5 de janeiro de 2012

Indústria
2011: Um binóculo invertido


  

 
Mesmo depois de três taxas de variação negativas e consecutivas ocorridas nos meses de agosto, setembro e outubro, o crescimento positivo de 0,3% da produção industrial em novembro – relativamente ao mês imediatamente anterior com ajuste sazonal – não foi nada alentador. O fato é que o desempenho da indústria em 2011 será muito fraco, o que já pode ser visto pela sua taxa acumulada nos onze primeiros meses, que foi de somente 0,4%, ou pela sua taxa anualizada, que ficou em 0,6% em novembro.

Nos setores de bens duráveis e semi e não duráveis, a produção é negativa (–1,7% e –0,2%, respectivamente) no período de janeiro-novembro de 2011 com relação mesmos meses de 2010. No setor de bens intermediários, o de maior peso dentro da indústria, o crescimento é baixo, de 0,4%. Somente a produção do setor de bens de capital apresentou, nessa mesma comparação, evolução favorável, ao avançar 3,6%.

Em termos mais desagregados, observa-se que os ramos industriais mais tradicionais continuam passando por situação bastante adversa, em grande medida decorrente do câmbio que ficou valorizado durante todo o ano de 2011. No ramo têxtil, a produção é 14,7% menor no acumulado dos onze primeiros meses de 2011 do que no mesmo período de 2010; no de calçados e artigos de couro, a produção caiu 9,7%; e no ramo de vestuário, ela recuou 3,3%. Vale lembrar que, em 2010, a produção nesses ramos ficara (ainda que com resultados positivos) bem abaixo da média da indústria em geral, ou seja, são segmentos cuja produção não apresentava vigor e que agora vem encolhendo de modo crítico.

E se, como dito acima, o setor de bens de capital está relativamente melhor que os outros, isso se deve mais ao seu desempenho registrado nos primeiros meses de 2011. Muitos segmentos produtores de bens de capital não foram bem no terceiro trimestre do ano passado (–13,2% na produção de bens de capital para agricultura; –13,9% para energia; –5,3% para uso misto) e também não iniciaram bem os dois primeiros meses do quarto trimestre (0,5% para agricultura; –13,7% para energia; –8,1% para uso misto; e –17,2% para construção, todas as taxas calculadas com relação a igual trimestre de 2010). Aqui reside uma grande preocupação, pois, como se sabe, o setor de bens de capital representa boa parte dos investimentos realizados na economia, e ele nos diz que os investimentos perderam fôlego no segundo semestre de 2011, o que poderá ter repercussão negativa nos primeiros meses de 2012.

Quem desponta na indústria são alguns segmentos isolados, mais especializados – como, por exemplo, Equipamentos médico-hospitalares e ópticos (+10,6% em 2011 até novembro) e Outros equipamentos de transporte (+8,5%, sobretudo aviões e motos). Para a indústria como um todo, os registros de 2011 são ruins e o de novembro divulgado hoje pelo IBGE poderá levar a revisões na evolução não somente da produção industrial mas também do PIB em 2011. Infelizmente, revisões para baixo.
 

 
Segundo dados do IBGE, a indústria geral assinalou em novembro um ligeiro crescimento de 0,3% frente a outubro na série com dados dessazonalizados. Frente o mesmo mês do ano anterior, a produção industrial registrou taxa negativa de 2,5%, a menor marca desde outubro de 2009 (–3,1%). No ano, a indústria geral acumulou um crescimento de 0,4%, valor bem inferior ao acumulado no mesmo período de 2010 (11,2%). No acumulado dos últimos 12 meses encerrados em novembro frente à igual período imediatamente anterior, houve alta de 0,6%, pior resultado desde abril de 2010.

Em relação ao mês imediatamente anterior, com dados já livres dos efeitos sazonais, todos os setores apresentaram alta em seus segmentos, com exceção a bens de consumo duráveis que apresentou variação negativa. Entre os segmentos que apresentaram alta em seu índice bens de consumo apresentou alta mais acentuada (2,3%) em novembro de 2011. Bens de consumo duráveis e não duráveis (2,2%), bens de capital (1,6%) e bens intermediários (0,4%). Bens de consumo duráveis (–0,9%) foi o único setor a obter queda em seu índice.

Frente novembro de 2010, todos os segmentos obtiveram queda em sua produção. A produção industrial recuou (2,5%) em novembro de 2011, terceiro resultado negativo consecutivo neste tipo de confronto e a menor marca desde outubro de 2009 (–3,1%). Entre os segmentos destacam-se negativamente os segmentos de: bens de consumo duráveis (11,5%), bens de consumo (3,4%), e bens de capital, com recuo de (2,9%).

No acumulado dos onze primeiros meses de 2011, três categorias apresentaram alta em sua produção. Entre os segmentos, bens de capital (3,6%) e bens intermediários (0,4%) registraram crescimento. Por outro lado, bens e consumo duráveis (–1,7%) e bens de consumo semiduráveis e não duráveis (–0,2%) apresentaram queda em sua produção.

 

 
A partir dos dados dessazonalizados, observou-se que dos 27 setores incluídos na pesquisa, 18 setores apresentaram nível de produção superior na passagem de outubro para novembro. Entre os setores o principal destaque negativo proveio de: máquinas e equipamentos (4,0%), recuperando parte da perda de 9,3% assinalada nos dois últimos meses. Vale citar também os impactos positivos registrados por veículos automotores (1,5%), edição e impressão (3,4%), produtos de metal (3,9%), farmacêutica (3,3%), outros produtos químicos (1,6%), vestuário (9,4%) e indústrias extrativas (1,7%). Por outro lado, entre as nove atividades que reduziram a produção, os desempenhos de maior importância para a média global foram observados em refino de petróleo e produção de álcool (–5,3%), que eliminou parte da expansão de 7,1% verificada nos últimos quatro meses de crescimento, material eletrônico, aparelhos e equipamentos de comunicações (–7,5%) e máquinas para escritório e equipamentos de informática (–8,3%).

No confronto de novembro de 2011 com novembro de 2010 os destaques negativos foram: veículos automotores (–4,2%), material eletrônico, aparelhos e equipamentos de comunicações (–15,2%), máquinas, aparelhos e materiais elétricos (–14,2%), têxtil (–13,0%), máquinas para escritório e equipamentos de informática (–14,7%), refino de petróleo e produção de álcool (–4,0%), edição e impressão (–5,3%), metalurgia básica (–3,7%) e calçados e artigos de couro (–13,7%). Entre os ramos que registraram avanço, pode-se citar o setor de indústrias extrativas (3,5%), bebidas (2,8%), produtos de metal (3,0%) e equipamentos de instrumentação médico-hospitalares, ópticos e outros (7,2%), influenciados em grande parte pelos avanços na fabricação dos itens minérios de ferro, no primeiro setor, refrigerantes, cervejas e chope, no segundo, partes e peças para bens de capital e estruturas de ferro e aço, no terceiro, e controladores lógicos programáveis no último.

No acumulado entre janeiro e novembro de 2011, 17 segmentos industriais apresentaram redução. Os impactos negativos de maior importância na formação do índice global vieram de veículos automotores (–4,2%), material eletrônico, aparelhos e equipamentos de comunicações (–15,2%), máquinas, aparelhos e materiais elétricos (–14,2%), têxtil (–13,0%), máquinas para escritório e equipamentos de informática (–14,7%), refino de petróleo e produção de álcool (–4,0%), edição e impressão (–5,3%), metalurgia básica (–3,7%) e calçados e artigos de couro (–13,7%).

 

 

 


 

 

 

 

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