7 de fevereiro de 2012

Indústria Regional
Fechamento de 2011: estagnação
no Sudeste e retração no Nordeste


   

 
O fraquíssimo desempenho da produção da indústria brasileira em 2011 (de 0,3%) refletiu, sobretudo, o que ocorreu nos três principais parques industriais do País: São Paulo, Rio de Janeiro e Minas Gerais. No estado paulista, a produção industrial ficou praticamente estagnada, ao avançar somente 0,2% em 2011. No Rio e em Minas, a situação da indústria não foi melhor: a produção em ambos os estados cresceu 0,3% no ano passado. Destaca-se também, nos dados divulgados hoje pelo IBGE, a forte retração (–4,7%) na região Nordeste em 2011, resultado do recuo das atividades produtivas das indústrias do Ceará (–11,7%) e Bahia (–4,4%) – a indústria pernambucana apresentou crescimento nulo.

Os motivos mais gerais que explicam essa evolução da indústria brasileira em 2011 têm sido colocados por esta Análise. A indústria não vive um momento favorável, e o que causa maior preocupação é que ela vem perdendo dinamismo. Para se ter uma idéia, na comparação trimestre contra trimestre imediatamente anterior com ajuste sazonal, a produção industrial apresentou o seguinte comportamento: 1,1%, –0,7%, –0,8% e –1,4% do primeiro ao quarto trimestre deste ano, nessa ordem. Se tomarmos o semestre e compará-lo com mesmo período do ano anterior, a produção cresceu 1,7% no primeiro semestre e recuou 1,0% no segundo.

Comportamento semelhante pode ser visto em São Paulo, Rio, Minas e em outras localidades. No entanto, isso não significa que a indústria nacional não tem como reagir a esse movimento desfavorável. O que os números do IBGE mostram é que a perda de competitividade das empresas brasileiras devido ao Custo Brasil e ao câmbio está levando sim a um processo de desindustrialização, o qual, se ainda não é caracterizado por um mais evidente desaparecimento de elos das diferentes cadeias produtivas, é marcado pelo enfraquecimento deles, notadamente pela perda de seus mercados internos para produtos importados. Abaixo, segue um panorama de fechamento de ano da produção industrial nos estados de São Paulo, Rio de Janeiro, Minas Gerais e na Região Nordeste.

Em São Paulo, nove dos vinte segmentos pesquisados apresentaram variação negativa em 2011. Quem mais puxou para baixo foram os segmentos de veículos automotores (–3,0%) e de máquinas para escritório e equipamentos de informática (–15,6%), devido, em grande parte, pelas quedas na produção de automóveis; e de computadores e monitores de vídeo, respectivamente – também exerceram influência negativa importante os segmentos de açúcar cristal e suco de laranja. Por outro lado, as maiores contribuições positivas vieram da indústria farmacêutica (7,6%, sobretudo medicamentos), do refino de petróleo e produção de álcool (5,3%, com destaque para gasolina automotiva), de material eletrônico, aparelhos e equipamentos de comunicações (9,5%, sobressaindo aparelhos de comutação para telefonia e telefones celulares) e outros equipamentos de transporte (5,8%, notadamente aviões). Ao se comparar trimestre contra trimestre imediatamente anterior (com ajuste sazonal), a evolução da indústria em geral de São Paulo em 2011 foi a seguinte: 2,7%, –1,7%, –0,8% e –4,1% do primeiro ao quarto trimestre, nessa ordem.

No Rio de Janeiro, a variação positiva de 0,3% em 2011 decorreu do desempenho e do maior peso de sua indústria de transformação (cujo crescimento foi de 2,6%), já que o setor extrativo assinalou forte recuo de 8,7%, como resultado, sobretudo, da queda da extração de petróleo. Com sete dos doze segmentos assinalando variações positivas na indústria de transformação em 2011, destacaram-se o setor de veículos automotores (15,4%, em grande parte devido ao aumento da produção de caminhões), outros produtos químicos (5,8%) e metalurgia básica (3,4%, sobretudo vergalhões de aços ao carbono). O segmento farmacêutico, cuja produção caiu 2,9% em 2011, foi o que mais influenciou negativamente o comportamento da indústria fluminense, decorrente da menor fabricação de medicamentos. Na comparação trimestre contra trimestre imediatamente anterior (com ajuste sazonal), a evolução da indústria do Rio em 2011 foi a seguinte: –1,0%, –1,2%, 0,7% e –1,0% do primeiro ao quarto trimestre, respectivamente.

O crescimento de 0,3% em Minas refletiu o avanço de sete dos treze segmentos pesquisados pelo IBGE. Os que mais influenciaram positivamente foram: outros produtos químicos (12,5%, inseticidas para uso na agricultura e superfosfatos), produtos de metal (17,3%, esquadrias de ferro e aço e cordas, cabos e artefatos semelhantes de ferro e aço) e indústrias extrativas (1,6%, sobressaindo minérios de ferro). Já os setores de refino de petróleo e produção de álcool (–9,9%), máquinas e equipamentos (–7,9%) e têxtil (–13,7%) exerceram os principais impactos negativos na produção mineira em 2011, devido, em grande medida, pelos recuos na produção de óleo diesel e álcool; motoniveladores e eletroportáteis domésticos; e tecidos de algodão em geral e fios de algodão retorcidos, respectivamente. No caso da indústria de total de Minas, ao se comparar trimestre contra trimestre imediatamente anterior (com ajuste sazonal), a evolução de sua produção em 2011 foi: 0,6%, –0,2%, –2,6% e 1,1% do primeiro ao quarto trimestre, nessa ordem.

Na Região Nordeste, o movimento de retração da produção industrial é mais acentuado: sete dos onze setores pesquisados assinalaram taxas negativas em 2011. Os principais impactos negativos vieram dos segmentos têxtil (–24,2%), refino de petróleo e produção de álcool (–8,2%), produtos químicos (–5,6%) e calçados e artigos de couro (–13,3%), em razão, como assinala o IBGE, da menor produção de tecidos e fios de algodão; óleo diesel e naftas para petroquímica; etileno nãosaturado, polipropileno, policloreto de vinila e polietileno de baixa e alta densidade; e calçados de material sintético para uso feminino. Por outro lado, o segmento de metalurgia básica (3,3%) foi o que mais contribuiu positivamente para a Região Nordeste, devido, sobretudo, ao bom desempenho da produção de óxido de alumínio e vergalhões de aços ao carbono. No Nordeste, a evolução da indústria total na comparação trimestre contra trimestre imediatamente anterior (com ajuste sazonal) foi: –1,9%, 2,4%, –1,6% e –1,9%, respectivamente, do primeiro ao quarto trimestre de 2011.
  

 
De acordo com a Pesquisa Industrial Mensal Regional do IBGE, na passagem de novembro para dezembro, com dados ajustados sazonalmente, a produção industrial cresceu em oito dos catorze locais pesquisados. O maior crescimento foi no Paraná (6,5%), seguido por Pará (3,3%), Rio Grande do Sul (2,3%), Pernambuco (2,1%), Amazonas (1,5%) e Santa Catarina (1,0%). Ceará (0,1%) e São Paulo (0,3%) assinalaram crescimento menor do que a média da indústria nacional (0,9%). Com recuo na produção aparecem: região Nordeste (–1,2%), Espírito Santo (–1,8%), Minas Gerais (–2,8%), Rio de Janeiro (–3,1%), Bahia (–5,2%) e Goiás (–7,0%).

Na comparação mês contra mesmo mês do ano anterior, os estados de Santa Catarina (–10,9%), Ceará (–7,4%), Bahia (–4,9%), região Nordeste (–3,7%), São Paulo (–3,2%), Minas Gerais (–2,8%) e Rio de Janeiro (–2,1%), assinalaram fortes quedas em dezembro. Por outro lado, os destaques positivos foram registrados no estado do Paraná (23,5%), Espírito Santo (7,4%), Goiás (6,6%), Pará (5,2%), Pernambuco (3,8%), Amazonas (3,6%) e Rio Grande do Sul (3,2%).

A produção industrial acumulada entre janeiro e dezembro apresentou crescimento em nove das quatorze localidades. As ampliações mais significativas no desempenho regional foram registradas pelos estados do Paraná (7,0%) e Minas Gerais (6,8%). Obteve também crescimento nessa mesma base de comparação os estados do Amazonas (4,0%), Pará (2,7%), Rio Grande do Sul (1,9%), Minas Gerais e Rio de Janeiro (0,3%) e São Paulo (0,2%). Já o estado de Pernambuco apresentou variação nula. Por outro lado, os locais que apresentaram queda foram: Ceará (–11,7%), Santa Catarina (–5,1%), Nordeste (–4,7%) e Bahia (–4,4%).

 

 
Paraná. Em dezembro, frente novembro, com dados já descontados dos efeitos sazonais, a produção industrial paranaense apresentou avanço de 6,5%. No confronto com dezembro de 2010, constatou-se avanço de 23,5%, taxa influenciada pelos setores: Veículos automotores (50,9%), edição e impressão (73,9%). Em sentido oposto, os setores de: artigos do mobiliário (–9,4%) e máquinas, aparelhos e materiais elétricos (–10,7%). No acumulado no ano de 2011, a produção industrial obteve alta de 7,0%. Os setores de: veículos automotores (29,9%) e refino de petróleo e produção de álcool (12,1%), apresentaram alta em sua produção. Por outro lado, os setores de: edição e impressão (–5,2%) e máquinas e equipamentos (–4,2%) apresentaram queda em sua produção.

Pará. A partir de dados livres de efeitos sazonais observa-se que a indústria paraense, na passagem de novembro para dezembro, registrou crescimento de 3,3%. Na comparação dezembro de 2011 contra igual mês de 2010, houve acréscimo de 5,2%, taxa influenciada pelos setores: indústria extrativa (9,0%) e alimentos e bebidas (28,4%). Por outro lado, os setores de: madeira (–45,1%) e metalurgia básica (–2,0%) apresentaram queda em sua produção. Na comparação acumulada no ano, o estado registrou crescimento de 2,7%, taxa impulsionada pelos setores de: setor extrativo (7,3%) e alimentos e bebidas (3,0%). Por outro lado, os setores que apresentaram queda foram: indústria de transformação (–1,6%) e madeira (–32,4%).

Bahia. Em dezembro, a indústria baiana apresentou queda de (5,2%), com dados livres de efeitos sazonais. Na comparação mensal (mês/ mesmo mês do ano anterior), o estado registrou queda de 4,9%, taxa impulsionada pelos setores de: refino de petróleo e produção de álcool (–24,1%), indústrias extrativas (–8,7%), veículos automotores (–15,3%) e produtos químicos (–0,3%) apresentaram queda em seu crescimento. A produção industrial no período entre janeiro e dezembro de 2011 atingiu (–4,4%), graças ao desempenho da indústria de refino de petróleo e produção de álcool (–9,6%), produtos químicos (–7,5%) e metalurgia básica (–10,7%). Por outro lado, o setor de alimentos e bebidas apresentou alta de 7,7%.

 

 

 

 

 

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