22 de novembro de 2011

Indústria
Crescimento e Comércio Exterior
da Indústria, Segundo a
Intensidade Tecnológica


  

 
O crescimento de apenas 1,0% da indústria de transformação no acumulado até setembro e o desempenho mês a mês (série dessazonalizada) asseveram a desaceleração da economia e as dificuldades do setor no enfrentamento dos bens importados e na inserção internacional em meio ou à apreciação ou à oscilação em demasia da taxa de câmbio. Mesmo com o mercador interno perdendo fôlego, a desaceleração industrial antecedia o menor dinamismo das compras domésticas brasileiras. Se o Plano Brasil Maior está tentando responder a tanto, já está sendo posto à prova.

Pelo prisma da tipologia por intensidade tecnológica da indústria de transformação, adotada pela OCDE, cumpre expor alguns pontos:

  • Das quatro faixas de intensidade, alta; média-alta; média-baixa; e baixa, a mais intensiva em tecnologia foi a que mais cresceu no acumulado dos três primeiros meses, 3,8%. O segmento de média-alta intensidade cresceu menos, 1,5%, mas acima da variação lograda pela indústria de transformação como um todo.
     
  • Apesar de tanto, as balanças comerciais dos produtos típicos das indústrias de alta e de média-alta intensidade se deterioraram fortemente na comparação entre acumulados até setembro de 2011 e de 2010. De fato, o déficit dos produtos da indústria de alta intensidade cresceu para US$ 23,2 bilhões, enquanto o dos bens do segmento de média-alta saltou para US$ 38,3 bilhões. Ou seja, apesar do incremento na produção, este não acompanhou o dinamismo da demanda interna.
     
  • A produção física das atividades de média-baixa intensidade se expandiu em 1,5%. Esta faixa reflete sobremaneira os comportamentos da produção de bens metálicos (metalurgia básica e fabricação de produtos metálicos) e da fabricação de derivados do petróleo refinado, álcool e outros combustíveis. A produção de bens metálicos teve incremento de somente 1,2% no acumulado até o nono mês. Isto não impediu que a balança comercial de produtos metálicos chegasse ao superávit de US$ 6,8 bilhões. Ainda assim, tal resultado positivo não contrabalançou o déficit de produtos derivados de petróleo refinado, outros combustíveis e afins. Assim, o saldo dos bens típicos das indústrias de média-baixa intensidade ter ficado com déficit de US$ 5,6 bilhões.
     
  • O segmento menos intensivo em termos tecnológicos foi o único cuja produção declinou, queda de 0,7% em janeiro-setembro. As indústrias de alimentos, bebidas e fumo tiveram uma produção física praticamente estável frente a igual período de 2010: variação de -0,1%. As indústrias madeireiras, de papel e celulose, gráfica e afins lograram expansão de 2,5%. Ainda assim foram ambas, principalmente a produção de alimentos, que proporcionaram o superávit recorde, de US$ 31,8 bilhões dos produtos da indústria de baixa intensidade tecnológica.
     
  • Por outro lado, ainda dentro da faixa de baixa intensidade, as indústrias têxtil, do vestuário, couro e calçados sofreram forte retração no acumulado do ano, de 10,1%. Como agravante, tecidos, artigos de vestuário, calçados e afins registraram pela primeira vez déficit em janeiro-setembro pela série iniciada em 1989.

Vale notar que as atividades mais dinâmicas têm sido aquelas a registrarem déficits crescentes. Sua expansão, pelos segmentos de alta e média-alta intensidade, tem se dado em contexto específico, focada no mercado interno, mesmo com a taxa de câmbio adversa.

Porém a porosidade de suas respectivas cadeias produtivas condicionam seu poder de competir e reduzem oportunidades para a ampliação de valor adicionado em território nacional. O ingresso de importados e o baixo dinamismo das economias avançadas, reduzindo o leque de mercados importadores tendem a colocar uma pressão maior sobre os fabricantes domésticos.

Mais grave ainda está a situação da indústria têxtil, de vestuário e calçadista, intensiva em mão-de-obra. Embora hajam exemplos de superação via design e diferenciação de produtos, há casos concretos de migração para o exterior de bases produtivas, não como estratégia de internacionalização, mas como busca de sobrevivência.
 

 

 

 

 

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