O fraquíssimo desempenho da produção da indústria
brasileira em 2011 (de 0,3%) refletiu, sobretudo, o que ocorreu
nos três principais parques industriais do País:
São Paulo, Rio de Janeiro e Minas Gerais. No estado paulista,
a produção industrial ficou praticamente estagnada,
ao avançar somente 0,2% em 2011. No Rio e em Minas, a situação
da indústria não foi melhor: a produção
em ambos os estados cresceu 0,3% no ano passado. Destaca-se também,
nos dados divulgados hoje pelo IBGE, a forte retração
(–4,7%) na região Nordeste em 2011, resultado do
recuo das atividades produtivas das indústrias do Ceará
(–11,7%) e Bahia (–4,4%) – a indústria
pernambucana apresentou crescimento nulo.
Os motivos
mais gerais que explicam essa evolução da indústria
brasileira em 2011 têm sido colocados por esta Análise.
A indústria não vive um momento favorável,
e o que causa maior preocupação é que ela
vem perdendo dinamismo. Para se ter uma idéia, na comparação
trimestre contra trimestre imediatamente anterior com ajuste sazonal,
a produção industrial apresentou o seguinte comportamento:
1,1%, –0,7%, –0,8% e –1,4% do primeiro ao quarto
trimestre deste ano, nessa ordem. Se tomarmos o semestre e compará-lo
com mesmo período do ano anterior, a produção
cresceu 1,7% no primeiro semestre e recuou 1,0% no segundo.
Comportamento
semelhante pode ser visto em São Paulo, Rio, Minas e em
outras localidades. No entanto, isso não significa que
a indústria nacional não tem como reagir a esse
movimento desfavorável. O que os números do IBGE
mostram é que a perda de competitividade das empresas brasileiras
devido ao Custo Brasil e ao câmbio está levando sim
a um processo de desindustrialização, o qual, se
ainda não é caracterizado por um mais evidente desaparecimento
de elos das diferentes cadeias produtivas, é marcado pelo
enfraquecimento deles, notadamente pela perda de seus mercados
internos para produtos importados. Abaixo, segue um panorama de
fechamento de ano da produção industrial nos estados
de São Paulo, Rio de Janeiro, Minas Gerais e na Região
Nordeste.
Em São
Paulo, nove dos vinte segmentos pesquisados apresentaram variação
negativa em 2011. Quem mais puxou para baixo foram os segmentos
de veículos automotores (–3,0%) e de máquinas
para escritório e equipamentos de informática (–15,6%),
devido, em grande parte, pelas quedas na produção
de automóveis; e de computadores e monitores de vídeo,
respectivamente – também exerceram influência
negativa importante os segmentos de açúcar cristal
e suco de laranja. Por outro lado, as maiores contribuições
positivas vieram da indústria farmacêutica (7,6%,
sobretudo medicamentos), do refino de petróleo e produção
de álcool (5,3%, com destaque para gasolina automotiva),
de material eletrônico, aparelhos e equipamentos de comunicações
(9,5%, sobressaindo aparelhos de comutação para
telefonia e telefones celulares) e outros equipamentos de transporte
(5,8%, notadamente aviões). Ao se comparar trimestre contra
trimestre imediatamente anterior (com ajuste sazonal), a evolução
da indústria em geral de São Paulo em 2011 foi a
seguinte: 2,7%, –1,7%, –0,8% e –4,1% do primeiro
ao quarto trimestre, nessa ordem.
No Rio de
Janeiro, a variação positiva de 0,3% em 2011 decorreu
do desempenho e do maior peso de sua indústria de transformação
(cujo crescimento foi de 2,6%), já que o setor extrativo
assinalou forte recuo de 8,7%, como resultado, sobretudo, da queda
da extração de petróleo. Com sete dos doze
segmentos assinalando variações positivas na indústria
de transformação em 2011, destacaram-se o setor
de veículos automotores (15,4%, em grande parte devido
ao aumento da produção de caminhões), outros
produtos químicos (5,8%) e metalurgia básica (3,4%,
sobretudo vergalhões de aços ao carbono). O segmento
farmacêutico, cuja produção caiu 2,9% em 2011,
foi o que mais influenciou negativamente o comportamento da indústria
fluminense, decorrente da menor fabricação de medicamentos.
Na comparação trimestre contra trimestre imediatamente
anterior (com ajuste sazonal), a evolução da indústria
do Rio em 2011 foi a seguinte: –1,0%, –1,2%, 0,7%
e –1,0% do primeiro ao quarto trimestre, respectivamente.
O crescimento
de 0,3% em Minas refletiu o avanço de sete dos treze segmentos
pesquisados pelo IBGE. Os que mais influenciaram positivamente
foram: outros produtos químicos (12,5%, inseticidas para
uso na agricultura e superfosfatos), produtos de metal (17,3%,
esquadrias de ferro e aço e cordas, cabos e artefatos semelhantes
de ferro e aço) e indústrias extrativas (1,6%, sobressaindo
minérios de ferro). Já os setores de refino de petróleo
e produção de álcool (–9,9%), máquinas
e equipamentos (–7,9%) e têxtil (–13,7%) exerceram
os principais impactos negativos na produção mineira
em 2011, devido, em grande medida, pelos recuos na produção
de óleo diesel e álcool; motoniveladores e eletroportáteis
domésticos; e tecidos de algodão em geral e fios
de algodão retorcidos, respectivamente. No caso da indústria
de total de Minas, ao se comparar trimestre contra trimestre imediatamente
anterior (com ajuste sazonal), a evolução de sua
produção em 2011 foi: 0,6%, –0,2%, –2,6%
e 1,1% do primeiro ao quarto trimestre, nessa ordem.
Na Região
Nordeste, o movimento de retração da produção
industrial é mais acentuado: sete dos onze setores pesquisados
assinalaram taxas negativas em 2011. Os principais impactos negativos
vieram dos segmentos têxtil (–24,2%), refino de petróleo
e produção de álcool (–8,2%), produtos
químicos (–5,6%) e calçados e artigos de couro
(–13,3%), em razão, como assinala o IBGE, da menor
produção de tecidos e fios de algodão; óleo
diesel e naftas para petroquímica; etileno nãosaturado,
polipropileno, policloreto de vinila e polietileno de baixa e
alta densidade; e calçados de material sintético
para uso feminino. Por outro lado, o segmento de metalurgia básica
(3,3%) foi o que mais contribuiu positivamente para a Região
Nordeste, devido, sobretudo, ao bom desempenho da produção
de óxido de alumínio e vergalhões de aços
ao carbono. No Nordeste, a evolução da indústria
total na comparação trimestre contra trimestre imediatamente
anterior (com ajuste sazonal) foi: –1,9%, 2,4%, –1,6%
e –1,9%, respectivamente, do primeiro ao quarto trimestre
de 2011.
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