|
|
Não há surpresas nos resultados das contas nacionais
do terceiro trimestre divulgados hoje pelo IBGE. A trajetória
de desaceleração da economia brasileira, que resultou
em estagnação no terceiro trimestre deste ano, já
era bem conhecida. A variação nula do PIB brasileiro
no período julho-setembro decorreu, por um lado, da retração
de 0,9% no valor agregado da Indústria e de 0,3% no do
setor de Serviços e, por outro, do aumento de 3,2% no valor
agregado da Agropecuária – todas as taxas calculados
no trimestre com relação ao trimestre imediatamente
anterior com ajuste sazonal. Vê-se que a Agropecuária
“segurou” o PIB brasileiro e evitou que a economia
apresentasse resultado negativo no terceiro trimestre deste ano
– vale observar, no entanto, que esse bom desempenho da
Agropecuária no terceiro trimestre sucedeu uma queda de
0,6% no segundo trimestre, único setor para o qual se registrou
retração do valor agregado naquele trimestre.
E se não
há surpresas, permanecem as preocupações.
Dentro da Indústria, cujo valor agregado foi o que mais
desacelerou ao longo do ano (de uma variação de
1,8% no primeiro trimestre, passou-se para 0,2% no segundo e,
como dito acima, para uma retração de 0,9% no terceiro),
observa-se que a evolução da Indústria de
Transformação no terceiro trimestre foi ainda mais
negativa (–1,4%). Aliás, foi o único componente
da Indústria cujo valor agregado recuou, pois tanto na
Extrativa Mineral (0,9%) como na Construção Civil
(0,2%) ou nos Serviços Industriais de Utilidade Pública
(0,8%) houve crescimento do valor agregado no terceiro trimestre.
Pela ótica
da demanda, também pode ser observado o fraco desempenho
da economia brasileira. O Consumo das Famílias recuou 0,1%
com relação ao segundo trimestre e, nessa mesma
comparação, o Consumo da Administração
Pública e as Importações caíram, respectivamente,
0,7% e 0,4%. A preocupação reside justamente aí:
a economia brasileira desacelerou demais e parece que comprometeu
parte do seu dinamismo, o que pode ser constatado na retração
dos investimentos (Formação Bruta de Capital Fixo)
realizados no terceiro trimestre, cuja taxa de variação
foi de –0,2%.
Há
indicadores econômicos que mostram que a economia brasileira
pode também ter um quarto trimestre nada favorável.
É hora de acelerar e aprofundar as medidas de estimulo
às atividades produtivas do País. O passo inicial
deve apontar na direção de fortalecer os investimentos
públicos e privados em infraestrutura e capacitação
tecnológica para a competitividade. É de investimentos
e seus efeitos multiplicadores de que a economia brasileira mais
necessita agora, sobretudo para fazer frente a um cenário
externo incerto e já bastante fraco do ponto de vista econômico.
|
Segundo dados divulgados pelo IBGE, o Produto Interno Bruto (PIB) do terceiro
trimestre de 2011 atingiu os R$1,05 trilhão a preços de
mercado. O índice trimestral com ajuste sazonal, por sua vez, não
assinalou crescimento frente ao trimestre imediatamente anterior. Frente
ao terceiro trimestre de 2010, o PIB brasileiro assinalou alta de 2,1%,
variação em nítida desaceleração (no
quarto trimestre de 2010, houve crescimento de 5,3%; no primeiro trimestre
de 2011, de 4,2%; no segundo trimestre, de 3,3%).
Ótica
da Oferta. Na comparação com o segundo trimestre,
com dados livres dos efeitos da sazonalidade, a Agropecuária foi
o único setor cujo valor agregado cresceu (3,2%) no terceiro trimestre;
o de Serviços caiu 0,3% e o da Indústria, 0,9%.
Em relação
ao terceiro trimestre de 2010, a Agropecuária se destacou com um
crescimento de 6,9%. Como apontado pelo IBGE, essa taxa pode ser explicada
pelo desempenho de alguns produtos da lavoura que possuem safra relevante
no terceiro trimestre e apresentaram crescimento da produtividade, como
é o caso da mandioca (estimativa de crescimento de produção
em 2011 de 7,3%), feijão (6,1%) e laranja (3,1%).
Serviços registrou
variação de 2,0% em comparação com o mesmo
período do ano anterior. Todas as atividades que o compõem
registraram variações positivas, com destaque para: Serviços
de informação 4,4%, e Intermediação financeira
e seguros 3,0%. As atividades de Transporte, armazenagem e correio e Administração,
saúde e educação pública apresentaram crescimento
de 2,1% e 2,0%, respectivamente. No Comércio (atacadista e varejista)
a expansão foi de 1,7%. A atividade Outros serviços cresceu
1,5%. Por fim, o valor agregado de Serviços imobiliários
e aluguel cresceu 1,4%.
Dentro da Indústria,
o valor agregado da Indústria de Transformação recuou
0,6% no terceiro trimestre deste ano frente a igual trimestre de 2010.
Foi o único componente da indústria que recuou nessa mesma
comparação, pois tanto nas atividades da Extrativa Mineral
(2,7%) como na Construção Civil (3,8%) ou nos Serviços
Industriais de Utilidade Pública (4,0%) houve crescimento do valor
agregado.
Ótica
da Demanda. Na passagem do segundo trimestre de 2011 para o terceiro
trimestre de 2011, com dados dessazonalizados, o PIB obteve variação
nula. O Consumo de Governo e o Consumo de Famílias também
obtiveram queda de 0,7% e 0,1%, respectivamente. No setor externo, as
exportações assinalaram alta de 1,8%, e as Importações
assinalaram queda de 0,4%.
Na comparação
com o terceiro trimestre de 2010, o Consumo das Famílias cresceu
2,8%, movimento que se repete há 32 trimestres. O consumo do governo
foi outro componente a exibir elevação (1,2%). A Formação
Bruta de Capital Fixo cresceu 2,5%. Do lado externo, as exportações
e importações apontaram decréscimo de 4,1% e 5,8%,
respectivamente.
No acumulado de 2011,
todos os componentes da demanda interna registraram taxas positivas de
variação. A formação Bruta de capital Fixo
atingiu crescimento expressivo de 5,7%. O consumo das famílias
cresceu 4,8%, seguido do consumo do governo 2,2%. No setor externo, as
Importações cresceram 11,0%, alta superior à das
exportações, que foi de 4,8%.
|
|