanço das Importações (9,7%) superou, uma vez mais, o das Exportações (4,5%). Esse maior ímpeto das importações, nos últimos anos, só não reverteu o saldo da balança comercial brasileira devido às exportações de commodities e de seus bons preços nos mercados externos.
 

 
Segundo dados divulgados pelo IBGE, o Produto Interno Bruto (PIB) do quarto trimestre de 2011 atingiu os R$4,14 trilhões a preços de mercado. Frente ao terceiro trimestre de 2011, o PIB brasileiro assinalou alta de 0,3%. A agropecuária (0,9%) e os serviços (0,6%) registraram aumento, enquanto a indústria caiu 0,5%.

Ótica da Oferta. Na comparação com o quarto trimestre de 2010, o valor adicionado pela Agropecuária foi o grande destaque, com o aumento de 8,4%, após alta de 6,9% no trimestre anterior. O bom desempenho da Agropecuária pode ser explicado pelo aumento da produtividade e pelo desempenho de alguns produtos da lavoura que possuem safra relevante no trimestre, como por exemplo, fumo (22,0%), mandioca (7,3%), feijão (10,9%) e laranja (2,8%).

Serviços registrou variação de 1,4% em comparação com o mesmo período do ano anterior, após crescimento 2,0%. Todas as atividades que o compõem registraram variações positivas, com destaque para: Serviços de informação 4,6% e Intermediação financeira e seguros 1,5%, Administração, saúde pública também obteve variação de 1,5%, Transporte, armazenagem e correio apresentou crescimento de 1,4%. No Comércio (atacadista e varejista) a expansão foi de 1,3%. A atividade Outros serviços cresceu 0,7%. Por fim, Serviços imobiliários e aluguel cresceram 1,3%.

No acumulado de 2011, o setor industrial foi o que apresentou a maior taxa positiva (1,6%). Esse resultado deveu-se ao desempenho da extrativa mineral (3,2%), construção civil (3,6%) e Produção e Distribuição de Eletricidade e Gás, Água, Esgoto e Limpeza Urbana (3,8%), já que a indústria de transformação ficou estagnada (0,1%).

Nos serviços (2,7%), todas as atividades registraram aumentos ao longo de 2011, com destaque para o comércio (3,4%), intermediação financeira (3,9%) e transporte, armazenagem e correio (2,8%). A Agropecuária, por sua vez, acumulou crescimento de 3,9%.

 

 
Ótica da Demanda. Na passagem do terceiro trimestre de 2011 para o quarto trimestre de 2011, com dados dessazonalizados, o PIB obteve de 0,3%. Consumo de governo e o Consumo de famílias também cresceram 0,4% e 1,1%, respectivamente. No setor externo, as exportações assinalaram alta de 1,9% e as Importações, de 2,6%.

No acumulado de 2011, todos os componentes da demanda interna registraram taxas positivas de variação. A formação Bruta de capital Fixo atingiu crescimento de 4,7%. O consumo das famílias cresceu 4,1%, seguido do consumo do governo 1,9%. No setor externo, as Importações cresceram 9,7%, alta superior à das exportações, que subiram 4,5%.

Participação no Valor Adicionado. Pela ótica da oferta, no acumulado do ano em 2011, destaca-se o setor de Serviços, com uma participação de 67%, com destaque para o subsetor de Administração e saúde públicas com 16,3%. A Agropecuária partiu de 5,3% em 2010 e atingiu 5,5% em 2011. Já o setor da indústria obteve uma queda em seu crescimento, partindo de 28,1%, atingindo 27,5%, com destaque para queda de crescimento da indústria de transformação, partindo de 16,2% em 2010 e atingindo 14,6% em 2011.

 

 

 

 

 

 

 

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