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Segundo um estudo que o IEDI acaba de concluir, dentre os desafios
a serem enfrentados para que a economia brasileira logre ampliar
o investimento, dois aspectos relativos ao seu preço relativo
devem ser considerados. O primeiro reside no preço relativo
do investimento fixo estar declinando no país. Trata-se
de ponto muito favorável, pois quem se arrisca a imobilizar
seus recursos para gerar ou ampliar sua base produtiva só
o faz antevendo um retorno que lhe propicie retorno suficiente
capaz de adquirir uma cesta de consumo maior do que a que desfrutava
antes de investir. Se o preço da FBCF cai frente ao preço
dos bens e serviços finais, mais atrativo será criar
capacidade produtiva. Mais precisamente:
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No Brasil, segundo dados da ONU e tomando o ano de 1985 como
ano-base igual a 1, o preço relativo do investimento
fixo em termos do PIB tem caído: de 1,14 em 2004 para
1,05 em 2010.
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O preço relativo do investimento fixo em termos do consumo
final (consumo das famílias e consumo do governo) também
tem recuado quase que em igual grandeza.
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Todavia, comparativamente a uma seleção abrangente
de países, o preço relativo da FBCF do Brasil
em termos do PIB ficou acima do da maioria destas economias
– o preço relativo da FBCF no Brasil só
foi superado pelo da China, Indonésia e Tailândia.
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Atendo-se ao preço relativo da inversão fixa em
termos do consumo final, em 2009, o Brasil só registrou
uma razão inferior à da Tailândia e à
da Indonésia. O da China ficou menor que o do Brasil,
asseverando o efeito do preço das exportações
no deflator do PIB chinês. Logo, comparativamente, a posição
brasileira é menos cômoda do que aparenta.
Daí
cabe entrar no segundo aspecto do investimento no Brasil: seu
nível de preço (o deflator da formação
bruta) tem subido e subido mais do que noutros países.
O ponto em questão pode ser abordado pelas Penn World Tables,
base de dados que traz o nível do preço do investimento
– FBCF mais variação de estoques – em
termos do nível de preços do PIB dos EUA (PIB dos
EUA igual a 100 para todos os anos). Vale destacar pontos relevantes:
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O
nível do preço da FBCF do Brasil cresceu nos últimos
anos atingindo o ápice em 2009, de 85,5 – em 1985,
este deflator ficara em 35,4; e, no ano de 2000, foi de 48,1.
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Assim, superou o próprio preço da inversão
dos EUA (sob impacto da crise), bem como dos Tigres Asiáticos
(Coréia do Sul, Cingapura, Hong Kong e Taiwan), dos demais
BRICS – notadamente China e Índia – e mesmo
de países latino-americanos, a exemplo de Argentina,
Chile e México, ficando somente menor do que o de países
avançados, como Austrália, Canadá, Japão
e países europeus, além da Venezuela.
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Para uma multinacional ou firma brasileira internacionalizada
e apta a se instalar fora do País, o preço da
inversão é variável crucial. Não
por menos, determinados estudos já constatarem uma relação
negativa entre preço do investimento e valor adicionado
na indústria de transformação.
Em suma, o
fato é que outros países têm logrado certo
dinamismo mesmo com cenário adverso e vêm apresentando,
senão cadentes preços relativos do investimento
fixo (dados da ONU), ao menos preço do investimento abaixo
do brasileiro (conforme as PWT). Por conseguinte, não bastará
ao Brasil o mercado interno aquecido para atrair inversões
e propiciar adição nova de capital na economia.
O abastecimento do mercado consumidor brasileiro pode se processar
através pelo investimento e produção realizado
em outro país.
Cabe ainda
observar que a taxa de câmbio apreciada dos últimos
anos concorreu sobremaneira para o investimento em máquinas
e equipamentos. O erro que se pode cometer é simplesmente
achar desejável a apreciação cambial como
meio de baratear e, assim, fomentar o investimento. As políticas
produtivas, na verdade, devem se debruçar na redução
dos custos para o investimento e melhores condições
para fabricação in loco de bens de capital e instalações.
Não significa que o Brasil deva produzir toda a maquinaria
que precisa – a redução na alíquota
de importação de certos bens de capital inclusive
é uma medida acertada.
Significa,
sim, que os esforços passam pela maior oferta doméstica
de mão-de-obra qualificada – a redução
do conhecido déficit de engenheiros, por exemplo; pela
ampliação e aprimoramento em serviços de
apoio, como na área de medidas e de precisão, necessários
para a produção de bens de capital e de consumo
de maior valor agregado; sem citar a premência de se melhorar
a infraestrutura e de simplificar o sistema tributário.
Leia
aqui o texto completo desta Análise.
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