Um survey realizado pelo IEDI junto a 40 grandes empresas —
30 nacionais e 10 internacionais — revela um quadro bastante
interessante da compreensão acerca da inovação
por parte dos principais líderes empresariais atuantes
no país. Para 58% das empresas a inovação
tecnológica é decisiva para sua estratégia
de mercado atual, enquanto 42% consideram a inovação
como relevante. Nenhuma empresa considera a tecnologia como pouco
relevante ou irrelevante.
No horizonte de dez anos, a relevância da inovação
se acentua muito: 80% das empresas tomam a tecnologia como decisiva
para sua estratégia de mercado e 20% consideram que este
aspecto será relevante. Novamente, não há
empresa que visualize, no futuro, que a inovação
tecnológica será pouco relevante ou irrelevante.
Convém sublinhar como os executivos vêem o posicionamento
de suas empresas em termos de inovação no presente
e no horizonte de dez anos. Na situação atual prevalecem
posicionamentos mais tímidos, como o de diferenciador,
seguidor rápido (fast follower), ou de licenciador de tecnologias.
Em dez anos, na grande maioria das empresas, prevalece a visão
de ser líder em termos de inovação.
A pesquisa coloca em evidêncioa, no entanto, vários
problemas para a inovação empresarial. A quase totalidade
das lideranças consultadas afirma que suas empresas possuem
estratégias claras de inovação e que ela
está bem alinhada com a estratégia corporativa geral.
Da mesma forma, consideram forte o engajamento dos CEOs e da alta
direção das empresas com o tema inovação
e que estes dirigentes estão alinhados com esta estratégia,
o que ocorre também no plano do staff de P&D das empresas.
Mas, o mesmo não se aplica para as unidades de negócios,
para o staff intermediário e para os colaboradores em geral,
nem sempre compremetidos e alinhados com a estratégia de
inovação.
Por outro lado, o exame das capacitações declaradas
para lidar com a inovação revela um quadro ainda
preocupante. Nenhuma destas capacitações (desenvolver
soluções tecnológicas próprias, desenvolver
novos modelos de negócios, fazer parcerias para inovação
tecnológica, adquirir ou licenciar tecnologia, estabelecer
alianças com outras empresas, buscar e reter talentos,
gerenciar redes de conhecimento externas e gerenciar sistemas
de inovação aberta) aparece como sendo predominantemente
satisfatória. Prevalecem quase sempre visões de
que estas capacitações não são elevadas.
Em especial, chama atenção o fato de que são
declaradas baixas as capacitações para gerenciar
e administrar redes externas de conhecimento e inovação
aberta.
Também são poucas as empresas que declaram possuir
uma clara cultura de inovação. E merece destaque
o reconhecimento de que a difusão desta cultura é
muito pequena no conjunto da empresa e entre fornecedores e clientes.
Esta síntese, a pesquisa revela um quadro interessante:
A agenda da inovação é estratégica
para a grande maioria das empresas brasileiras e seus executivos
têm consciência de sua relevância. Há
também uma visão clara de que esta importância
será ainda maior no futuro. Mas, igualmente, há
insatisfação destes executivos com o quadro com
que se deparam, no dia a dia, em suas empresas. Ou seja, há
muitos avanços no entendimento empresarial da agenda da
inovação, mas há igualmente muitos desafios
no plano da ação concreta.