9 de dezembro de 2011

Emprego Industrial
Após longa estagnação, em descenso


   

 
Após mais de um ano estagnado, o emprego industrial deixa de resistir e começa a refletir o momento ruim pelo qual passa a atividade produtiva da indústria brasileira. De fato, se desde agosto de 2010 o número de ocupados na indústria não crescia, vinha apresentando comportamento oscilatório com variações em torno de zero, em setembro e outubro deste ano ele iniciou uma trajetória descendente, com quedas de 0,4% em ambos esses meses. Esse desempenho declinante do emprego não aparece somente na margem. Ao se comparar com igual mês do ano anterior, observa-se também um recuo de 0,3% do número de ocupados na indústria em outubro, o primeiro resultado negativo desde janeiro de 2010 nessa comparação.

Esses resultados adversos registrados para o emprego industrial no País como um todo não deixam transparecer um comportamento mais desfavorável e preocupante que já vem ocorrendo há algum tempo no maior mercado de trabalho voltado para a indústria, qual seja, o do estado de São Paulo. Na comparação com o mesmo mês de 2010, o número de ocupados em São Paulo apresenta taxas negativas desde abril deste ano. Em outubro, ela chegou a –3,5%, após cair 1,6% e 2,0% em agosto e setembro, respectivamente. Quem esta contrabalançando esse desempenho ruim do emprego industrial no estado paulista são as regiões Norte/Centro-oeste e Sul, bem como Minas e, em menor medida, o Rio de Janeiro, o qual dá claros sinais de perda de ritmo. No Nordeste, o número de ocupados na indústria também já apresenta recuos em setembro (–0,2%) e
outubro (–0,3%).

É de se esperar que o comportamento do emprego industrial em São Paulo comece a aparecer mais abertamente no cômputo nacional, não somente devido à participação desse estado no emprego total da indústria, mas também em decorrência da evolução do número de horas pagas na indústria em geral, que caiu 0,8% e 0,9% em setembro e outubro, nessa ordem – taxas de variação relativas ao mês imediatamente anterior com ajuste sazonal. Como se sabe, esse é um indicador que pode ser considerado um antecedente do comportamento do emprego industrial. Quando ele começa a diminuir, imagina-se que as empresas estão reduzindo, num primeiro momento, as horas extras trabalhadas, o que pode ser sucedido, num segundo momento, pela desativação de postos de trabalho. É possível que o ambiente de negócios fortemente desfavorável pelo qual as empresas industriais brasileiras estão passando rompeu, com foi dito acima, a resistência do emprego e aquele segundo momento já esteja vigorando.
 

 
O número de empregos na indústria assinalou recuo de 0,4% na passagem de setembro para outubro, considerando a série livre de influências sazonais, o segundo resultado negativo consecutivo. Ao se comparar os meses de outubro de 2011 com o outubro de 2010, o emprego industrial apresentou queda de 0,3%, a primeira taxa negativa desde janeiro de 2010 (–0,9%). Os indicadores acumulados no ano e em 12 meses encerrados em outubro assinalaram crescimento de 1,3% e 1,6%, respectivamente.

Regionalmente, o emprego industrial decresceu em seis das 14 regiões pesquisadas pelo IBGE em outubro com relação a igual mês de 2010. O principal destaque negativo ficou por conta de São Paulo, com uma queda de 3,5%, devido ao recuo do emprego industrial em 15 dos 18 setores pesquisados no estado. Outros destaques negativos foram: Ceará (–2,9%), Espírito Santo (–1,8%) e Santa Catarina (–0,7%); por outro lado, Paraná (+6,1%) e Pernambuco (+4,4%) foram as principais pressões positivas. No acumulado de 2011, o emprego industrial apresentou tendência generalizada de crescimento (11 das 14 localidades). Destacaram-se: Paraná (5,5%), Minas Gerais (3,1%), região Norte e Centro-Oeste (3,2%), Rio Grande do Sul (2,5%) e região Nordeste (1,7%); já São Paulo (–0,9%), Ceará (–1,7%) e Espírito Santo (–0,8%) apontaram as taxas negativas.

Em termos setoriais, nove dos 18 setores industriais analisados apresentaram número de contratações inferior ao número de demissões na indústria ao longo do mês de outubro deste ano frente outubro de 2010, sendo que as principais contribuições negativas vieram de: calçados e couro (–8,6%), borracha e plástico (–6,5%), madeira (–11,1%), vestuário (–3,6%) e papel e gráfica (–4,6%). Alimentos e bebidas (2,7%), meios de transporte (6,1%), máquinas e aparelhos eletroeletrônicos e de comunicações (6,0%) e máquinas e equipamentos (2,3%) representaram os principais impactos positivos.

No ano, as principais pressões positivas foram exercidas pelos segmentos de meios de transporte (7,4%), alimentos e bebidas (2,9%), máquinas e aparelhos eletroeletrônicos e de comunicações (6,3%), máquinas e equipamentos (3,9%), outros produtos da indústria de transformação (4,6%), produtos de metal (3,3%) e metalurgia básica (5,1%). Em sentido oposto, papel e gráfica (–8,4%), calçados e couro (–4,3%), madeira (–8,9%) e vestuário (–2,8%) registraram as maiores pressões negativas.

 
Número de Horas Pagas. No mês de outubro, o número de horas pagas na indústria registrou variação negativa (–0,9%), após queda de 0,8% em setembro. Na comparação com outubro de 2010, o número de horas pagas na indústria apresentou decréscimo de 1,0%. Já no acumulado de 2011, o crescimento registrado foi de apenas 0,9%. Por fim, o índice acumulado em 12 meses passou de 1,8% em setembro para 1,4% em outubro.

Folha de Pagamento Real. Na variação de outubro frente a setembro do presente ano, a folha de pagamento real assinalou expressiva queda de 2,2%. Com relação a outubro do ano passado, a folha de pagamento real destinada aos trabalhadores na indústria apresentou crescimento de 1,4%. No ano, o crescimento foi de 4,6% e, no acumulado de doze meses até outubro, ela cresceu 5,1%.

 

 

 

 

 

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