6 de dezembro de 2011

PIB
Sem dinamismo, é hora de acelerar


   

 
Não há surpresas nos resultados das contas nacionais do terceiro trimestre divulgados hoje pelo IBGE. A trajetória de desaceleração da economia brasileira, que resultou em estagnação no terceiro trimestre deste ano, já era bem conhecida. A variação nula do PIB brasileiro no período julho-setembro decorreu, por um lado, da retração de 0,9% no valor agregado da Indústria e de 0,3% no do setor de Serviços e, por outro, do aumento de 3,2% no valor agregado da Agropecuária – todas as taxas calculados no trimestre com relação ao trimestre imediatamente anterior com ajuste sazonal. Vê-se que a Agropecuária “segurou” o PIB brasileiro e evitou que a economia apresentasse resultado negativo no terceiro trimestre deste ano – vale observar, no entanto, que esse bom desempenho da Agropecuária no terceiro trimestre sucedeu uma queda de 0,6% no segundo trimestre, único setor para o qual se registrou retração do valor agregado naquele trimestre.

E se não há surpresas, permanecem as preocupações. Dentro da Indústria, cujo valor agregado foi o que mais desacelerou ao longo do ano (de uma variação de 1,8% no primeiro trimestre, passou-se para 0,2% no segundo e, como dito acima, para uma retração de 0,9% no terceiro), observa-se que a evolução da Indústria de Transformação no terceiro trimestre foi ainda mais negativa (–1,4%). Aliás, foi o único componente da Indústria cujo valor agregado recuou, pois tanto na Extrativa Mineral (0,9%) como na Construção Civil (0,2%) ou nos Serviços Industriais de Utilidade Pública (0,8%) houve crescimento do valor agregado no terceiro trimestre.

Pela ótica da demanda, também pode ser observado o fraco desempenho da economia brasileira. O Consumo das Famílias recuou 0,1% com relação ao segundo trimestre e, nessa mesma comparação, o Consumo da Administração Pública e as Importações caíram, respectivamente, 0,7% e 0,4%. A preocupação reside justamente aí: a economia brasileira desacelerou demais e parece que comprometeu parte do seu dinamismo, o que pode ser constatado na retração dos investimentos (Formação Bruta de Capital Fixo) realizados no terceiro trimestre, cuja taxa de variação foi de –0,2%.

Há indicadores econômicos que mostram que a economia brasileira pode também ter um quarto trimestre nada favorável. É hora de acelerar e aprofundar as medidas de estimulo às atividades produtivas do País. O passo inicial deve apontar na direção de fortalecer os investimentos públicos e privados em infraestrutura e capacitação tecnológica para a competitividade. É de investimentos e seus efeitos multiplicadores de que a economia brasileira mais necessita agora, sobretudo para fazer frente a um cenário externo incerto e já bastante fraco do ponto de vista econômico.

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