13 de janeiro de 2012

Emprego Industrial
O movimento que vem de São Paulo


   

 
Agora são três meses de retração, na margem, do emprego industrial. De acordo com dados divulgados hoje pelo IBGE, o número de ocupados na indústria brasileira caiu 0,1% em novembro, após recuos de 0,4% e 0,5% em setembro e outubro, respectivamente – todas as taxas de variação relativas ao mês imediatamente anterior com ajuste sazonal. Na comparação com igual mês de 2010, o emprego industrial também recuou em novembro (–0,5%), segunda taxa negativa e consecutiva – em outubro, a queda foi de 0,3%.

Como já se observou nesta Análise, o emprego industrial, após permanecer estagnado por um ano – de agosto de 2010 a agosto de 2011 –, começou a refletir, no último quadrimestre do ano passado, o desempenho fraco e em nítida desaceleração da produção industrial visto em praticamente todo o ano de 2011.

O cenário mais adverso e mais preocupante do emprego industrial está em São Paulo. Nesse estado, o número de ocupados caiu 3,7% em novembro de 2011 frente a igual mês de 2010, resultado das taxas negativas observadas em quinze dos dezoito setores pesquisados pelo IBGE, com destaque para os recuos do emprego nas indústrias de borracha e plástico (–11,9%), de alimentos e bebidas (–3,9%), de produtos de metal (–6,5%), de calçados de couro (–15,9%), de vestuário (–5,8%) e de metalurgia básica (–9,0%). Essa retração do emprego da indústria paulista vem ocorrendo desde abril do ano passado e, pior, ela vem aumentando: –1,6%, –2,0% e –3,5% em agosto, setembro e outubro, nessa ordem.

Por outro lado, quem vem colaborando mais para o aumento do emprego, ou ainda, quem vem contrabalançando (até quando?) a queda do emprego em São Paulo são os estados do Rio Grande do Sul, do Paraná e, em maior medida, de Minas Gerais. No acumulado do ano até novembro, o emprego industrial cresceu 3,0% em Minas (sobretudo devido ao desempenho das indústrias de Metalurgia, Fabricação de Meios de Transporte e de Máquinas e Equipamentos), uma taxa de variação bem acima da média nacional (1,1%) e em direção oposta à de São Paulo (–1,1%).

O fato é que o emprego industrial em geral deixou de resistir. E essa perda de resistência está muito atrelada aos recuos nas expectativas dos empresários industriais registrados por pesquisas da CNI e da FGV a partir, sobretudo, do segundo trimestre de 2011. O ambiente de negócios ficou menos favorável para a indústria tanto no mercado interno, dada a grande concorrência do produto importado facilitada pelo real valorizado, como no externo, devido às incertezas com relação às economias do euro e americana.

Para dezembro de 2011 e início de 2012, o emprego industrial possivelmente continuará mantendo essa tendência de queda, porque as condições que estão afetando negativamente a indústria – além do câmbio, os elevados custos de produção decorrentes das carências de infraestrutura, de fontes de financiamento de longo prazo, da alta carga tributária, etc. – ainda estão postas.
 

 
Em novembro, o emprego industrial recuou 0,1% em comparação ao mês imediatamente anterior na série livre de efeitos sazonais. Acompanhando o movimento de perda de ritmo da produção industrial, o emprego no setor registrou o terceiro recuo consecutivo. Na comparação mensal (mês/ mesmo mês do ano anterior), o contingente de trabalhadores no setor industrial atingiu decréscimo de 0,5%, a segunda taxa negativa nesta comparação. No acumulado entre janeiro e novembro de 2011 frente a igual período de 2010, o emprego fabril registrou alta de 1,1%. No acumulado nos últimos doze meses em relação a período imediatamente anterior, o emprego obteve acréscimo de 1,3%, comparativamente a 1,6% obtido em outubro.

Regionalmente, no confronto entre novembro de 2011 e novembro de 2010, o emprego industrial diminuiu em sete das quatorze regiões pesquisadas pelo IBGE. São Paulo (–3,7%) exerceu o maior impacto negativo na taxa global, seguido por Santa Catarina (–1,1%) e Ceará (–2,4%). Por outro lado, Paraná (5,3%), região Norte e Centro-Oeste (2,4%), Rio Grande do Sul (2,2%) e Minas Gerais (1,6%) apontaram as principais contribuições positivas sobre o total do pessoal ocupado.

No acumulado entre janeiro e novembro em comparação aos mesmos onze meses de 2010, dez localidades apresentaram aumento no contingente de pessoal ocupado, com destaque para Paraná (5,5%), Minas Gerais (3,0%), região Norte e Centro–Oeste (3,2%), Rio Grande do Sul (2,5%) e região Nordeste (1,5%). Por outro lado, São Paulo (–1,1%) exerceu a pressão negativa mais relevante.

Em termo setoriais, na comparação com mesmo mês do ano anterior, houve queda do emprego em onze dos dezoito ramos pesquisados pelo IBGE. Os segmentos que representaram as maiores contribuições negativas foram: calçados de couro (–8,2%), borracha e plástico (–6,4%), vestuário (–4,4%), madeira (–11,8%) e produtos de metal (–3,5%). Por outro lado, alimentos e bebidas (2,6%), meios de transporte (5,3%) e máquinas e aparelhos eletroeletrônicos de comunicações (5,6%) exerceram os principais impactos positivos sobre o total da indústria.

No acumulado no ano, o emprego industrial avançou em nove setores. As contribuições positivas mais significativas vieram de alimentos e bebidas (2,8%), meios de transporte (7,2%), máquinas e aparelhos eletroeletrônicos e de comunicações (6,2%), máquinas e equipamentos (3,8%) e outros produtos da indústria de transformação (4,3%). Em contrapartida, os ramos de papel e gráfica (–7,9%), de calçados de couro (–4,7%), de madeira (–9,2%) e de vestuário (–3,0%) responderam pelos principais impactos negativos.

 

 
Número de Horas Pagas. O número de horas pagas obteve redução de 0,2% na passagem entre outubro e novembro na série livre dos efeitos sazonais, a terceira queda consecutiva. No confronto com o mesmo mês do ano anterior, a quantidade de horas pagas aos trabalhadores assinalou decréscimo de 1,6%. Regionalmente, os maiores impactos negativos vieram de São Paulo (–4,5%), Santa Catarina (–3,2%),região Norte e Centro-Oeste (–1,0%) e Ceará (–1,8%). Em termos setoriais, a queda se deu em doze das dezoito atividades pesquisadas, com destaque para calçados e couro (–9,4%), produtos de metal (–6,2%), vestuário (–5,2%), madeira (–12,2%), têxtil (–5,4%) e borracha e plástico (–4,6%). Na comparação acumulada no ano, houve ampliação no número de horas pagas de 0,6%, enquanto nos últimos doze meses, a variação foi de 0,9%.

Folha de Pagamento Real. No mês de novembro, a folha de pagamento real na indústria apresentou alta de 0,3% em relação ao mês anterior, na série livre dos efeitos sazonais, após dois meses de reduções. Frente a novembro de 2010, o resultado mantém-se positivo (2,1%). Esse desempenho deveu-se ao acréscimo da folha de pagamento real em doze das catorze localidades e doze dos dezoito setores pesquisados. Na comparação anual, essa variável cresceu 4,3% contra igual período de 2010, enquanto nos últimos 12 meses, a variação foi positiva em 4,5%.

 

 

 

 

 

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