28 de fevereiro de 2012

Indústria
Em torno à indústria,
um sistema de produção


  

 
O estágio atual de declínio da indústria brasileira recomenda que seja feita uma reflexão sobre o significado da indústria e suas relações com os demais setores da economia. Todos os segmentos econômicos têm particularidades a partir das quais é possível identificar contribuições relevantes para a economia, seja na criação de empregos, na geração de divisas, dentre outros exemplos. Abaixo será tratado o tema da indústria e seus aportes ao desenvolvimento econômico.

Não é por acaso que se deu o nome de Revolução Industrial ao processo de generalização do sistema fabril. Esse processo que tem início no século XVIII, foi além de aniquilar a produção até então prevalecente porque instituiu um sistema interligado e complexo de geração de valor e de progresso técnico. Interligado porque a indústria cria novos bens e serviços, novos métodos e instrumentos e maquinas que potencializam a produção de si própria e dos demais setores. A agricultura e serviços, evidentemente, produzem tecnologia independentemente do setor industrial. O Brasil é um exemplo disso, através da Embrapa e sua enorme capacidade de inovar no campo. Mas, em geral, são os insumos e os meios de produção concebidos na indústria os responsáveis pelo progresso técnico e aumento da produtividade não só nesse setor como em toda a economia.

A indústria tem outra poderosa característica, além da geração e difusão de tecnologia. Isto porque ela é capaz de induzir, a partir de sua produção, demanda para outros setores e para si mesma. Isso tem um significado todo especial para o desenvolvimento econômico, pois implica que um dado estímulo de demanda – proveniente do investimento, consumo ou exportação – resultará em crescimento maior da renda e do emprego na condição de que a economia tenha um setor industrial relevante. Esta é outra forma de dizer que o multiplicador do gasto autônomo será tão maior quanto maior a força do setor. A indústria tem esse poder porque através de suas compras de bens e serviços intermediários, simultaneamente torna a sua produção uma produção adicional para outros segmentos industriais e para os demais setores da economia. Além disso, como para produzir é necessário em alguma medida empregar e investir mais, novos efeitos dinâmicos são desencadeados a partir daí.

Assim, a indústria define um sistema de produção. Não é por outra razão que os processos mais representativos do avanço econômico moderno passam pela industrialização. Inglaterra, a origem de tudo, França, Estados Unidos, Alemanha, Japão, Coreia e agora a China, conceberam seu desenvolvimento em torno da indústria. Primeiro, pela capacidade de difusão do dinamismo desse setor para a economia como um todo; segundo, porque aí reside a condição do maior progresso técnico. Inovar é uma decorrência da industrialização avançada, especialmente, no segmento produtor de bens de capital, bens intermediários e bens de consumo de última geração tecnológicas.

Nem todo país pode contar com setor industrial capaz de gerar esses efeitos endógenos, se a população é pequena ou a dimensão territorial é restrita. Não sendo assim, o desenvolvimento passa pela indústria. Nesses casos, as políticas macroeconômicas e as políticas de crédito, câmbio, tributação, P&D, comércio exterior, atração de investimentos e capitais estrangeiros, dentre outras, devem estar em consonância com o objetivo do avanço industrial. O Brasil, um país continental, populoso e de grande mercado interno, paradoxalmente vive um momento em que nunca foram tão favoráveis as condições internas e externas para sua reindustrialização, ao mesmo tempo em que se apresentam, como nunca antes, os perigos de uma aguda e definitiva desindustrialização. Tudo porque não há uma definição clara sobre os rumos que deverá seguir seu desenvolvimento econômico de longo prazo.

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