A indústria nacional iniciou o quarto trimestre deste ano
com resultados negativos e desalentadores. Segundo dados do IBGE,
em outubro frente a setembro, considerando os ajustes sazonais,
a produção industrial decresceu 0,6% – terceira
taxa de variação negativa consecutiva: –0,1%
em agosto e –1,9% em setembro – e, na comparação
com outubro do ano passado, ela caiu ainda mais (–2,2%).
Com esses resultados a taxa anualizada de crescimento da produção
industrial para o ano de 2011 sofreu novo recuo, ao passar de
1,6% em setembro para 1,3% em outubro.
Mais do que
uma nítida trajetória de desaceleração
de suas atividades produtivas vista desde o segundo trimestre
de 2010, a indústria começou a se retrair nesses
últimos meses e de modo generalizado. Das vinte e sete
atividades pesquisadas pelo IBGE, vinte apresentaram redução
no nível de produção industrial em outubro
com relação a setembro, na série com ajustamento
sazonal. As maiores pressões negativas vieram dos ramos
de alimentos (–5,0%), edição e impressão
(–6,7%), máquinas e equipamentos (–3,1%), material
eletrônico, aparelhos e equipamentos de comunicações
(–5,0%), fumo (–12,0%) e metalurgia básica
(–1,0%).
Em termos
mais agregados, isso também ocorreu. Em outubro frente
a setembro, com ajuste sazonal, o setor de bens de capital registrou
variação de –1,8%; o de bens de consumo semiduráveis
e não-duráveis, de –1,3%; e o de bens intermediários,
–0,5%. Somente o setor de bens de consumo duráveis
apresentou crescimento (2,4%) nessa comparação,
o que deve ser relativizado, pois sua produção havia
caído 4,3% e 8,8%, respectivamente, em agosto e setembro.
No acumulado
do ano até outubro com relação a igual período
de 2010, a indústria brasileira cresceu somente 0,7%, como
resultado do desempenho positivo de bens de capital (4,4%) e de
bens intermediários (0,5%) e da retração
em bens duráveis (–0,6%) e semi e não-duráveis
(–0,1%). O cenário da indústria não
é nada favorável e é provável que
ela termine este ano com crescimento em torno de 1,0%.
Para 2012,
as medidas anunciadas pelo governo para estimular a economia poderão
repercutir positivamente sobre a indústria, mas dificilmente
atuarão de forma a revigorar sua competitividade, pois
são modestas – ainda que bem vindas. Isso não
significa que a indústria não tem forças
para reagir, mesmo diante das incertezas geradas pela crise nos
países centrais. A manutenção dos investimentos
com a finalidade de obter maior produtividade deverá ser
a tônica das empresas brasileiras para que a indústria
em geral apresente melhores resultados em 2012. Certamente, será
um grande esforço do setor privado nacional, que somente
terá pleno retorno se o governo aprofundar suas ações
no sentido de diminuir fortemente o alto custo de se produzir
no País.
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