Mesmo depois de três taxas de variação negativas
e consecutivas ocorridas nos meses de agosto, setembro e outubro,
o crescimento positivo de 0,3% da produção industrial
em novembro – relativamente ao mês imediatamente anterior
com ajuste sazonal – não foi nada alentador. O fato
é que o desempenho da indústria em 2011 será
muito fraco, o que já pode ser visto pela sua taxa acumulada
nos onze primeiros meses, que foi de somente 0,4%, ou pela sua
taxa anualizada, que ficou em 0,6% em novembro.
Nos setores
de bens duráveis e semi e não duráveis, a
produção é negativa (–1,7% e –0,2%,
respectivamente) no período de janeiro-novembro de 2011
com relação mesmos meses de 2010. No setor de bens
intermediários, o de maior peso dentro da indústria,
o crescimento é baixo, de 0,4%. Somente a produção
do setor de bens de capital apresentou, nessa mesma comparação,
evolução favorável, ao avançar 3,6%.
Em termos
mais desagregados, observa-se que os ramos industriais mais tradicionais
continuam passando por situação bastante adversa,
em grande medida decorrente do câmbio que ficou valorizado
durante todo o ano de 2011. No ramo têxtil, a produção
é 14,7% menor no acumulado dos onze primeiros meses de
2011 do que no mesmo período de 2010; no de calçados
e artigos de couro, a produção caiu 9,7%; e no ramo
de vestuário, ela recuou 3,3%. Vale lembrar que, em 2010,
a produção nesses ramos ficara (ainda que com resultados
positivos) bem abaixo da média da indústria em geral,
ou seja, são segmentos cuja produção não
apresentava vigor e que agora vem encolhendo de modo crítico.
E se, como
dito acima, o setor de bens de capital está relativamente
melhor que os outros, isso se deve mais ao seu desempenho registrado
nos primeiros meses de 2011. Muitos segmentos produtores de bens
de capital não foram bem no terceiro trimestre do ano passado
(–13,2% na produção de bens de capital para
agricultura; –13,9% para energia; –5,3% para uso misto)
e também não iniciaram bem os dois primeiros meses
do quarto trimestre (0,5% para agricultura; –13,7% para
energia; –8,1% para uso misto; e –17,2% para construção,
todas as taxas calculadas com relação a igual trimestre
de 2010). Aqui reside uma grande preocupação, pois,
como se sabe, o setor de bens de capital representa boa parte
dos investimentos realizados na economia, e ele nos diz que os
investimentos perderam fôlego no segundo semestre de 2011,
o que poderá ter repercussão negativa nos primeiros
meses de 2012.
Quem desponta
na indústria são alguns segmentos isolados, mais
especializados – como, por exemplo, Equipamentos médico-hospitalares
e ópticos (+10,6% em 2011 até novembro) e Outros
equipamentos de transporte (+8,5%, sobretudo aviões e motos).
Para a indústria como um todo, os registros de 2011 são
ruins e o de novembro divulgado hoje pelo IBGE poderá levar
a revisões na evolução não somente
da produção industrial mas também do PIB
em 2011. Infelizmente, revisões para baixo.
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