2 de dezembro de 2011

Indústria
Em queda e com incertezas para 2012


  

 
A indústria nacional iniciou o quarto trimestre deste ano com resultados negativos e desalentadores. Segundo dados do IBGE, em outubro frente a setembro, considerando os ajustes sazonais, a produção industrial decresceu 0,6% – terceira taxa de variação negativa consecutiva: –0,1% em agosto e –1,9% em setembro – e, na comparação com outubro do ano passado, ela caiu ainda mais (–2,2%). Com esses resultados a taxa anualizada de crescimento da produção industrial para o ano de 2011 sofreu novo recuo, ao passar de 1,6% em setembro para 1,3% em outubro.

Mais do que uma nítida trajetória de desaceleração de suas atividades produtivas vista desde o segundo trimestre de 2010, a indústria começou a se retrair nesses últimos meses e de modo generalizado. Das vinte e sete atividades pesquisadas pelo IBGE, vinte apresentaram redução no nível de produção industrial em outubro com relação a setembro, na série com ajustamento sazonal. As maiores pressões negativas vieram dos ramos de alimentos (–5,0%), edição e impressão (–6,7%), máquinas e equipamentos (–3,1%), material eletrônico, aparelhos e equipamentos de comunicações (–5,0%), fumo (–12,0%) e metalurgia básica (–1,0%).

Em termos mais agregados, isso também ocorreu. Em outubro frente a setembro, com ajuste sazonal, o setor de bens de capital registrou variação de –1,8%; o de bens de consumo semiduráveis e não-duráveis, de –1,3%; e o de bens intermediários, –0,5%. Somente o setor de bens de consumo duráveis apresentou crescimento (2,4%) nessa comparação, o que deve ser relativizado, pois sua produção havia caído 4,3% e 8,8%, respectivamente, em agosto e setembro.

No acumulado do ano até outubro com relação a igual período de 2010, a indústria brasileira cresceu somente 0,7%, como resultado do desempenho positivo de bens de capital (4,4%) e de bens intermediários (0,5%) e da retração em bens duráveis (–0,6%) e semi e não-duráveis (–0,1%). O cenário da indústria não é nada favorável e é provável que ela termine este ano com crescimento em torno de 1,0%.

Para 2012, as medidas anunciadas pelo governo para estimular a economia poderão repercutir positivamente sobre a indústria, mas dificilmente atuarão de forma a revigorar sua competitividade, pois são modestas – ainda que bem vindas. Isso não significa que a indústria não tem forças para reagir, mesmo diante das incertezas geradas pela crise nos países centrais. A manutenção dos investimentos com a finalidade de obter maior produtividade deverá ser a tônica das empresas brasileiras para que a indústria em geral apresente melhores resultados em 2012. Certamente, será um grande esforço do setor privado nacional, que somente terá pleno retorno se o governo aprofundar suas ações no sentido de diminuir fortemente o alto custo de se produzir no País.

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