Uma pesquisa que está sendo divulgada na Carta IEDI sobre
a importância da inovação para as empresas
brasileiras ouviu 40 corporações (30 nacionais e
dez internacionais). A pesquisa sugere que gradativamente vai
ficando para trás a concepção de que a inovação
não é da "cultura" empresarial brasileira.
Deste baixo engajamento resultaria um diminuto investimento das
empresas em inovação e, consequentemente, uma fraca
posição brasileira em termos internacionais, fator
para uma produtividade deficiente e um distanciamento da competitividade
do Brasil com relação a outros países. Que
a nossa empresa deixa a desejar como produtora de inovações
e que isso enfraquece sua capacidade de concorrência em
mercados externos e também no interno, não há
dúvida.
Mas, alguma
coisa parece estar mudando na dimensão atribuída
à inovação pelas empresas. Para 58% delas
a inovação tecnológica na atualidade já
é decisiva para a sua estratégia de mercado e para
outras 42% aparece como relevante. Nenhuma empresa considera a
tecnologia como pouco relevante ou irrelevante. Ainda mais indicativo
de mudança é a percepção das empresas
em um horizonte de dez anos à frente: 80% tomam a tecnologia
como decisiva para sua estratégia de mercado e 20% consideram
relevante. Devido a isso, as empresas pretendem ampliar em muito
sua liderança tecnológica em alguma área
de sua atuação. Se atualmente 43% das empresas já
se declaram líderes em algum setor em que atuam, em dez
anos projetam um índice muito maior: 73%.
Tudo isso
é muito positivo e abre boas perspectivas em torno de um
tema tão central para o desenvolvimento brasileiro. Mas
o levantamento também mostra que ainda persistem fatores
que não contribuem para a inovação. As empresas
identificam motivações para inovar principalmente
no atendimento de necessidades dos consumidores, na busca de ampliação
de receitas, no aumento da produtividade e para a redução
de custos. A importância desses itens é alta para
70% a 75% das empresas. Porém, é baixa a relevância
atribuída à exportação e à
internacionalização como motores da inovação.
Somente 20% das empresas consideram alta a importância do
objetivo de ampliar oportunidades de exportação
como indutor da inovação e apenas 33% vêem
na internacionalização da empresa um fator destacado
para o investimento inovador.
Mais do que
a falta de cultura, a baixa inserção externa da
empresa brasileira responde pelo seu tradicional atraso. Outros
países que hoje desfrutam de maior desenvolvimento tecnológico
e mais rápido aumento de produtividade incentivaram intensamente
a exportação e a internacionalização
de suas empresas como indutores do progresso técnico. Isto
porque a concorrência em mercados do exterior, muito mais
do que a defesa do mercado interno, tem o poder de renovar e perpetuar
a necessidade das empresas de atualizar produtos, elevar a produtividade
e reduzir custos, o que as tornam prisioneiras do progresso técnico
e da inovação. O Brasil já há muito
tempo não prioriza o mercado externo em seus programas
de desenvolvimento e, com isso, tornou inevitável o relativo
atraso de suas empresas, que somente agora parece estar sendo
reduzido.
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