Após mais de um ano estagnado, o emprego industrial deixa
de resistir e começa a refletir o momento ruim pelo qual
passa a atividade produtiva da indústria brasileira. De
fato, se desde agosto de 2010 o número de ocupados na indústria
não crescia, vinha apresentando comportamento oscilatório
com variações em torno de zero, em setembro e outubro
deste ano ele iniciou uma trajetória descendente, com quedas
de 0,4% em ambos esses meses. Esse desempenho declinante do emprego
não aparece somente na margem. Ao se comparar com igual
mês do ano anterior, observa-se também um recuo de
0,3% do número de ocupados na indústria em outubro,
o primeiro resultado negativo desde janeiro de 2010 nessa comparação.
Esses resultados
adversos registrados para o emprego industrial no País
como um todo não deixam transparecer um comportamento mais
desfavorável e preocupante que já vem ocorrendo
há algum tempo no maior mercado de trabalho voltado para
a indústria, qual seja, o do estado de São Paulo.
Na comparação com o mesmo mês de 2010, o número
de ocupados em São Paulo apresenta taxas negativas desde
abril deste ano. Em outubro, ela chegou a –3,5%, após
cair 1,6% e 2,0% em agosto e setembro, respectivamente. Quem esta
contrabalançando esse desempenho ruim do emprego industrial
no estado paulista são as regiões Norte/Centro-oeste
e Sul, bem como Minas e, em menor medida, o Rio de Janeiro, o
qual dá claros sinais de perda de ritmo. No Nordeste, o
número de ocupados na indústria também já
apresenta recuos em setembro (–0,2%) e
outubro (–0,3%).
É de
se esperar que o comportamento do emprego industrial em São
Paulo comece a aparecer mais abertamente no cômputo nacional,
não somente devido à participação
desse estado no emprego total da indústria, mas também
em decorrência da evolução do número
de horas pagas na indústria em geral, que caiu 0,8% e 0,9%
em setembro e outubro, nessa ordem – taxas de variação
relativas ao mês imediatamente anterior com ajuste sazonal.
Como se sabe, esse é um indicador que pode ser considerado
um antecedente do comportamento do emprego industrial. Quando
ele começa a diminuir, imagina-se que as empresas estão
reduzindo, num primeiro momento, as horas extras trabalhadas,
o que pode ser sucedido, num segundo momento, pela desativação
de postos de trabalho. É possível que o ambiente
de negócios fortemente desfavorável pelo qual as
empresas industriais brasileiras estão passando rompeu,
com foi dito acima, a resistência do emprego e aquele segundo
momento já esteja vigorando.
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